sábado, 23 de maio de 2015

METER-SE EM CAMISA DE SETE VARAS, O QUE É ISTO?

Francisco Miguel de Moura*

        Procurei no “Dicionário de Expressões Correntes”, de Orlando Neves (Editorial Notícias) a expressão com que inicio este artigo e ele me remeteu para outra: “Meter-se em camisa de onze varas”. As duas expressões se equivalem, apenas uma tem mais intensidade que a outra, mas no fundo levam ao mesmo sentido: “Estar ou ver-se numa situação aflitiva, eis como se decifra na linguagem comum”. Seguindo as explicações mais detalhadas, aprendemos que, noutros tempos, chamava-se “pano de varas” a um tecido grosseiro, uma espécie de saragoça. Era deles que se faziam as vestes com que os condenados, por exemplo, no tempo da Inquisição, eram levados para o suplício. 

       E ainda tem gente que diz que não lê dicionário, apenas o consulta. Como se ele fosse o médico. Não, minha gente, essa expressão usada num sentido lato quer dizer, por exemplo, que nós, brasileiros, nos metemos em camisa de onze varas na eleição passada e noutras, como veremos. O povo brasileiro mal saiu ou estava saindo de uma Ditadura Militar e vai na conversa do PT e seus apaniguados: o Brasil se tornaria uma maravilha se distribuíssemos tudo o que tem e desse ao povo. Acontece que “quem tem pena do miserável termina ficando no lugar dele”.  Mas o PT e seus dois governos não distribuíram: deram, o que é diferente. Ou melhor, tiraram o que já tinha no orçamento e repartiram com “os mensalistas” do Mensalão, depois entram pelas portas dos Correios, nos institutos, planos de saúde e caixas de previdência; nos bancos, principalmente no BNDS (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico), cuja sigla pode ser mudada para BNDP (dos países pobres), principalmente se eles se chamam Cuba, Venezuela, Bolívia, Equador, Panamá, Uruguai e alguns da África com Moçambique, por exemplo. Na PTROBRÁS entraram com “gosto de gás”. Quem não produz não pode dar. O Brasil vai chegando breve ao subdesenvolvimento de antes, crescendo para baixo, como rabo de cavalo. E ainda há quem abra a boca pra dizer tolices como “Vocês, reacionários, não dizem que a Petrobrás está falida? No último balanço deu lucro”! E que lucro merreca, em balanço costurado com grande atraso, para uma empresa formidável como já foi a Petrobrás, é um horror!

            Quem diz assim quer “tapar o sol com a peneira”. Não contam os tantos aumentos da gasolina, todo dia, não contam também os bilhões que o Juiz, a Polícia Federal e o Ministério Público conseguiram de volta para o órgão espoliado. Pela vontade dos que estão aí “fazendo de conta que dirigem o Brasil” - como se desfalcar, gastar dinheiro à toa, aumentar a máquina administrativa, desrespeitar a lei orçamentária fosse governar?  Nunca! É termos cuidado. Alô, imprensa investigativa!  Entramos pelo cano nas últimas eleições e noutras anteriores. Na eleição que elegemos Jânio Quadros, presidente do Brasil entre 31-1-1961 e 25-8-1961: - Ele obteve a maior votação dada a um candidato a presidente até então. Seu opositor, o Mal. Teixeira Lott queria deter a marcha dos “estalinistas” no Brasil. Foi justamente aí que Jânio condecorou Che Guevara (de Cuba, já submissa ao comunismo) com a Medalha da Grã-Cruz da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, a maior comenda do país. E foi obrigado a renunciar com seis meses de gestão. Teria sido só por isto, ou por causa dos “bilhetinhos”? 

          Depois da Ditadura Militar veio o reinício democrático. Morreu Tancredo Neves, assumiu Sarney, que já vinha da Ditadura. Aí veio a tempestade do Collor. Na véspera de sua posse, Collor fez uma solicitação ao Sarney para que fosse decretado feriado bancário, aí aumentaram as especulações. Empossado numa quinta-feira, Collor anunciou o seu plano: Mudança da moeda (retorno ao cruzeiro, a moeda de então era cruzado novo – moeda do Sarney), demissão de funcionários em massa, extinção e fusão de ministérios e, entre todas, a que mais doeu: “sequestro de 80% de todos os depósitos do overnight, das contas correntes e das cadernetas de poupança que excedessem NCz$50 mil”. O plano foi anunciado no dia 16-3-1990, um dia após a posse do Collor. Diz o povo e com muita verdade que “o lugar onde doi mais é no bolso”. A nação ficou em polvorosa. O resultado de tudo, depois da insegurança e o prejuízo, para sempre, de tantas pessoas e empresas, foi a cassação do mandato do “Caçador de Marajás”.  Eu ouvi um chefe petista dizer, no mesmo dia em que foram anunciadas as medidas do Collor, que eles (o PT, Lula e companhia) estavam pensando em fazer o mesmo, se houvessem ganhado a eleição. 

          Depois veio o oásis dos Governos Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, na verdade democráticos e progressistas, e sentimos o gostinho da ordem, do progresso, da democracia, dos direitos humanos e da liberdade. 

          Mas logo na eleição seguinte, ainda embriagados do bem e da honestidade, o que fizemos? Elegemos Lula e depois Dilma, e estamos aí, “no mato sem cachorro”, com uma Ditadura do Partido dos Trabalhadores, dir-se-ia uma Ditadura Civil, mandando e desmandando em tudo, corrompendo, enfiando nos pobres, analfabetos e de boa fé, a doutrina de que é possível distribuir sem construir, haver progresso sem educação. Ela deveria ter a coragem de Jânio Quadros, imediatamente, e escrever aquele bilhetinho ao Congresso; e, em seguida, sair pelos fundos do Palácio, “para o bem do povo e a felicidade geral da Nação”.

          Quantas vezes nos metemos em camisa de onze varas, hem? E quando sairemos dela?

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*Escritor, membro da Academia Piauiense de Letras, Francisco Miguel de Moura escreve artigos que aos sábados são editados pelo jornal "ODia", Teresina, Pi. Este foi publicado hoje, 23 de maio de 2015.


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