Não quero falar nem estou falando de “Guerra e Paz”, o romance de León Tolstói, nem de Dostoiévski - este grande escritor da Rússia - autor de "Recordações da casa dos mortos" pois que passou dez anos nas prisões do seu país, acusado por crime de opinião (política, sim). Meu leitor os conhece? Bem que gostaria de falar sobre literatura, uma espécie de paz e amenidade alcançada pelo espírito dos seres humanos. No momento, outras matérias se sobrepõem: o futebol, assunto que nada entendo, e a política pré-eleições. A Copa está aí, não há quem ignore. Num desses jogos do Brasil, meu neto Franz quis vir, com o pai, assistir e torcer pelo Brasil, alegando que eu, seu avô paterno, cuidava muito bem dele. Fritz, meu filho e pai de Franz, argumentava que tinha algo mais importante a fazer do que assistir a jogo de futebol.
- Vó, vovó, convença meu pai a me deixar ir pra aí, eu gosto muito de sua casa e meu avô cuida muito bem de mim – assim falou o garoto pelo telefone.
Vieram os dois, Fritz e Franz, pai e filho. O pai resolveu deixar pra depois o que tinha de fazer. Franz é um menino tão vadio quanto foi o pai. Ai meu Deus, se me lembro! Não é que não gostasse, mas as brincadeiras dele eram demais, sem fim. E o filho saiu ao pai. Numa das brincadeiras durante o jogo, meu neto me perguntava sobre futebol, quando eu era menino, se eu gostava de jogar bola e mais uma dezena de outras perguntas. Peguei a bola dele e segurei. Minha resposta, entre mentirosa e inventada, foi a seguinte:
- Franz, seu avô não sabe jogar bola. Quando eu era pequeno e fui jogar bola, logo me decepcionei.
- Por que, vô? Por que vovô?
- Olhe, eu até quis aprender o jogo, mas quando eu chutava a bola, que é redonda, saía bem. Mas, ao se aproximar da trave do gol, ficava quadrada. Nunca consegui meter um gol, unzinho sequer.
Não sei se me entendeu. Porém, não se incomodou com minha resposta e muito menos com minhas risadas, visto que sou um mau humorista: - em lugar de esperar que a platéia ria, eu rio primeiro. Foi o que eu fiz.
Por estas e outras é que hoje tenho pouco assunto para minha crônica. Não conheço nada de jogo, muito menos de futebol. Se eu for falar sobre ele, farei com tanta ciência e sabedoria quanto à de um cego que se meta a descrever o arco-íres. É que, a esta altura, não sei se estamos numa competição futebolística, numa guerra entre nações ou o assunto mesmo é a nossa política, péssima política desde o tempo em que o Barba (Lula) e a atual presidente desmandam neste país.
Eu gostaria mesmo era de ter paz para tratar de minha literatura, ler meus livros, fazer nem que fosse uma releitura de “Guerra e Paz”, mas termino assistindo a jogos da Copa, para não ficar por fora e não parecer bobo. Pois todo mundo é só na Copa e no nacionalismo que nasce com ela, que se acaba ela: “O Brasil será o campeão, estamos na nossa casa e o nosso time é o melhor do mundo” - todo mundo falava mais ou menos isto até o jogo Brasil x Alemanha: placar 1 x 7. Aí cadê o nosso time, o nosso técnico, a nossa raça, como fala o povão? - agora pergunto. Saímos da copa sem sair de casa, isto não seria nada se a goleada não fosse tão grande. Não foi jogo de Copa do Mundo o que fizemos, foi uma peladinha entre muros de um clube social qualquer. Vergonhosamente. E foi no Mineirão, em Minas Gerais, a terra do Aécio Neves, candidato da oposição ao governo Dilma, candidata da situação. E esta é outra guerra em que já estamos e durará cerca de seis meses, quando saberemos quem foi eleito presidente (ou re-leito), quem vai governar o país desgovernado como está e já no fundo do poço em matéria de indústria, inflação, educação, saúde e segurança. A FIFA é riquíssima e trabalha para poucos. Já o governo brasileiro é responsável pelo bem de milhões de pessoas. Continuar, eles querem. Mas se houver uma reviravolta, para tomar de conta desse passivo sem ativo, vai ser difícil. Não é fácil refazer-se de um passado em que só pensaram em gastar (e mal) e enriquecerem-se por conta do erário público, aqueles que dizem que cuidam do estado. É um pessoal que gosta demais dos cofres públicos. Não estou dizendo nada, mas parecem até com os ladrões, assaltantes de bancos e com o que mais possa haver de delitos semelhantes. Assim, dinheiro para gastar nas eleições não lhes faltará. Como não faltou no caso do Barba (codinome do Lula, na Comissão da Verdade), com o mensalão e outras mumunhas. Esta guerra é mais braba ainda. Quem vencerá? Nós, o povo; ou eles, os burocratas e donos poder? Já perdemos a guerra da Copa, e feio, no jogo com a Alemanha. São essas duas guerras que estão na ordem do dia. A paz é que nunca esteve na ordem de nada. A paz é uma coisa rara. Mas existe uma afirmação de que “guerras são necessárias” porque trazem inovações, progresso. Eu, de poeta e tolo, desejo a paz, que foi o que mais Jesus Cristo pregou. E ele mudou o mundo, trazendo o mandamento do amor, quando o que existia era apenas “o dente por dente, olho por olho”. Foi assim que o Império Romano desabou e as nações que aceitaram o Cristianismo, especialmente na Europa, ergueram-se para uma paz aqui e acolá duradoura. Outros dizem “guerras sempre existiram e acontecem quando o poder e a diplomacia falham”.
No Brasil, outra guerra, porém surda, é a da droga e dos traficantes contra o povo bom e pacato que somos. Imagine-se que já fundaram até partidos, há por aí um zunzum de que colaboram com altas autoridades através verbas astronômicas para os candidatos ao governo.
Assim, o povo não tem nenhuma esperança de que ela (a guerra) acabe tão cedo e nos venha a paz. Certamente é a uma guerra civil em andamento.
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Francisco Miguel de Moura – Prosador e poeta, membro da Academia Piauiense de Letras, escreve no jornal "O DIA", Teresina - PI, aos sábados. Este artigo-crônica saiu no jornal de hoje.Meu email: franciscomigueldemoura@gmail.com
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