Luiz Fernandes da Silva*
Francisco Miguel de Moura, poeta e prosador de elevado
mérito, por isto laureado pelo jornal “Correio
de Poesia” com o título de “Embaixador da Poesia e da Cultura do Brasil”,
está mais uma vez no mundo dos livros, com o seu esplêndido “50 poemas escolhidos pelo autor”,
Editora Galo Branco, Rio, 2013.
Sua poesia é inovadora, nos encanta. Tem um sabor que
agrada a gregos e troianos, isto é, a modernos e não modernos. Escreve sonetos
maravilhosos, como poucos no Brasil de hoje. É também considerado um poeta dos
melhores no verso livre, como disse o escritor e folclorista Fontes Ibiapina,
quando apresentou á sociedade cultural do Piauí – “Areias”, a estreia do poeta, em 1966.
Miguel de Moura sabe medir com exatidão as palavras,
numa forma harmoniosa e lírica, mesmo quando traz temas pouco usados na poesia. Mas ele sabe fazer o milagre de poetizar tudo
o que passa por suas mãos, as palavras são obedientes a ele. É o que podemos
chamar de poeta fecundo e uma das vozes mais atentas que já se revelaram no
nosso século, embora tenha lançado seu primeiro livro em 1966, como foi dito.
Depois vieram outros e outros, cada qual mais importante.
Esse guerreiro do Estado do Piauí encanta o Brasil e
boa parte do mundo aonde conseguiu chegar: Portugal, Espanha, Itália, Cuba,
Coreia, Austrália e os Estados Unidos.
Ninguém melhor na poesia. A prova está nos livros que escreveu,
conseguindo edições fora do seu Estado e algumas em conjunto com outros
escritores, fora do Brasil. Também divulgador da poesia dos outros, participou
da revista “Literatura”, editada em Brasília
e depois em
Fortaleza. Publicou na revista “Vozes”, de Petrópolis - RJ, no jornal “Correio do Sul”, de Varginha – MG e, fora disto, teve artigos e
poemas publicados em Minas, Rio, São Paulo e Santa Catarina.
Voltando à forma de escrita do nosso estimado poeta,
não esqueceremos de dizer que seu estilo é bastante flexível, recebeu
influência de grandes autores como Drummond, Manuel Bandeira, Mário Faustino,
especialmente do seu conterrâneo, Da Costa e Silva. E ainda de Bilac, Raimundo
Correia, de Luiz de Camões, entre muitos outros, donde assimilou a sabedoria do
verso e a grandeza do pensamento. Mas seu estilo é muito próprio, difícil de
ser estudado. E este é um empecilho da crítica, pois, sendo um grande poeta,
ainda não teve o reconhecimento que merece daqueles que fazem mestrado e doutorado
nas universidades brasileiras. Os
críticos não gostam de poetas e escritores de vasta bibliografia. Preferem os que
têm obra mínima como Torquato Neto, Mário Faustino, e os já falecidos.
Quem observa, encontra no poeta uma energia vital que
só os privilegiados tiveram, sempre inquieto, produzindo e trabalhando sua
obra, ajuntando mais riqueza e força aos seus versos. Para ele, aposentado do
Banco do Brasil, hoje só existem três coisas consideradas dignas e sérias: a
família, os amigos e a literatura.
A riqueza crítica do nosso poeta se concentra em
centenas de artigos que os críticos, jornalistas ou não, professores ou não,
escreveram sobre ele e sua obra, que juntou em dois volumes: “Fortuna crítica de Francisco Miguel de Moura”, apresentado por José
Maria de Aguiar Ramos, Edições Cirandinha, Teresina, 2008, e “Um Canto de Amor à Terra e ao Homem”, editado
pela Universidade Federal do Piauí, 2007, em convênio com a Academia Piauiense
de Letras, na comemoração dos 90 anos dessa augusta Casa, da qual é membro-titular.
Por causa dessa riqueza crítica, onde escritores e
escritoras manifestam sua singularidade e definição de poeta genuíno que é,
ele, segundo me falou, está organizando sua “poesia completa”, porém
com o adjetivo “incompleta” - uma seleção dos seus livros editados e
de vários inéditos, com o título de “Poesia
in Completa - Livros l e 2”.
A razão do título é porque em 1997, quando completava 30 anos de poesia, a
Fundação Cultural o Piauí publicou o primeiro volume. Agora, ele reúne os dois:
o primeiro da poesia até 1997 e o segundo, da poesia até hoje, tudo junto,
chegando a um volume de 730 páginas, com prefácio da poeta e Doutora em Letras,
Rosidelma Fraga, da Universidade Goiás. O prefácio do primeiro livro, em 1997,
foi da professora e crítica literária Nely Novaes Coelho, da Universidade de São
Paulo. Lançará a seleção até janeiro de 2016, quando completa 50 anos de poesia.
Dois livros de prosa de Francisco Miguel de Moura, sucesso
no Brasil inteiro, foram: “Linguagem e
Comunicação em O. G. Rego
de Carvalho” e “O Menino quase
Perdido”, aquele de 1972 e este de 2009.
A verdade é que o poeta nasceu fadado ao triunfo, é
certeza, e amanhã será cantado em prosa e verso, como são os formidáveis poetas
de sua terra: Da Costa e Silva, Mário Faustino, H. Dobal e Torquato Neto.
_______________
*Luiz Fernandes da Silva, formado em Administração e Psicologia, pela
Universidade Federal da Paraíba. Poeta, jornalista e divulgador da poesia
brasileira. Edita e distribui o jornal alternativo “Correio de Poesia”, João Pessoa
- PB.
Nenhum comentário:
Postar um comentário