Divaneide Carvalho*
Tradutora
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QUERENÇAS
Quero ter a vaidade dos caminhos:
– dão passagem mas pouco dão abrigo.
Quero ter o orgulho do tufão,
Quero ter a tristeza do jazigo.
Quero sentir da tarde a lassidão
e a solidão da noite no deserto,
das pobrezinhas flores – o perfume,
como as nuvens – ficar no céu aberto.
Quero ter emoções de amor secreto,
sentir como se sente uma paixão,
pra cantar glórias e chorar amores.
Quero viver do ideal concreto,
quero arrancar de mim o coração,
incapaz de conter todas as dores.
QUERENCIAS
Quiero tener la vanidad de los caminos:
― dan pasaje mas poco dan abrigo.
Quiero tener el orgullo del tornado,
quiero tener la tristeza del sepulcro.
Quiero sentir de la tarde la lasitud
y la soledad de la noche en el desierto,
de las pobrecitas flores ― el perfume,
como las nubes ― quedar a cielo abierto.
Quiero tener emociones de amor secreto,
sentir como se siente una pasión,
para cantar glorias y llorar amores.
Quiero vivir del ideal concreto,
quiero arrancar de mí el corazón,
incapaz de contener todos los dolores.
FELICIDADE
Felicidade, às vezes, é uma coisa triste,
foge de nós qual no relógio os ponteiros,
ou como as flores, soberanas, nos canteiros,
não sabemos se foi, se é, ou porque existe.
Por que mais se vivendo, a gente não persiste
em gozar os momentos propícios, inteiros,
quando sabemos que nos esperam, traiçoeiros,
os arranhões da vida, a noite de arma em riste?
Deus, o’ Deus do ardiloso mundo que nos deste,
poderias tão bem nos ter mostrado o leste,
livrando-nos, em paz, tranquilos, do perigo!
Mas mesmo como és, louvo a generosidade
de fazer-me feliz, quando a felicidade
está no coração de quem anda comigo.
FELICIDAD
Felicidad, a veces, es una cosa triste,
huye de nosotros como en el reloj las agujas,
o como las flores, soberanas, en los canteros,
no sabemos si fue, si es o por qué existe.
¿Por qué más viviéndose, uno no persiste
en gozar los momentos propicios, enteros,
cuando sabemos que nos esperan, traicioneros,
los arañazos de la vida, la noche de arma en ristre?
¡Dios, oh, Dios del astuto mundo que nos diste,
podrías tan bien habernos mostrado el este,
librándonos, en paz, tranquilos, del peligro!
Mas igualmente como eres, exalto la generosidad
de hacerme feliz, cuando la felicidad
está en el corazón de quien anda conmigo.
ESPERA-ESFERA
Esperar... A virtude não se altera.
Esperando se perde, mas se alcança.
Se a vida toda é um círculo de espera,
não fiquemos aquém de uma esperança.
Eis a forma cabal: tanto se avança
quanto mais se esperar. Ah, quem nos dera!
E nessa rítmica e terrível dança
compomos, recompomos nossa esfera.
Não cantemos perdidas esperanças,
esses desgastes ficam nas andanças
das estrelas – excêntricas e feras.
Alma sedenta, em que te desalteras?
Mourejando no amor de tantas eras,
cultiva o bem e espera as esperanças.
ESPERA-ESFERA
Esperar... La virtud no se altera.
Esperando se pierde mas se alcanza.
Si toda la vida es un círculo de espera,
no quedemos aquende una esperanza.
Aquí está lo cabal: más se avanza
cuanto más se esperar. ¡Ah, quién tuviera!
Y en esa rítmica y terrible danza
componemos, recomponemos nuestra esfera.
No cantemos perdidas esperanzas,
esos desgastes quedan en las andanzas
de las estrellas ― excéntricas y fieras.
Alma sedienta, ¿ en qué te desalteras?
Trabajando en el amor de tantas eras,
cultiva el bien y espera las esperanzas.
AMOR Á MINUTA
Saí, saíste só, nos encontramos
num mesmo ponto não determinado.
Foi num lugar feliz. Por que paramos?
Que novo mundo ali fora criado?
Vi teus cabelos desassossegados
como os teus olhos, como os nossos olhos.
Amor tão mudo, em corações alados,
era, decerto, o anúncio dos abrolhos.
Foste embora, com pouco... E eu saí.
Partiu-se em mim a vida, de tal modo
que ainda agora penso que te ouvi...
A voz do amor... E no ouvido trago-a,
e dentro em mim um firmamento todo
e todo um abismo para conter mágoa.
AMOR A LA MINUTA
Quero ter a vaidade dos caminhos:
– dão passagem mas pouco dão abrigo.
Quero ter o orgulho do tufão,
Quero ter a tristeza do jazigo.
Quero sentir da tarde a lassidão
e a solidão da noite no deserto,
das pobrezinhas flores – o perfume,
como as nuvens – ficar no céu aberto.
Quero ter emoções de amor secreto,
sentir como se sente uma paixão,
pra cantar glórias e chorar amores.
Quero viver do ideal concreto,
quero arrancar de mim o coração,
incapaz de conter todas as dores.
QUERENCIAS
Quiero tener la vanidad de los caminos:
― dan pasaje mas poco dan abrigo.
Quiero tener el orgullo del tornado,
quiero tener la tristeza del sepulcro.
Quiero sentir de la tarde la lasitud
y la soledad de la noche en el desierto,
de las pobrecitas flores ― el perfume,
como las nubes ― quedar a cielo abierto.
Quiero tener emociones de amor secreto,
sentir como se siente una pasión,
para cantar glorias y llorar amores.
Quiero vivir del ideal concreto,
quiero arrancar de mí el corazón,
incapaz de contener todos los dolores.
FELICIDADE
Felicidade, às vezes, é uma coisa triste,
foge de nós qual no relógio os ponteiros,
ou como as flores, soberanas, nos canteiros,
não sabemos se foi, se é, ou porque existe.
Por que mais se vivendo, a gente não persiste
em gozar os momentos propícios, inteiros,
quando sabemos que nos esperam, traiçoeiros,
os arranhões da vida, a noite de arma em riste?
Deus, o’ Deus do ardiloso mundo que nos deste,
poderias tão bem nos ter mostrado o leste,
livrando-nos, em paz, tranquilos, do perigo!
Mas mesmo como és, louvo a generosidade
de fazer-me feliz, quando a felicidade
está no coração de quem anda comigo.
FELICIDAD
Felicidad, a veces, es una cosa triste,
huye de nosotros como en el reloj las agujas,
o como las flores, soberanas, en los canteros,
no sabemos si fue, si es o por qué existe.
¿Por qué más viviéndose, uno no persiste
en gozar los momentos propicios, enteros,
cuando sabemos que nos esperan, traicioneros,
los arañazos de la vida, la noche de arma en ristre?
¡Dios, oh, Dios del astuto mundo que nos diste,
podrías tan bien habernos mostrado el este,
librándonos, en paz, tranquilos, del peligro!
Mas igualmente como eres, exalto la generosidad
de hacerme feliz, cuando la felicidad
está en el corazón de quien anda conmigo.
ESPERA-ESFERA
Esperar... A virtude não se altera.
Esperando se perde, mas se alcança.
Se a vida toda é um círculo de espera,
não fiquemos aquém de uma esperança.
Eis a forma cabal: tanto se avança
quanto mais se esperar. Ah, quem nos dera!
E nessa rítmica e terrível dança
compomos, recompomos nossa esfera.
Não cantemos perdidas esperanças,
esses desgastes ficam nas andanças
das estrelas – excêntricas e feras.
Alma sedenta, em que te desalteras?
Mourejando no amor de tantas eras,
cultiva o bem e espera as esperanças.
ESPERA-ESFERA
Esperar... La virtud no se altera.
Esperando se pierde mas se alcanza.
Si toda la vida es un círculo de espera,
no quedemos aquende una esperanza.
Aquí está lo cabal: más se avanza
cuanto más se esperar. ¡Ah, quién tuviera!
Y en esa rítmica y terrible danza
componemos, recomponemos nuestra esfera.
No cantemos perdidas esperanzas,
esos desgastes quedan en las andanzas
de las estrellas ― excéntricas y fieras.
Alma sedienta, ¿ en qué te desalteras?
Trabajando en el amor de tantas eras,
cultiva el bien y espera las esperanzas.
AMOR Á MINUTA
Saí, saíste só, nos encontramos
num mesmo ponto não determinado.
Foi num lugar feliz. Por que paramos?
Que novo mundo ali fora criado?
Vi teus cabelos desassossegados
como os teus olhos, como os nossos olhos.
Amor tão mudo, em corações alados,
era, decerto, o anúncio dos abrolhos.
Foste embora, com pouco... E eu saí.
Partiu-se em mim a vida, de tal modo
que ainda agora penso que te ouvi...
A voz do amor... E no ouvido trago-a,
e dentro em mim um firmamento todo
e todo um abismo para conter mágoa.
AMOR A LA MINUTA
Salí, saliste sola, nos encontramos
en un mismo punto no determinado.
Fue en un lugar feliz.¿Por qué paramos?
¿Qué nuevo mundo allí había sido creado?
Vi tus cabellos desasosegados
como tus ojos, como nuestros ojos.
Amor tan mudo, en corazones alados
era, ciertamente, el anuncio de los abrojos.
Te fuiste, con poco...Y yo salí.
Se partió en mí la vida, de tal modo
que aún ahora pienso que te oí....
La voz del amor...Y en el oído la traigo,
y dentro de mí un firmamento todo
y un abismo para contener la amargura.
___________________________
en un mismo punto no determinado.
Fue en un lugar feliz.¿Por qué paramos?
¿Qué nuevo mundo allí había sido creado?
Vi tus cabellos desasosegados
como tus ojos, como nuestros ojos.
Amor tan mudo, en corazones alados
era, ciertamente, el anuncio de los abrojos.
Te fuiste, con poco...Y yo salí.
Se partió en mí la vida, de tal modo
que aún ahora pienso que te oí....
La voz del amor...Y en el oído la traigo,
y dentro de mí un firmamento todo
y un abismo para contener la amargura.
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*Francisco Miguel de Moura, poeta e prosador, com mais de 30 livros publicados, mora em
Teresina, PI.
** Divaneide Carvalho é professora com mestrado em espanhol, poetisa (um livro publicado).
Mora em Teresina - PI
3 comentários:
Parabéns!!! Visitar seu Blog é entra em contato com um lirismo fascinante. Belos poemas, onde a gente encontra calor e vida!!
Continue produzindo com alegria e fé, sem pretender. Pois mesmo que não perceba ou receba retorno ou comentários sua arte acalenta muitos corações. Deus lhe abençoe!!!
Haydée Ferreira
Obriga, Haydée, pelo incentivo. Em
2016 eu pretendo lançar uma seleção de toda minha obra poética. Você está convidada para o lançamento.Será a festa dos meus 50 anos de poesia - meu primeiro livro foi lançado em 1966.
abraços do poeta
francisco miguel de moura
Poeta... que maravilhosos poemas li aqui nessa tarde de sábado. Que bom ter contato com sua poesia. Uma leitura prazerosa que me trouxe uma calma, uma sensação tão boa...
Obrigada pela visita e poema que me deixou. Adorei. Abraços
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