"Oh! Bendito o que semeia
Livros, livros à mão-cheia...
E manda o povo pensar!"
Castro Alves
Francisco Miguel de Moura*
O título acima lembra os versos do célebre poeta Castro Alves, tirados do poema “O Livro e a América”: Oh! Bendito o que semeia / Livros, livros à mão-cheia.../ E manda o povo pensar! / O livro caindo n’alma / É gérmen – que faz a palma, / É chuva – que faz o mar.”
Com estes versos, mais a coragem e a cara, proponho aos habitantes da cidade de Francisco Santos – PI que vejam a possibilidade de criar sua biblioteca pública. Não se admite, hoje em dia, a existência de uma comunidade de cerca de 10 mil habitantes que não possua uma biblioteca para as pesquisas, o estudo e a leitura necessários. E para o lazer que a literatura proporciona. Não obstante vivermos na era digital. Acontece que nem todo mundo está ligado à internet, por uma série de problemas, e, mesmo que 100% dos seus habitantes tivessem acesso ao computador, ainda assim a biblioteca seria (e é) necessária. Quantas bibliotecas possui a capital e as grandes cidades? Assim, os francisco-santenses devem pedir, solicitar, requerer, como for melhor, a criação de sua biblioteca, ao poderes públicos. E não é coisa difícil não, gente. Basta falar com o prefeito e com os vereadores reunidos na Câmara Municipal, onde devem aprovar uma lei criando a Biblioteca que terá o nome de um escritor ou intelectual nascido em Francisco Santos. Sugiro o nome de “Biblioteca Miguel Borges de Moura – Guarani”.
Falemos, agora, nos livros. Minha biblioteca particular vai ser desfeita brevemente, por razões pessoais que posso expô-las noutra noutra oportunidade. Já doei cerca de 400 volumes à Biblioteca do Conselho Estadual de Cultura – Teresina. Deixa que eu ainda possuo aproximadamente 1.000 a 1.500 livros para doação. Poderia doar esses livros todos para a Biblioteca de Santo Antônio de Lisboa – PI, uma vez que o responsável por ela já me pediu. Porém, me dói na alma, sendo filho legítimo de Francisco Santos, PI, do tempo em que ainda se chamava Jenipapeiro, deixar minha terra privada desse importante acervo litero-cultural.
Cícero, pensador romano, disse certa vez: “Uma casa sem biblioteca é como um corpo sem alma.” Nossa casa maior, Francisco Santos, não pode nem deve ficar sem esse altar ao saber que é a biblioteca. “Tudo o que existiu e existe no mundo está no livro, nas bibliotecas”. Este pensamento, embora não ipsis literis, é de um filósofo francês, cujo nome minha memória fez-me o desfavor de esquecer.
Mas há também o mais importe, porque de um escritor brasileiro e nosso editor pioneiro, homem de pensamento e ação, o grande Monteiro Lobato: “Um país se faz com homens e livros.” Pronto basta de citações. De filosofias. Vamos à ação. Vou entrar em contato com algumas pessoas ligadas a mim, residentes em Francisco Santos, para que preparem o caminho. Brevemente estarei indo lá, onde moram minha irmã, meu tio, muitos sobrinhos, primos, primas e outros parentes, quando então vamos agenciar entrevistas com o prefeito e com os vereadores, com as pessoas mais importantes culturalmente, de modo especial professores, diretores de colégio, intelectuais e artistas, com esperança de que este nosso projeto vingue. Pretendo, ademais, que ele não seja uma coisa isolada. Isto é, que muitas outras cidades próximas ou distantes de minha terra sigam o exemplo. Não é de hoje que promovo o assunto biblioteca. Muitas de minhas proposições no Conselho Estadual de Cultura, onde militei por mais de uma década, foram em torno de livros, casas de cultura e bibliotecas. Sobre o assunto e suas particularidades tenho falado também em palestras, entrevistas, jornais e em outros meios de comunicação.
E, para finalizar, acrescento que, no meu entendimento, deveria existir uma lei federal que exigisse, por antecipação, de cada povoado, vila ou comunidade aspirante ao grau de cidade, fundar sua biblioteca – sendo esta uma condição sine qua non para a instalação da prefeitura e sua administração.
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*Francisco Miguel de Moura, escritor, membro da Academia Piauiense de Letras, da UBE (União Brasileira de Escritores – SP) e da IWA (International Writers and Artists Association) – Estados Unidos.
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