Francisco Miguel de Moura*
O sustentáculo da pessoa feliz é a bondade. Quem é mau nunca alcançará a felicidade. Ninguém faz mal ao outro. Todo mal que o homem pratica contra alguém se reflete sobre si mesmo. Fazer o bem é obedecer a sua consciência, especialmente, e agir de acordo com as regras sociais, sempre que puder. Não é necessário ter uma vida exemplar, ninguém é exemplo de ninguém, visto que somos todos diferentes. Não precisa cumprir-se o que diz a sabedoria popular: “Fazer o bem sem saber a quem”. É preciso ser generoso, perdoar, amar, mas também é preciso viver e ser feliz. Esta é a vocação do homem neste mundo, assim como a condição da liberdade. Pois é a partir dela que o homem pode escolher ser feliz ou criminoso, ladrão, traficante, assaltante à mão armada, etc. Quem faz o bem e não exige nem espera recompensa, este, sim, terá muitos amigos. Mas, noutro lugar, escrevi uma fábula cuja lição da história é que até a bondade tem limites. Temos exemplos de santos e mártires, mas não é preciso ser Jesus Cristo para chegar a ser bom. Qualquer pessoa normal pode ser boa. Agora, o que não sei é de criminosos que sejam felizes, esteja pagando suas dívidas para com a sociedade ou não. Serão uns torturados pelas suas más ações? Como seriam seus sonos ou pesadelos? São homens sem consciência, sem moral, sem bons costumes, que vivem entre nós, os que temos e procuramos ter dignidade. Seriam nossos irmãos? Sim, pela espécie. Não pela cultura nem pela sabedoria, não pela inteligência nem pela razão. Brutos e maus, entre os civilizados e bons, isto sim.
Como gosto de ler e sou curioso, lembro-me de uma revista semanal (ou mensal) que relata, com o nome de “O segredo da vida”, uma espécie de pesquisa científica, assim: “Durante 70 anos, o mais fascinante estudo científico feito até então acompanhou a vida de 260 homens e comprovou: Nem o dinheiro nem a saúde garantem a felicidade. O segredo da sua alegria está nos seus amigos.” É bom saber que o estudo não trata de longevidade nem de família. Todos nós acreditamos que uma vida feliz, mesmo curta, é superior a uma longa vida infeliz. Como é notório que o homem despregado de tudo, sem sua origem – uma família, a intimidade do sangue ou de vivência – não é inteiramente feliz. Saber que há alguém com quem contar, mesmo sobrevindo uma cegueira, paralisia ou mal da Alzheim, é confortante. Traz segurança e felicidade. No resumo da matéria relatada o jornalista apresenta duas pessoas como exemplo, Mike e John, e então dá um toque sobre família e casamento. “O olhos de Mike encheram-se de lágrimas quando falou sobre seu casamento e sentiu muito prazer em relembrar as férias em família. Ele trabalhou muitos anos em associações de serviços sociais e também espontaneamente ajudava os mais pobres. John, aos 47 anos, parecia ter 60, um cirurgião cuja motivação fora apenas a estabilidade no trabalho, passara por três casamentos e havia sido proibido de visitar os filhos das relações passadas”. O primeiro tinha muitos amigos, já o outro, perguntado sobre suas relações de amizade, disse apenas que não tinha amigos no momento, mas sabe-se que essa situação fora uma constante em sua vida.
Ter amigos é bom e fácil para quem nada exige nem espera, e os aceita como são, respeitando suas idéias e suas faltas, porque ninguém é santo. Ter amigos é uma bênção. Amigos na família e amigos fora.
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Francisco Miguel de Moura – Escritor, Membro da Academia Piauiense de Letras (APL) e da International Writers and Artists Association (IWA), com sede em Toledo, OH - Estados Unidos. E-mail: franciscomigueldemoura@superig.com.br
Um comentário:
Grande Chico Miguel! Maravilhoso esse seu comentário, nem sei onde me encaicharia nesse contexto, mas o fato é que muitas pessoas precisariam tomar conhecimento do mesmo, isso iria mudar suas vidas com toda certeza. Voçê é dez meu caro! Só podia mesmo ser do Jenipapeiro, de onde aliás eu também tenho um DNAzinho hehehe! Parabéns o Piauí, e a nossa região sentem muito orgulho de ter alguém com a sua competência.
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