Francisco Miguel de Moura*
Sou perfume de mim e odor do mundo
para que a terra me cuspa.
O sopro que me der
me enterrará fundo,
frio de fazer corpo e alma se unirem e,
ao infinito e à luz,
que meu suor
jamais sirva de foice ou gume.
A dor com que me cortam
com explosão
seja lembrada em mansa contramão.
O meu último perfume o mundo furta
a cor e deita
maus bocados ao cão que ama.
O frio há de sarar-me
com seu branco lençol sem dobras
de areia nos olhos amorosos.
Deito-me agora em êxtase de fé,
levando o vento em flor na pele
e pela mão.
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*Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro, com livros publicados e colaboração nas revistas "Clarin" e "Lea", na Espanha; "Jalons", na França; e "Pomezia", na Itália. Veja poemas seus em vários sítios da internete, especialmente no "Jornal de Poesia". E-mail:franciscomigueldemoura@superig.com.br
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