a CRISTIANO NOGUEIRA FILHO, em memória,
e a NELY NOVAES COELHO (São Paulo).
PÁTRIA
Pátria, latejo em ti, no teu lenho, por onde
circulo! E sou perfume, e sombra, e sol e orvalho!
E, em seiva, ao teu clamor a minha voz responde,
e subo do teu cerne ao céu de galho em galho!
Dos teus liquens, dos teus cipós, da tua fronde,
do ninho que gorjeia em teu doce agasalho,
do fruto a amadurar que em teu seio se esconde,
de ti, - rebento em luz e em cânticos me espalho!
Vivo, choro em teu pranto; e, em teus dias felizes,
no alto, como uma flor, em ti, pompeio e exulto!
E eu, morto, - sendo tu cheia de cicatrizes,
tu golpeada e insultada, eu tremerei sepulto:
e os meus ossos no chão, como as tuas raízes,
se estorcerão de dor, sofrendo o golpe e o insulto!
LÍNGUA PORTUGUESA
Última flor do Lácio, inculta e bela,
és, a um tempo, esplendor e sepultura:
ouro nativo, que na ganga impura
a bruta mina entre os cascalhos vela...
amo-te assim, desconhecida e obscura,
tuba de alto clangor, lira singela
que tens o trom e o silvo da procela,
e o arrolo da saudade e da ternura!
Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
em que da voz materna ouvi: “meu filho”,
E
o gênio sem ventura e o amor sem brilho!
BIOGRAFIA – Olavo Bilac
Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac
o maior poeta parnasiano brasileiro
No Posfácio de Poesias, O Autor e a Obra, por R. Magalhães Júnior, destacamos, nesta breve apresentação do Poeta: “Muitos de seus versos se tornaram proverbiais, citados até por pessoas que jamais os leram e só os conhecem de oitiva, de citações. Carioca, nasceu em 1865 (...) e “atraído pelas letras e pelo jornalismo, abandonou os estudos, rompeu com o pai, saiu de casa e começou vida independente, colaborando em precários jornais e revistas, associando-se a José do Patrocínio, Raimundo Correa, Coelho Neto, Pardal Mallet, Luís Murat e outros, da roda boêmia que vivia entre as redações e as confeitarias da Rua do Ouvidor e adjacências. (...) Em Paris, conviveu com Eça de Queirós, Domício da Gama, Eduardo Prado e outros. Era já autor de um volume de versos, publicado em 1888, e jornalista de renome e co-autor de romances-folhetins, um deles, O Esqueleto, com Pardal Mallet... (...). Morreu na madrugada de 28 de novembro de 1918... Deixava, inédito, o livro Tarde e, ainda, um Dicionário Analógico, que até hoje não foi publicado. (...) Nos quadros do Parnasianismo brasileiro, nenhum outro poeta supera Olavo Bilac. E o retorno de sua obra às mãos dos leitores deve ser saudado com aplausos, pois vem fornecer aos estudantes de Letras valiosos elementos de nosso patrimônio poético que não mais estavam ao alcance de todos.” (1977).
(De "Poesias", 29ª. edição, Col. Vera Cruz (Literatura Brasileira), vol. 246, Editora Civilização Brasileira, Rio, 1977)
(PM)
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NE: Essa edição reúne a obra poética de Bilac: Panóplias, Via-Láctea, Sarças de Fogo, Alma Inquieta, As Viagens, O Caçador de Esmeraldas, Tarde.
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Edição e promoção: phrasis assessoria texto consultoria
Seu texto em melhores mãos depois das suas.
paschoal.motta@gmail.com
2 comentários:
Olá Francisco!
Gostei muito do seu Blog! Gosto de poesia e, em especial, uma que se chama "solar Desierto", é uma versão feita por L. Ramos G., de um poema de Olavo Bilac. Procuro qualquer informação sobre o autor da versão e do poema original. Ficarei imensamente grata e honrada por uma resposta sua.
Um grande abraço!
Feliz Ano Novo!
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