quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

 


VAIVÉNS: TEMPO E AMOR

 

          Francisco Miguel de Moura*

 

O que faria não fez

com o faro do passado.

 

O futuro não lhe diz nada:

Voa como o vento em serrania.

E passa, e nunca é passado

e leva e lava a gente

na poeira dos olhos,

nas juras negadas.

 

Tento ser luz, aquela luz

que teus olhos me entregaram.

E em vão proclamo:

- Luz, me acende! Ou me cega de vez!

E ela se apaga, deixando-me ver tão só

o único caminho do tempo em naufrágio.

 

Nego o amor, aquele amor que morde,

que afogaria os afagos desejados

sem colheita sequer

da volta de um olhar

de fogo que seja:

 

- Quero morrer abrasado.

 _________

 *Francisco Miguel de Moura, poeta do Brasil.

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