quarta-feira, 1 de junho de 2016

DIREITA, ESQUERDA, VOLVER...

                        
 * Francisco Miguel de Moura 
     escritor, membro da APL



 Há, na sociedade atual, aplicada à política, uma confusão dos diabos, envolvendo duas palavras que em si não dizem nada - direita e esquerda – se usadas fora do contexto. O contexto aqui é o da política, mas é, antes, também o da origem. 
Para confundir mais as coisas essas duas palavras também são conhecidas como dextra e sinistra que significam, respectivamente, mão direita e mão esquerda. Logo, as duas coisas existem ao natural. E quando o comandante manda seus comandados fazer direita x esquerda, eles entendem perfeitamente. Por que nós ouros, civis, não deveremos também saber e entender o que vem a ser direita e esquerda?
    Partindo-se do princípio de que as duas formas têm origem na condição humana natural, o filósofo Olavo de Carvalho explica que “direita e esquerda, muito antes de serem diferenças ideológicas ou de programas políticos, são duas maneiras diferentes de vivenciar o tempo histórico. Essas duas maneiras estão ambas arraigadas no mito fundador da nossa civilização, a narrativa bíblica, que vai de uma origem a um fim, do Gênesis ao Apocalipse”. 

Nosso sábio leitor já dever ter notado que a origem das duas expressões se localiza num tempo muito remoto, anterior mesmo à contagem pelos homens - esses pobres vermes que somos e pensamos valer muito só porque temos olhos (de pouco alcance), ouvidos (idem) e boca-voz-palavra (idem), dotados de sentimentos tão superficiais que se guardam numa pequena memória, cuja existência não pode ser concebida historicamente. Começa num “pré-tempo” ou num “não-tempo”.

Citando novamente o filósofo Olavo de Carvalho, que não é de direita nem de esquerda, mas um profundo pensador do nosso tempo com base atualizada e em consonância outros tempos, informamos:
“Se nas esferas superiores do pensamento florescem então por toda parte concepções pueris que empolgam as atenções por uma décadas para depois serem atiradas à lata de lixo do esquecimento, o distúrbio geral da percepção do tempo não poderia deixar de também se manifestar, até com nitidez aumentada, em domínios mais grosseiros da atividade mental humana, como a política”. E acrescentaria eu às sábias palavras do filósofo: - para sofrer todas as deturpações possíveis, como estamos vendo no Brasil de então. E me parece que não só no nosso país, mas em todo o globo, em toda a humanidade e desumanidade.

No meu entendimento, como só há um número em matemática, o numero 1 (hum), que já expliquei noutro artigo, também só há uma posição com relação ao tempo: – o nosso e o absoluto. Essa posição se chama CENTRO. Esquerda e direita são variações que podem ser acrescidas de outras palavras também políticas como “social”, “democrática”, “comunista”, teologal, religiosa, centro-esquerda, centro-direita, etc. 

Não será que com isto pode ser explicado também que o exército, em qualquer país e em qualquer tempo, não tem direita nem esquerda, ele é o centro? Volver é centro, esquerda X direita é apenas o movimento necessário à tropa.

Na verdade, em política, quem está na “esquerda” quer sempre ir para o centro, jogando diatribes contra os que estão na “direita”, e vice-versa. Na verdade todos querem o centro, o poder material, terreno, para ser o rei, o astro e transformar o que seria do povo em coisa particular, sua. No momento atual do Brasil, a chamada “esquerda” parece-me que produziu isto, com discursos falsos e mentirosos, com inação e capacidade máxima de poluir as relações éticas, morais e até as físicas, em virtude de sua talvez íntima ligação com o movimento tráfico-traficantes.  Mas ninguém se iluda, por causa das tremendas contradições esquerda x direita, os seus discursos se confundem e confundem muito mais aqueles menos favorecidos pela cultura, educação e prudência. 

O tempo político é cheio de misérias, daí porque os pobres se apegam às religiões e muitas vezes se tornam dogmáticos e cegos aos reclamos da evidência do natural e do eterno.

E porque aqui falei em ETERNO, nunca houve palavra que tanto já me confundiu. Mas agora a vejo esclarecida na Bíblia, no “Livro dos Provérbios”, sobre a Sabedoria de Deus, cap. 8 vers. 22-31: “O Senhor me possuiu como primícias de seus caminhos, antes de suas obras mais antigas; desde a eternidade fui constituída, desde o princípio, antes das origens da terra. Fui gerada quando não existiam os abismos, quando não havia os mananciais das águas, antes que fossem estabelecidas as montanhas, antes das colinas fui gerada. Ele ainda não havia feito as terras e os campos nem os primeiros vestígios de terra do mundo. Quando preparava os céus, ali estava eu; quando lançava a abóbada sobre o abismo, quando firmava as nuvens lá no alto e reprimia as fontes do abismo, quando fixava ao mar os seus limites – de modo que as águas não ultrapassassem suas bordas – e lançava os fundamentos da terra, eu estava ao seu lado como mestre de obras; eu era o seu encanto, dia após dia, brincando, todo o tempo, em sua presença, brincando na superfície da terra e alegrando-me em estar com os filhos dos homens”.

Neste final de citação bíblica, sinto que o filho de Deus, Jesus, sempre existiu, tal como a escritora portuguesa Maria Helena Ventura, no seu livro “Um homem só”, pesquisadora que foi morar por uns tempos em Israel e escrevê-lo com mais consciência. E sente-se também que Deus não é um ente criado à semelhança do homem de esquerda ou de direita, mas a sabedoria insondável do eterno. Enfim, direita ou esquerda são falsos argumentos que se escondem atrás do mal e das maldades humanas.

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