terça-feira, 29 de setembro de 2015

“CELSO BARROS COELHO – POLÍTICA, TEMPO E MEMÓRIA”

Francisco Miguel de Moura*

Não receio que meus leitores perguntem por que estou escrevendo sobre Dr. Celso Barros Coelho e seu último lançamento.  Desculpo-me: - Apenas associo-me às vozes dos que o elogiaram e o elogiam. E faço assim, humildemente, porque não tenho a capacidade de dizer melhor do que os doutos dizem e escrevem. Ele, Celso Barros, tem a estatura de um sábio do nosso tempo, na vida, na filosofia, na política, na oratória, na escrita e na arte de ensinar, sem usar de ostentação. Cultura lhe sobra, memória também, e vontade de servir com desprendimento.  Quantos já não escreveram e vão escrever sobre Celso Barros? Positivamente, é que nunca será demais proclamar os feitos dos bons, dos que só contribuem para a satisfação do próximo e do distante, dentro dos limites da lei, da justiça e dos bons costumes.

Eu mesmo, já em várias ocasiões, tive oportunidade de escrever sobre Celso Barros, quer como político, orador, professor, escritor, cronista e, principalmente, como uma das pessoas mais inteligentes e cultas que conheci e com quem tive a honra de conviver desde quando assumi a minha cadeira na Academia Piauiense de Letras, sendo ele, Clidenor Freitas e William Palha Dias aqueles que mais me incentivaram a fazer parte da “Casa de Lucídio Freitas”, sem esquecer a simpatia do mestre A. Tito Filho, pela minha entrada. Uma dessas ocasiões, e me parece que a mais recente, foi quando escrevi a biografia de Coelho Rodrigues, para o livro “Minha História de Picos”, que ainda estou construindo. Nesse estudo, palmilhando a família dos seus valorosos ascendentes, tive o prazer de encontrar Celso Barros Coelho como um dos seus mais ilustres descendentes, para nossa alegria. 
Mas hoje não vamos repetir o que dissemos do Prof. Celso Barros noutras ocasiões. É apenas um simples chamado à leitura do livro “Celso Barros Coelho – Política, Tempo e Memória”, obra que, sob vários pontos de vista, diríamos perfeita: como biografia, mostra-nos o tempo da “Ditadura do Militares de 1964”, onde toma a política como referência evidente. E não só isto: também como sua origem de menino interiorano, do vizinho Estado do Maranhão, e como se tornou piauiense por praticamente ter quase toda sua vida de estudo e trabalho aqui, emprestando a sua grande capacidade de ação. Celso Barros, neste ponto, é uma glória para o Piauí. Mas não somente para o nosso Piauí – para o Brasil também – desde que é um dos juristas mais competentes do nosso país, foi eleito Deputado Federal por duas vezes, só não tendo sido um dos constituintes de 1988, pelos azares que a política prega aos que a ela se entregam de boa fé. Antes fora Deputado Estadual, cassado pela Assembléia Legislativa da época, conivente com a “Revolução”. Poderia ter sido de outra forma? Os historiadores se fazem perguntas, mas o seu dever é historiar o passado documentalmente em todas as suas linhas. Celso Barros fez assim, neste livro sob comento, naturalmente obedecendo a sua ótica, que é, sem dúvida, de um homem honesto, coerente, competente, sem deixar de ser generoso tanto em família quanto na sociedade. Como fundador do PDC no Piauí, junto com outros companheiros, entre os quais Francisco Ribeiro Magalhães, Raimundo da Costa Ribeiro e Almir Reis, nas eleições de 1962, foi candidato a Deputado Estadual, sendo o único eleito pelo partido. Celso diz, no livro, que as ideias que então defendia, ardorosamente, são expostas naquele discurso de posse, proferido na Assembléia. (pg.60/73).  Claro que não posso transcrevê-lo nem adianta tirar pequena(s) fatias(s), sob pena de não me fazer entendido. Aconselho o leitor a lê-lo integralmente, para ter, em primeira mão, as ideias políticas de Celso Barros. Se não comprou o livro, compre-o, se não há mais para vender – tome emprestado a um amigo ou consulte nas bibliotecas – a da APL é uma  indicada, aberta pela manhã, de segunda a sexta-feira. 

Homem coerente e firme como Celso Barros, suas ideias políticas iniciais, é claro, permanecerão a vida inteira. Esse discurso é um dos documentos mais importantes que alicerçam a obra em apreço: O discurso pronunciado na primeira sessão ordinária da Assembléia Legislativa, do dia 01/02/1963. Outro que também deve ser lido e relido, no livro ou em qualquer parte, é o que pronunciou em 08/05/1964, conforme está na ATA DA 3ª SESSÃO EXTRAORDINÁRIA DA 2ª CONVOCAÇÃO EXTRAORDINÁRIA DA 5ª LEGISLATURA DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO PIAUÍ. 

Aliás, é necessário que se leia todo o livro. É necessário que se leia, pelo menos, toda a ata para compreender o que aconteceu naquele dia, o dia da cassação de seu mandato. Disse Celso Barros, finalizando o seu discurso:
“A cassação do meu mandato não me causa apreensões nem me causa dissabores. Recebo-a não como um ato de justiça, mas como uma punição de quem acha que este lugar não é para mim. O erro foi do povo que me elegeu. Na defesa do meu mandato me limitarei a estas considerações, pois entendo que o mal não é perdê-lo, mas conspurcá-lo”.  (...) Agradeço com o mais íntimo de minha alma aos meus companheiros que se colocarem corajosamente ao meu lado, sem violentar sua consciência. E me despeço de todos com a profissão de Fé do Apóstolo das Gentes: COMBATI O BOM COMBATE, TERMINEI A MINHA CARREIRA, CONSERVEI-ME FIEL AOS IDEAIS DA LIBERDADE E DE JUSTIÇA. SÓ ME RESTA AGUARDAR A JUSTIÇA DOS HOMENS DE BEM”. (pg.96/97).
Acrescentamos, ainda, que Celso Barros, como grande latinista que é, pronunciou as palavras do Apóstolo das Gentes, em latim.
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*Francisco Miguel de Moura, escritor, membro da Academia Piauiense de Letras (APL) e também da Associação Internacional de Escritores (IWA - sigla em inglês), a primeira entidade em Teresina-PI- BR e a segunda em Ohio, USA.

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