Francisco Miguel de Moura*
Colhendo as personalidades mais importantes de Picos, para que figurem numa história do município e da cidade, lembrei-me de Ofélio das Chagas Leitão. “Minha História de Picos” é o título do livro que eu estou a escrever e lá o colocarei. Portanto, faço-lhe estas primeiras linhas. Ofélio das Chagas Leitão nasceu em Picos, aos 4 de dezembro de 1915 e faleceu em 30 de maio de 1989, em Teresina-PI. Era casado com Maria do Socorro Veras e Silva, que passou a assinar-se Maria do Socorro e Silva Leitão, casal de numerosa família, cujos filhos vão aqui enumerados: 1.Joaquim das Chagas Leitão Neto; 2.Francisco Celso e Silva Leitão; 3. Emanuel de Jesus e Silva Leitão; 4. Maria do Perpétuo Socorro e Silva Leitão; 5. Augusto Jeová Dubá e Silva Leitão; 6.Maria Leonília e Silva Leitão; 7.Ofélio das Chagas Leitão Filho; 8.Maria das Graças e Silva Leitão; 9. Eduardo Juarez e Silva Leitão; 10. José Aliomar e Silva Leitão; 11.Maria Dalva e Silva Leitão; 12.Maria de Fátima e Silva Leitão; 13.Maria Anísia e Silva Leitão; 14. Fernando Eurípides e Silva Leitão; 15.Mário Matsu-Hito Silva Leitão, além dos falecidos: Francisco Celso, Emanuel de Jesus e José Aliomar. Ofélio das Chagas Leitão era filho de Joaquim das Chagas Leitão e Anísia Ferreira Nunes Leitão.
Abrimos aqui um parágrafo necessário para falar um pouco sobre o pai do Ofélio – o Coronel Joaquim Leitão, ou o Velho Leitão, como era conhecido. Ele nascera em Crateús, à época ainda pertencente ao Piauí, e em Picos exerceu a função de Tabelião, foi Deputado Estadual e Prefeito Municipal (1900-1902). Era um dos notáveis chefes políticos de Picos. Depois passou a militar na oposição, especialmente com o advento de Antônio Rodrigues da Silva e Francisco de Sousa Santos, cujos mandatos de Prefeito de Picos foram de 1912-1928. Os dois eram parentes próximos e conterrâneos do povoado Jenipapeiro. E mais: também conto um fato mais ou menos hilário, acontecido no tempo do Coronel Chico Santos: - Francisco Rodrigues de Sales (Chodó), comerciante em Jenipapeiro, votava insistentemente na oposição, logo era do partido do Leitão. Os votantes do povoado Jenipapeiro iam para a cidade, montados em burros, para votar. Chodó era um desses viajantes. Com um tanto de ironia, um deles perguntou a Chodó, com quem ele estava?
- Com o Leitão, ora!
- Mas você é sozinho, nós estamos com o Chico. Uma andorinha só não faz verão.
- Não faz verão, mas bem que atrapalha.
Anos depois daquela conversa, em 1955, ele, Francisco Rodrigues de Sales (conhecido como Chodó), tornou-se o primeiro vereador a representar Jenipapeiro, na Câmara Municipal de Picos, vencendo o fogo cerrado de brigas eleitorais tão acirradas como é no interior, onde só havia duas alternativas: o Chico ou o Leitão.
Não conseguimos informações mais profundas sobre a origem da família Leitão, apenas que os avós paternos de Ofélio das Chagas Leitão eram Antônio das Chagas Leitão e Maria Ursulina Cavalcanti de Albuquerque. Ofélio Leitão, filho mais novo do casal (os outros quatro chamavam-se Brocardo, Caio, Petrônio e Hélio), era um jovem vivo e inteligente, tendo feito o ginásio e o científico em Picos, foi para São Luís e bacharelou-se brilhantemente em Direito pela Faculdade do Maranhão, em 2-1-1940. Voltando para o Piauí, inicia sua careira exercendo as funções de Juiz do Trabalho, Procurador Geral da Justiça do Estado do Piauí, Chefe da Casa Civil do Governo Tibério Nunes, Presidente da Comissão de Salário Mínimo do Piauí, Presidente da Junta de Conciliação e Julgamento do Trabalho e Procurador Regional Eleitoral do Piauí. Mais tarde chefiou a Assessoria Jurídica do Banco do Brasil. Foi um dos advogados da família do Juiz Valdinar Serra e Silva, assassinado em Jaicós em pleno exercício de suas funções. Outro fato de destaque na sua militância advocatícia foi ter assinado o Mandado de Segurança contra a cassação do vereador Jesualdo Cavalcante, do PTB, que estava preso incomunicável no Quartel do Exército juntamente com outras pessoas consideradas subversivas, entre as quais seu filho Francisco Celso e Silva Leitão (Chichico). Como a política estava no seu sangue, transmitida desde os avós, foi um dos grandes líderes da União Democrática Nacional (UDN). No magistério, foi professor de Geografia, História e Francês, no Liceu Piauiense e nos Ginásio Leão XIII e Demóstenes Avelino. E ainda, na Academia de Comércio do Piauí, lecionou Direito Comercial. Foi redator-chefe da “Imprensa Oficial”, do “Zodíaco” (1943) e do jornal “O Piauí” (1945), além de atuar em órgãos jornalísticos da imprensa de São Luís (“O Imparcial” e “O Maranhão”, de 1938 a 1939, por exemplo). Agraciado com Medalha do Mérito “Conselheiro Saraiva”, em 1980 ingressou na Academia Piauiense de Letras, substituindo o historiador Carlos Eugênio Porto, cadeira nº. 14, cujo patrono é o Cônego Raimundo Alves da Fonseca. Vida muito laboriosa, cheia de tantos chamamentos públicos, não teve tempo de construir uma vasta obra, deixando apenas “Eurípides de Aguiar – o Varão de Plutarco” (1980), “Um Jornalista na Academia” (1983), “O Poeta da Raça”, “A Unidade Nacional”, “O Comunismo e a Sociedade Brasileira”, “O Sindicalismo” e “Um Grande Piauiense” entre mais outros ensaios, estudos e conferências. “Um lutador invicto, pertinaz na luta sempre encetada de forma altruística e motivada para a bem, guiada pela solidariedade humana, um exemplo de coragem e civismo”, dele disse o Dr. José Maria Soares Ribeiro, seu sucessor na Academia Piauiense de Letras.
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Francisco Miguel de Moura – Escritor, membro da Academia Piauiense de Letras.
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