quarta-feira, 22 de outubro de 2014

DE JUSCELINO KUBITSCHEK A AÉCIO NEVES - DEPOIMENTO

 Francisco Miguel de Moura*     
            
Parece estranho fazer-se um depoimento político na véspera de uma eleição como esta de 26-10-2014, que se caracteriza como um autêntico plebiscito entre dois candidatos: Dilma Roussef e Aécio Neves: - uma Presidenta (?) que pretende a reeleição e o outro, o candidato da oposição, a propor mudanças para o Brasil, dando o seu exemplo de que em Minas foi governador em dois mandatos e saiu com uma taxa altíssima de aprovação. 

Quem vai dar a vitória são os eleitores indecisos e é para esses poucos que escrevo. Não é propaganda eleitoral, é muito mais do que isto porque é meu testemunho do que senti, vi e ouvi.

Meu primeiro voto para Presidente da República foi para Juscelino Kubitschek. Votei consciente do que estava fazendo, pois já era dono do meu nariz. Algum tempo depois – sempre fui um crítico em qualquer atividade – passei a adversário do Presidente, por causa da inflação, o que mais me fazia doer no bolso. O pouco que eu ganhava ficou mais pouco ainda. Mas, já no final do mandato, vi que Juscelino foi um grande empreendedor: responsável pela implantação da indústria automobilística no Brasil, rompeu com o Fundo Monetário Internacional, construiu Brasília – esse colosso que é a nossa capital – e construiu também muitas estradas, muitas mesmo. Muito humano e generoso, os militares do movimento de Aragarças que se levantaram contra ele foram todos soltos por sua ordem, após o desmantelamento do levante. A morte de Juscelino também é mistério. 

Houve um presidente brasileiro (Washington Luís) que sintetizou uma frase ainda hoje válida: “Governar é construir estradas”, presidente derrubado pela revolução do Getúlio – a ditadura civil do Getúlio. Outra ditadura aconteceu em 1964, pelos generais militares, que durou mais de 20 anos. Fui contra, ao meu modo, perseguido também, mas não fiquei com sequelas nem ódio dos militares. Sei que aconteceram coisas que não deveriam ter acontecido de ambos os lados – o governo golpista e seus adversários, a maioria deles incentivados pelos comunistas, cujo regime em termo internacional, comandado pela União Soviética, já estava na agonia de morte. 

A ditadura esgotou-se, por inanição, como tudo se acaba.  Foram aparecendo os líderes para a Redemocratização, pelas eleições “Diretas Já” e pela nova Constituição: Ulisses Guimarães e Tancredo Neves, os principais. Tancredo foi eleito para comandar a Redemocratização, eleito pelas novas forças políticas, eleito Presidente, mas... Adoece, ou adoeceram-no? Tancredo Neves veio a falecer, uma morte não explicada (de diverticulite). Segundo o médico acadêmico Humberto Guimarães, diverticulite não mata, a única pessoa que morreu, inexplicavelmente, por causa dela, foi Tancredo Neves – o eleito Presidente do Brasil que não chegou a tomar posse.

Entra Sarney, que era da ARENA, partido sustentáculo do bloco dos militares, e agora tentava alinhar-se com a democracia. Do lado da oposição a tudo isto, crescia o líder sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva, com a simpatia do General Golbery do Couto e Silva, o artífice da “abertura lenta e gradual”. A simpatia do Golbery pelo Lula não era inocente: - Ele tinha medo da popularidade do Brizola, só isto. 

A morte de Tancredo Neves foi também “lenta, gradual e não explicada” e, de certa forma, desacelerou a Redemocratização do País.

Daí todos nós sabemos: veio o Sarney (que nada fez, apenas brigava com o Ulisses Guimarães). E o Color (que roubou a poupança dos que tinham e a confiança dos demais), por isto e mais outras barbaridades foi impedido pelo Congresso Nacional. Nesse ínterim, entra o Itamar Franco (1992-1995), empreendendo o que parecia impossível – a eliminação da altíssima inflação fabricada pelos governos anteriores, claro que com a ajuda de um grupo de economistas patriotas e criativos. 

Fernando Henrique (1995-2003) eleito democraticamente, governou tranqüilo, otimista, corajoso, capitalizou o Brasil que estava com sua indústria e finanças depauperadas e pôde fazer algumas reformas, entre as quais modernizar a telefonia brasileira pela privatização, privatizando também os bancos públicos que davam prejuízo. 

E aqui se encerra a primeira parte da redemocratização, quando houve a aprovação da Constituição do Brasil de 5 de outubro de 1988, constituição que Lula, como Deputado Federal, recusou assinar. Ele já estava há muito tempo armando “outro projeto”: - tornar-se Presidente do Brasil e conservar esse poder por tempo indeterminado, elegendo-se e reelegendo, passando os pleitos seguintes aos seguidores do seu partido. No fim do seu segundo mandato, nenhum líder estava capacitado, alguns porque já enrolados em processos que culminaram no “Mensalão”. Denunciado o escândalo, nada fez a não ser dizer “não sei de nada, não vi nem ouvi nada”, quando era perguntado. Ele e seu sequases saquearam as instituições públicas, gastando o capital que o Fernando Henrique deixou, enchendo seus bolsos, contas bancárias aqui e no além-mar, para gastar no seu “Projeto de Governo”: ficar enquanto possível, como um rei. Ele foi e é um grande “enrolão”, sem moral, sem ética, além “analfa”. Empurrou a Dilma para a eleição, ela que nunca tinha sido nem vereadora. E o resultado está aí, o Brasil virou um país sem poupança (porque a enorme dívida interna é impagável), sem indústria, com uma inflação descontrolada; falta de água, luz, escolas, hospitais, insegurança nas ruas. Estamos entregues aos traficantes. No mais, é só mostrar, como propaganda política, “um cemitério de obras inacabadas e paralisadas”, de Norte a Sul. Junto a isto, veio a “fura” o maior escândalo do mundo, com o quase desmanche da Petrobrás. Nossa maior empresa já “era” e está  em grande parte na mão e nos bolsos dos “aproveitadores”. Dinheiro a rodo foi para Cuba, Venezuela, Bolívia e tantos outros países. Na discurso da ONU, declara-se a favor dos terroristas do Islã. 

Quem defende terrorista é confiável?  Eu voto em Aécio Neves. E você, indeciso eleitor?
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*Francisco Miguel de Moura – Escritor, membro da Academia Piauiense de Letras - APL, e também sócio da IWA - International Writers and Artists Association - USA

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