Copilador.
Perséfone representada
com um pássaro na mão.
Conta a história que Deméter, deusa da agricultura e da fertilidade, teve uma filha com Zeus chamada de Core. Ambas eram muito próximas e viviam em harmonia. Sua filha era uma jovem bela e despreocupada, representando o estereótipo da "mocinha, donzela". Deméter por sua vez era uma deusa matriarcal, responsável pelos ciclos da natureza e pelas colheitas.
Entretanto, tal harmonia foi bruscamente alterada quando Hades, deus do mundo inferior e dos mortos apaixona-se por Core e a rapta enquanto esta colhia flores. Deméter fica aflita com o sumiço repentino da filha e parte em busca desta até descobrir que Core estava no mundo dos mortos. Aflita com o sumiço da filha amada, Deméter recusa-se a exercer suas funções divinas, tornando a terra infértil, pois nada do que era plantado crescia. A humanidade sofria com a escassez de alimentos.
Vendo que a ordem do mundo estava ameaçada, Zeus intervêm e solicita ao seu irmão Hades que liberte Core. Porém, esta havia desfrutado da hospitalidade de Hades e comido uma semente de romã no mundo dos mortos, fato que a associava permanentemente ao reino subterrâneo. Agora Core não possuía nem mais o seu próprio nome, passando a chamar-se Perséfone.
Um acordo então foi firmado, durante quatro meses Perséfone permaneceria no mundo das trevas com seu marido e no restante do ano ficaria com sua mãe. Quando mãe e filha estavam juntas a terra dava frutos e flores, era a primavera e o verão. Porém quando Perséfone retornava ao Tártaro, sua mãe entristecia-se e surgiam o outono e o inverno.
O mito do rapto de Perséfone nos traz muitos ensinamentos, porém acredito que é fundamental nos atentarmos para o perfil de dependência da deusa. Perséfone está sempre a mercê dos acontecimentos e das decisões, tomadas ora por sua mãe, ora por seu marido. A única ação dela na história é o consumo da semente da romã, porém tal decisão é involuntária, uma vez que a deusa não sabia as consequência deste ato.
Perséfone representa indívíduos com traços pueris, sempre precisando de outras pessoas para tomarem a decisão por eles. A deusa age de forma imatura, recusa-se a crescer. Sequestrada por Hades, depende da intervenção materna para ser libertada.
Indivíduos com personalidade dependente subordinam suas próprias necessidades às dos outros, têm falta de autoconfiança e podem experimentar desconforto extremo quando sozinhos por curto período de tempo. O transtorno de personalidade dependente é mais comum em mulheres e indivíduos com doenças crônicas na infância são mais predispostos a desenvolver o transtorno.
Critérios DSM IV-TR (Personalidade Dependente)
•Dificuldade em tomar decisões do dia-a-dia sem uma quantidade excessiva de conselhos seguramente de outras pessoas;
•Necessidade de que os outros assumam a responsabilidade pelas principais áreas de sua vida;
•Dificuldade em expressar discordância de outros pelo medo de perder apoio ou aprovação. Nota: não inclui temores realistas de retaliação.
•Dificuldade em iniciar projetos ou fazer coisas por conta própria (em vista de uma falta de autoconfiança em seu julgamento ou capacidades, não por falta de motivação ou energia);
•Vai a extremos para obter carinho e apoio, a ponto de oferecer-se para fazer coisas desagradáveis;
•Sente desconforto ou desamparo quando só, em razão de temores exagerados de ser incapaz de cuidar de si próprio;
•Busca urgentemente um novo relacionamento como fonte de carinho e amparo, quando um relacionamento íntimo é rompido;
•Preocupação irrealista com temores de ser abandonado à própria sorte.
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REFERÊNCIAS
*SADOCK, Benjamin James. Compêndio de Psiquiatria: ciências do comportamento e psiquiatria clínica. 9. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007.
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Matéria copiada para este blogue por Francisco Miguel de Moura, escritor, residente em Teresina, Piauí.
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