sábado, 25 de abril de 2009
DOIS POEMAS - EMANUEL MEDEIROS VIEIRA
ASTROLÁBIO
Emanuel Medeiros Vieira
(Para Lucas, meu filho)
A bússola e o astrolábio:
velas ao vento.
Existe outro Bojador nestes mapas interiores?
Os navegadores estão no exílio:
há faróis neste degredo?
Findou a aventura no mundo.
Singrando-me, cumpro-me.
Além de mim, além da vida:
do pó que serei.
BRASÍLIA
(Poema de emanuel medeiros vieira)
Cidade das mangueiras em flor,
dos fundadores da utopia,
candangos, barra vermelho, florzinhas do cerrado
pássaros, encantos cerrados,
cidade do amolador de facas
(ela tem esquinas sim, mas é preciso decifrá-las),
da louvação às primeiras chuvas,
terra molhada em janeiro
Não, meu coração não quer saber da urbe palaciana,
dos maquiáveis planaltinos,
intrigas com soda cáustica.
Cidade dos criadores,
Da mistura de tantas raças, vários brasis
(ah, a moça tomando sorvete no ponto de ônibus).
Cidade do meu viver e do meu sobreviver,
de todos os sonhos,
das linhas retas do arquiteto,
e cidade do meu repouso.
______________
*Emanuel Medeiros Vieira, escritor brasileiro (poeta, contista, romancista e crítico literário), nasceu em Santa Catarina, em 1945, e mora em Brasília - DF há cerca de 30 anos. Estreou com "A Expiação de Jerusa". Em 2002, apresentou o livro de contos "Os Hipies Envelhecidos"
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2 comentários:
eu goste muito...son muito lindos...
Beijos
É sempre um prazer ler os poemas de Emanuel. Sua poética é firme, sensível, crítica e ao mesmo tempo, incrivelmente doce. Parabéns ao blog, parabéns Emanuel.
Abreijos, Ana Maria
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