DÚVIDA
Francisco Miguel de Moura
Oh
mistério! Não creio... Sou obtuso.
É,
muitas vezes me recuso a crer
que
se tenha nascido pra morrer.
Será
determinismo o que recuso?
A
própria vida às vezes eu acuso,
porque
me faz gozar, me faz sofrer...
E
é mais triste que possa parecer
o
sofrer do inocente... Estou confuso!
Se
Deus existe, tudo me faz crer
que
seu orgulho sádico é tão forte
que
só nos cria para o seu prazer.
Mas
outras vezes penso d’outra sorte:
–
Um velho Deus, coitado, a padecer,
arrependido
por ter feito a morte.
------------
*Francisco Miguel de
Moura, poeta brasileiro.

Nenhum comentário:
Postar um comentário