foto: francisco miguel de moura
CELSO
PINEIRO FILHO – UMA MINIBIOGRAFIA
Francisco Miguel de Moura
É
verdade que nem sempre os acadêmicos são lembrados como deviam. A Professora Fides Angélica, no seu primeiro
mandato como Presidente da APL, abre espaço para um levantamento biográfico de
membros da APL, para que os nossos confrades atuais digam sobre os que viveram
antes de nós, ressaltando a importância de suas vidas e das obras que produziram.
Antes,
cabe lembrar que três acadêmicos da APL, da família Pinheiro, são filhos do
Senhor João José Pinheiro, um político e intelectual português que veio para o
Brasil (precisamente Santa Catarina), onde se tornou intelectual famoso. Foram eles Celso Pinheiro (o poeta), João
Pinheiro (o primeiro historiador da Literatura do Piauí) e Breno Pinheiro
(jornalista e cronista). A esta família acadêmica, juntou-se o neto, CELSO
PINHEIRO FILHO, o CELSINHO, o homenageado de hoje. Só isto já é uma grande honra, para a
Academia Piauiense de Letras. E assim,
também me sinto homenageado por ser eu o atual ocupante da cadeira nº 8, da APL.
E por ter sido chamado para apresentar o acadêmico CELSO PINHEIRO FILHO, da
dita família ilustre, sendo ele o 3°. ocupante da dita cadeira nº 8, da APL. Lembro
ainda que a cadeira nº 8 tem como patrono o poeta José Coriolano de Sousa Lima
(J. Coriolano), tendo sido o poeta Antônio Chaves, o seu 1º. ocupante. O 2º. ocupante foi Breno Pinheiro; o 3º.
ocupante foi o nosso homenageado CELSO PINHEIRO FILHO, como já foi dito,
faltando apenas citar o 4º. ocupante, que foi o Prof. Francisco da Cunha e
Silva.
CELSO
PINHEIRO FILHO, nosso homenageado, nasceu em Teresina, aos 17 fevereiro de
1914, e faleceu em 23-02-1974, em Teresina-PI. Filho do poeta Celso Pinheiro e
de Liduína Mendes Pinheiro, seus estudos primários foram feitos no Grupo
Escolar “Teodoro Pacheco”, desta Capital. Depois matriculou-se no Liceu
Piauiense, onde fez o secundário. Casou-se com Maria Rosa Pinheiro, em 1943. Mas, aos 17 anos, já entrara para o Exército,
servindo no 1º Batalhão de Engenharia, no Rio de Janeiro. Participou da Revolução
de 1932, em São Paulo, ao lado das forças do governo e foi promovido a
Sargento. Formou-se em Direito, pela
Faculdade de Direito do Distrito Federal, então Rio de Janeiro, em 1942.
Recebendo
CELSO PINHEIRO FILHO, na Academia Piauiense de Letras, o mestre Odilon Nunes,
na sessão de 19 de julho 1973, afirmou: “Assim,
Celso Filho escreve a história fazendo história, pois sua contribuição vem
enriquecer a historiografia piauiense, a que se incorpora de modo definitivo.”
É
relevante que enumeremos os diversos cargos políticos que CELSO PINHEIRO FILHO
exerceu. Durante o governo do Gal.
Eurico Gaspar Dutra (1946-1950), por algum tempo, assumiu o cargo de Oficial de
Gabinete do Ministério do Trabalho. Antes já havia sido Prefeito de Teresina
(PI), de 14-03-1943 a 31-12-1946 e Prefeito de Porto Velho, em Guaporé (hoje
Rondônia), entre 01-01-1948 a 06-03-1948.
Mas,
profissionalmente, CELSO PINHEIRO FILHO notabilizou-se como advogado e
jornalista. Segundo o Prof. A. Tito Filho, “ele
foi um dos mais acatados e cultos
advogados do Piauí”. Como
historiador, escreveu duas importantes obras: A principal foi “História
da Imprensa no Piauí”, publicada em 1972, pelo Governo do Estado do Piauí, e
a segunda foi uma história da Polícia Militar do Piauí, denominada de “Soldados
de Tiradentes” 1975, lançada somente depois de sua morte, sob os
auspícios de sua filha Lina Celso Pinheiro, que a subscreve como coautora da segunda parte. Esse livro foi editado pela Artenova, uma
editora do Rio de Janeiro (RJ). De
sua autoria, registram-se também alguns ensaios sobre “Nogueira Tapety”, “Hermínio e
Theodoro Castelo Branco” e “José Coriolano de Sousa Lima”, dos
quais não conseguimos as datas de publicação.
Por
causa de suas atividades políticas contra o ditador Getúlio Vargas, ao tempo da
prisão dos comunistas, CELSO PINHEIRO FEILHO foi recolhido ao presídio de
Fernando Noronha (e depois, também consta que ao da Ilha das Cobras, São Paulo).
A partir de então, CELSINHO veio a
sofrer grave deficiência que o impedia de caminhar normalmente, problemas que o
levaram até a morte. Sobre esse fato, Celso Barros declarou, num momento
fúnebre:
“A quem o observa na tortura dos seus
membros encolhidos, parecia que a sua imagem crescia à medida que o corpo
definhava. Era uma imagem através da qual se escondia o sofrimento para poder
revelar tão somente o que realmente são estava naquele corpo: a alma disposta a
compreender, o coração batendo pelas dores do mundo e o espírito inclinado a
perdoar em nome da humanidade. Quem assim vivia, não podia morrer, senão
conservar a postura de um santo, em cuja compassividade estava o retrato fiel
da vida pautada pela resignação e pela renúncia.”
Quero terminar, declarando que assisti ao
lançamento da “História da Imprensa no Piauí’, sem dúvida, um
momento de grande satisfação, e o vi e constatei que era uma pessoa séria,
de alma leve e de coração bondoso; nenhum laivo de tristeza percebi ao receber
o livro, assim autografado: “Para o amigo
Francisco Miguel de Moura, esta “História da Imprensa no Piauí”, livro dos
melhores já Editados pela Plano Editorial do Estado, Teresina 11.08.1972”.
Obras Consultadas:
Coelho, Celso Barros: Uma História da
Academia de Letras, Teresina,2018;
Gonçalves, Wilson Carvalho: Antologia da Academia
Piauiense de Letras, 2018;
Fonte: https://acervoatitofilho1.blogspot.com/2010/10/celsinho.html (Tito Filho, José de Arimathea, Celsinho,
Jornal “O Dia”, Teresina,PI, 12/08/1988)
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