quinta-feira, 25 de julho de 2024

 


TRISTEZA DE ESCRITOR

 

                  Francisco Miguel de Moura*

 

Quis recolher as emoções mais raras

de ternura, de amor, nos livros meus.

Escrevi-as nos dias - noites claras -

nas caladas da vida,  o'  santo deus!

 

Chorei dores daquelas sem aparas,

como sofrem, sem culpa, tantos réus.

Vivi vidas sem nome, de tão caras

como suster a fé entre os incréus.

 

Tanto trabalho e tanta luta em vão!

Frutos virgens apanho em meu declive

e ofereço aos que passam. Nem se dão...

 

Por tudo, uma palavra nunca tive,

nem de consolo nem de compaixão.                                       

Tristezas de escritor só ele vive.

 

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*Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro.

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