quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024


 

SOMBRA
         Francisco Miguel de Moura*

 

Tenho lido e relido em vários tomos,

E não vejo do tempo a claridade.

O amor, que era brinquedo, por vaidade,

Hoje só mostra a palhaçada, os momos.

 

O passado é a sombra do que somos:

Alegrias, tristezas, com saudade.

O passado é perfume, é amizade

Ou o que restou dos nossos cromossomos.

 

Não sei se o sol fugiu de mim tão cedo

Que nem lembro seus raios no arvoredo,

Nem me cegou sua luz por ofuscante.

 

Por que é que a vida me saiu tão triste?

Não sei nem quero. Mas, enfim, resiste,

A merencória sombra em cada instante.

 

__________________

*Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro.

 

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