quinta-feira, 16 de junho de 2016

TUDO PASSA, MAS ÀS VEZES DEMORA E MACHUCA


Francisco Miguel de Moura      

São momentos angustiantes os que o Brasil atravessa. Eis que a política e os poderes constituídos ficam perplexos, ou então, presos a amarras do seu próprio mau comportamento diante da imprensa, do povo e do mundo. Quantas injustiças, quantas palavras indevidas, xingamentos mesmo - em lugares onde deveriam reinar apenas a moral, a ética e a civilidade - saem da boca dos seus deputados, senadores, ministros, chefes de partidos, etc. envergonhando o Brasil e toda a sua história! Entre os partidos, não obstante a propaganda, e nos escalões superiores do governo, parece que ninguém lembra do Brasil, parece que ninguém ama o Brasil, que o nosso lugar é este e não a África, a Europa ou a América do Norte, pra não falar em Cuba, Venezuela e quejandos. Mas lá na ponta, na classe média e na classe pobre, esta que o regime petista tanto pregou ajudar, a vida está dura, os salários diante da inflação baixaram. Ou literalmente acabaram para os que foram para fora do emprego. Há falta de condições nas empresas, já descapitalizadas e empobrecidas, para manterem os seus quadros. O desmantelo da economia, quando vem, atinge a todos, inclusive os miseráveis bolsa-família e outros tipos de bolsa.  Quando não há chuva, não há otimismo, perspectivas de progresso, as fontes secam e secam para todos. O planeta é um só, o país nosso é um só, e daí o desmantelo da inflação, dos roubos e arrombamentos, furtos e assaltos pelas ruas e cidades. Por quê?  Quem pode explicar? Não sei.  

Quantos lançam um olhar para o passado recente? Quem o fizer, lembrará o Fernando Henrique Cardoso, governo que tirou nossa economia da miséria, com sua boa administração, e criou Plano Cruzado. Se agora o “demonizam” é por orgulho ou por ruindade, pois o seu tempo foi um tempo de felicidade.Estou lembrando, agora, à missa do último domingo, onde recebo, como todos, um jornalzinho católico, muito bem redigido. Antes de começar a obrigação, leio um artigo assinado pelo padre Nilo Luza, com o título “O Amor vence o Pecado”. Copio um trecho muito geral que se coaduna com quase tudo que escrevi acima. E a aqui o reproduzo, propositalmente:

“Vivemos numa sociedade contaminada pela hipocrisia e pela intolerância de alguns (eu acrescentaria: de muitos), na qual se perdeu o sentido da ética, da justiça e do respeito. Dela fazemos parte, e a ela somos chamados a dar nossa contribuição para superar a falsidade e a arrogância. No entanto, às vezes, o que ocorre de fato é que acabamos por alimentar esses e outros valores contrários ao evangelho”.

Mas tudo passa, embora, por vezes, demore e machuque. Foi com esse pensamento que iniciei a matéria. Machucaduras que só passarão se alguns ou muitos resolverem cooperar com o bem comum, começando consigo próprio. Um exemplo muito comum hoje, o de que ninguém se incomoda mais de mentir. E eu gostaria de definir a mentira tal como o fez o escritor afegão-americano Khaled Hossein, no seu famoso romance “O Caçador de Pipas”. Um dos personagens principais diz ao filho que “o pior pecado do mundo é mentir, pois quem mente, rouba e mata”, concluindo que tal pessoa é capaz de praticar qualquer crime. É o que nós vemos no mundo político de hoje: mentira, falsidade, enganação. É daí que nascem os furtos mais diversos, os roubos e os rombos. Hábitos que esses “homens ilustres” vão passando ao povo. O mal é mais fácil de ser imitado do que o bem.  Esses hábitos dos políticos dos últimos tempos se traduzem mais nas palavras CORRUPÇÃO: MENTIRA, FURTO, FALSIFICAÇÃO, etc. Fatos que acontecem no alto da pirâmide social são transmitidos à base da população, ações facilitadas pela mídia. Lá em cima são altíssimos os rombos no tesouro da Nação. Cá embaixo, estou cansado de ver clientes de supermercados tirarem mercadorias pequenas e consumirem ali mesmo: bombons, barras de chocolate, garrafinhas de água de coco etc. e não pagarem no caixa. Passando por esquecidos, deixam os rótulos em algumas brechas das prateleiras. Isto é furto, quando não roubo. Quem furta o pequeno, furta o grande. O pecado, o vício, a falta de moral é a mesma. 

Se o povo brasileiro continuar assim, “pegando” e não pagando, o Brasil não chegará nunca a um bom lugar. Alguns dizem que estão furtando de ricos, não vale nada. Ora, a falta é pra quem pratica a falha. Se os bens são dos ricos é porque trabalharam. Não é justo que alguém lance mão da propriedade alheia sem pagar o correspondente valor. Lembrando o ditado popular de que “quem faz um cesto faz um cento”, fazemos dele a comparação com outro que retrata bem o momento de tanta confusão na vida nacional: “Quem rouba um tostão, rouba um milhão”. Fechando o assunto: propina, compra de voto, corrupção em tudo e por nada. Todos os meios de comunicação e, principalmente, as redes sociais estão cheios de protestos, frases até pesadas com relação ao que vai mal: - A miséria que existe, por falta de segurança, saúde e educação, já atinge os mais tranqüilos recantos do interior. A falação não poupa sequer os poderes da República – onde um presidente governa e uma “presidenta” esperar ser apeada totalmente da função por causa da lei da RESPONSABILIDADE FISCAL DESRESPEITADA, causando reviravolta na economia e em todos os setores da vida. O que fazer? Ficar calados? Não podemos nem devemos. Criticar é sempre o melhor caminho para um cidadão ou uma cidadã que ama o Brasil, a família, nossa história, nossa tradição, em suma, nossa gente. Inclusive o Judiciário, em suas lentas ações para resolver o que tem que ser resolvido logo. Os brasileiros sofrem e a desesperança machuca, fazendo uma ferida que demorará a ser extinta.
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          *Francisco Miguel de Moura, escritor, membro da Academia Piauiense de Letras.          E-mail:franciscomigueldemoura@gmail.com         Link: cirandinhapiaui.blogspot.com

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