Franacisco Miguel de Moura,
autor
Na “História de Picos”, algumas famílias merecem ser evidenciadas; a “Martins”, a “Santos”, a “Barros”, a “Luz”, a “Nunes” - importantes para algumas descobertas que indicariam o caminho percorrido pela civilização em Picos: a transmissão das características genéticas, da propriedade, do poder, dos costumes. Não esqueçamos as dos imigrantes, italianos, as famílias “Marcílio” e “Reinaldo”. Juntaram-se àquelas e hoje formam nosso tecido comum. Há outras menores e mais recentes, nem por isto desimportantes. A família “Morais Feitosa”, da região dos Inhamuns-CE, tem um significado mais recente. Por um lado, sua vinda para o Piauí teria como motivo a seca. Por outro, origina-se de uma região onde havia muita “valentia”, muitos assassinatos. Motivos: geralmente por disputa de terra ou brigas entre famílias. Nos tempos de maior prestígio, dizem que assassinar era quase uma brincadeira: os “Feitosa” matavam um hoje e já deixavam outro amarrado para amanhã. Mas segundo Billy Jaynes Chandler, americano que estudou a genealogia dos “Feitosa”, isto vai para o terreno da lenda. Ele já encontrou uns “Feitosa” bem pacíficos e bem humorados.
Na tradição histórica dos “Feitosa”
consta uma moça guerreira chamada Jovita Feitosa, cearense que bem cedo veio
para o Piauí e ficou morando com um tio, em Jaicós. Ela se tornou
célebre pela ousadia de passar-se como homem e alistar-se em um batalhão para
ir lutar no Paraguai. Se chegou até o Paraguai, se morreu antes no Rio (onde
teria tido um caso de amor trágico) é outra história. Dois escritores
piauienses foram buscar na tradição, nos jornais, arquivos e livros suas
façanhas, para os romances “Jovita, Missão Trágica no Paraguai” e “A Voluntária
da Pátria”, respectivamente de autoria de Assis Brasil e Humberto Guimarães. À parte o valor expressivo e estético dos
romances citados, eles prestaram um serviço enorme à comunidade pelas informações
do passado piauiense.
Minha mulher, D.Maria Mécia Morais
Araújo Moura, descende dessa família “Feitosa” - o mesmo tronco da família de
Jovita. Seu pai, Laudimiro Morais Feitosa, foi uma figura muito conhecida em
Picos, muito popular pelas suas loas e repentes, por qualquer motivo, a
qualquer hora. E também pelas boas amizades que mantinha com as pessoas mais
gradas da cidade como os “Nunes”, os “Barros”, os “Eulálio” e os “Luz”, de
forma que foi convidado para ser membro do Diretório Municipal da UDN, à época
o partido da oposição, pois quem mandava na cidade eram os “Santos”, através do
chefão Coronel Chico Santos.
Conta-se que Ágio Pinto, picoense da geração de Laudimiro
Feitosa, certa vez, em conversa com outros e em sua presença, o instiga com a
pergunta: - “Seu Mira, de que tanto se admira?” E Laudimiro Feitosa, mais
conhecido por Mirô, responde em cima da bucha: - “Deixe de lorota, filho de
Maria Cambota”. Eu mesmo o ouvi de viva
voz, quando acabava de jantar: “Comer
quando tem fome, / beber quando tem sede, / dormir quando tem vontade. / Deus
nos abençoe por caridade” E terminava fazendo o “sinal da cruz”,
cerimoniosamente. Mirô levantava bem cedo e ia ao açougue comprar carne. O
açougueiro, Quinca Cristino, da família “Gonçalves”, não sei por que carga
d'água, entre um palmo e outro de conversa, resolve mexer com seu Mirô: - “Na
casa de seu Mirô Rapadura tem muita fartura”. E ele responde em cima da fivela: - “E na casa
do “Camisão” só tem precisão”. De fato, Quinca Gonçalves usava camisa comprida e
por fora das calças. Daí o desabafo de Mirô, por causa do apelido “Rapadura”,
do qual não gostava, não obstante seu pai já possuí-lo, justo por praticar o
comércio de rapaduras, mercadoria tão preciosa naquele tempo, de forma
ambulante entre o Piauí e o Ceará. Seu Mirô, ao contrário, fora sapateiro, na
mocidade, e depois se estabeleceu com o comércio de mercadorias em geral.
Laudimiro Morais Feitosa nasceu em
04-03-1907 e faleceu em 19-6-1963; era filho de Joaquim Morais Feitosa,
cearense dos Inhamuns, e Josefa Maria da Conceição, picoense da Sussuapara.
Aliás, os picoenses gostavam de escolher moças da Sussuapara, e às vezes
percorriam toda a ribeira do Guaribas e avançavam pela do Riachão, no afã de
encontrarem noivas bonitas e de boas família. Laudimiro Morais Feitosa (vulgo Mirô) casou-se
pela primeira vez com Isabel Francisca da Costa. Ele tinha então 18 anos e ela
apenas 17. Ela faleceu em 15 de novembro de 1934, deixando três filhos: João
Morais (Feitosa) Sobrinho, nascido em 1927, ex-padre e professor; Maria do
Socorro Morais Ferreira, nascida 1928, de prendas domésticas, já falecida, e Antônio
Morais (Feitosa) Sobrinho, nascido em 1929, funcionário dos Correios, já
falecido. Seu Mirô, como era conhecido, casou-se, em segundas núpcias, com
Esther Morais de Araújo, ela paraibana, nascida em 10 de janeiro de 1911 e
falecida em 06 de setembro de 1987, seus pais eram Avelino Pereira de Araújo e
Maria da Conceição Neves. Os avós de Laudimiro Morais Feitosa, naturais da
mesma região que o pai, eram José Alves Leite e Mãe Velha (o informante, seu
bisneto Pe. João Morais Sobrinho, não conseguiu lembrar o nome legal). Quando seu Joaquim Morais Feitosa, pai de
Mirô, veio do Ceará trouxe em sua companhia duas irmãs: Maria e Belisca.
O segundo casamento de seu Laudimiro Morais Feitosa foi com dona Esther Morais
de Araújo, paraibana de Sousa (dos Araújo), nascida a 10 de janeiro de 1911 e
falecida em 6 de setembro de 1986), de cujo consórcio nasceram Maria Mécia
Morais Araújo, em 10-4-1941(que se tornou minha esposa), e Francisco Morais Araújo, a 16-3-1944, funcionário da CEPISA,
aposentado. No percurso que traçamos, além da ligação dos “Morais” com os
“Moura”, que acabamos de mostrar, outra ligação importante estabelecemos: com a
família “Conrado Costa”, visto que a primeira sogra de Laudimiro Morais
Feitosa, era dos “Conrado” e casada com José Borges Leal. Assim, chegamos a um
representante da família mais antiga de Picos, a “Borges Leal”, ligado a Mirô,
por via do casamento.
Os “Feitosa” estão espalhados por
todo o Piauí. Conheci o grande jornalista Helder Feitosa, assassinado
misteriosamente. Em Teresina, conheço mais um colega, aposentado da Cx.
Econômica, que o chamamos familiarmente de “Feitosa”; conheço Dª Liane Feitosa,
cujo esposo comprou minha casa, quando me mudei para apartamento; conheço Viviane
(jornalista de “O Dia”); conheço o Dr. Gisleno Feitosa, criatura amável, médico
competente e poeta nas horas vagas; e todos se declaram “Feitosa” de origem. E
atesto que nunca vi pessoas mais amáveis, mais alegres, inteligentes e
prestativas. Não tenho que me queixar da família de minha mulher, ao contrário,
agradeço a Deus tê-la sempre a meu lado.
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*Francisco Miguel de Moura – Escritor, membro da Academia Piauiense de Letras
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*Francisco Miguel de Moura – Escritor, membro da Academia Piauiense de Letras
2 comentários:
Sobre o primoroso Artigo: "Familia Morais Feitosa."
Segue para conhecimento, uma pequena ramificação de uma linhagem, que presumo ter alguma ligação com meus Trisavós Paternos:
* Francisco Lima Chaves Feitosa casado com Anna Arrais Lima Feitosa, ambos eram primos legítimos e nascidos em Parambu (quando ainda era chamada de São Pedro da Cachoeira), migraram em data desconhecida, todavia, sabemos que, o filho deste casal nasceu na Região Banhada pelo Rio Guaribas - Cana-Brava;
* Laudimiro Sousa Leite casado com Madalena Lima (São meus Bisavós Paternos), e;
Foi nesta mesma localidade que nasceu o meu Avô Melchiades Sousa Leite (1910) casado Raimunda Francelina de Carvalho (Primos Legítimos), o nome do Irmão do meu Avô chamava-se:
* José Laudimiro Leite (Vulgo Zeca Leite) o mesmo foi Vereador na Cidade de Picos - Piauí;
Ainda nesta citada região nasceu:
* Laudimiro Leite Neto (Meu Pai em: 1934);
Após a explanação acima segue a compilação dos dados elencados do Artigo:
A FAMÍLIA "MORAIS FEITOSA", NO PIAUÍ - Publicado em: 08/Dezembro/2014, ás 06:31
Do Escritor Francisco Miguel de Moura, membro da Academia Piauiense de Letras.
Link: https://franciscomigueldemoura.blogspot.com/search…
* Laudimiro Morais Feitosa (Seu Mirô) - Nasceu em: 04/03/1907 e Óbito: 19/06/1963;
Casou com 18 anos em 1ª Nupcias ano: 1925 com: Isabel Francisca da Costa (Nascida em 1908) tinha 17 anos quando casou, e ela faleceu em: 15/11/34, sendo sua Mãe da Família "Conrado Costa", casada com José Borges Leal, uma das Famílias mais antigas de Picos do Piauí, a Família "Borges Leal";
Tiveram três filhos, que são:
1 - João Morais (Feitosa) Sobrinho, nascido em 1927;
2 - Maria do Socorro Morais Ferreira, nascida em 1928, já falecida;
3 - Antonio Morais (Feitosa) Sobrinho, nascido em 1929, já falecido;
Quando Seu Joaquim Morais Feitosa, pai de Laudimiro Morais Feitosa (Mirô), veio do Ceará trouxe em sua companhia duas irmãs:
1 - Maria, e
2 - Belisca;
Casou em 2ª Nupcias com Esther Morais de Araújo, ela Paraibana, nascida em 10/01/1911, e falecida em: 06/09/1987, seus Pais eram: Avelino Pereira de Araújo e Maria da Conceição das Neves; Deste consórcio nasceram:
1 - Maria Mércia Morais Araújo, nasceu em 10/04/1941 casada com Francisco Miguel de Moura;
2 - Francisco Morais de Araújo, nasceu em: 16/03/1944;
Laudimiro Morais Feitosa (Seu Mirô), é Filho de:
* Joaquim Morais Feitosa, Cearense dos Inhamuns, casado com Josefa Maria da Conceição, Picoense da Sussuapara;
Ele é Neto de:
* José Alves Leite, Cearense dos Inhamuns, casado com Mãe Velha (Ficou como registro apenas o apelido carinhoso);
Para arquivo e aprofundamento da pesquisa sobre o local nos Inhamuns, onde nasceu José Alves Leite, bem como, qual o nome dos seus Pais e dos seus Irmãos e o nome completo da Esposa conhecida como "Mãe Velha";
Grato,
Palmas - Tocantins, 13 de Julho de 2020.
Creomildo Cavalhedo Leite.
E-mail: creomildo04@gmail.com
Samuel Morais Leite, filho de Martinho Morais Feitosa, meu pai, fala desse tio Mirô, tio Toinho, Tio João e Tio Militão.
Mora em Petrolina, tem hoje 83 anos e estudou em Picos.
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