O romance do premiado escritor
australiano, Markus Zusak, seduz adolescentes, graças à inclusão da obra em
alguns currículos escolares ou à interpretação para o cinema. Clássicos
brasileiros parecem fora de moda; professores mal leem e conseguem interpretar
Machado de Assis. Encostam-se apenas nos resumos.
Durante a Segunda Guerra Mundial, uma garota, Liesel,
abandonada, sobrevive, miseravelmente, fora de Monique, através de livros que
rouba para estudar. Ajudada pelo pai adotivo, aprende a ler e partilhar livros
roubados com seus amigos. Conduta reprovável, porém prazerosa, pela
oportunidade de colecionar amigos para leitura e estudo, em busca de sentido da
existência. Conquista um jovem judeu, que vive na clandestinidade em sua casa,
no fundo de um porão. Um afeto que enche as páginas de ternura. Liesel, através
da leitura, tenta amenizar a solidão do judeu.
Não me interessa desfiar comentário sobre o romance de
Markus Zusak. Chamou-me a atenção, digamos assim, o hábito pecaminoso de uma
jovem ladra. Que pecado? Roubar livro para aprender ler, trocar ideias, conquistar
amigos e horizontes de cultura?
Que apareçam mais ladrões de livros para estudar. Assaltar
para se curar da ignorância. Um livro, a melhor arma de fogo. Um estudante a
mais, um bandido a menos. “Assalto! Deitem-se no chão, seus irresponsáveis!
Quero livro! Quero aprender! Quero ser gente do bem, uma existência condigna!”
Imagino delegacias e presídios obrigando detentos a ler,
premiando-os com diminuição da pena a cada livro acompanhado de avaliação
escrita. Começar por um livro da Bíblia, outro de história de heróis e
vencedores ou de autoajuda. Nada de livros político - ideológicos com prontuário
esquerdista.
Já apliquei a receita aos estudantes bagunceiros. Punição
com leitura, depois, redação. Os pais adoravam o santo remédio. Nada de
expulsão de classe, suspensão e similares atitudes ridículas e
humilhantes. Meus filhos queriam sair
para baladas nos finais de semana. Permissão garantida, mas acondicionada à
leitura de matérias interessantes acompanhadas de comentário escrito. Mão na
massa, ainda no início da semana. Ver novelas, sim, mas tinham de comentá-las
por escrito. Nenhum precisou de
psicólogo por alguma mágoa, bullying. Ou de médico para exame de pressão e fezes.
Práticas da leitura entre os jovens, e os presídios se esvaziarão, a vida terá
mais sentido.
2 comentários:
Tive uma sorte na vida! Minhas três filhas são encantadas pela leitura! Isso é bom demais! Um grande bj querido amigo
Gisa,
Tive muita sorte, meus 5 filhos, entre os quais um filha já com 20 anos, minha mulher com quem vivo há + de 50 anos - minha secretária, minha faz-tudo.
Além disto, ganhei sua amizade, o que não é pouco, pode acreditar. Por isto receba meu largo abraço.
chico
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