Soneto
Poeta eu fui, e fui desde os primeiros
Anos, quando entendi-me um sonhador;
Na minha adolescência, tanto ardor
Aproveitei em versos prazenteiros.
Poeta fui, explorei as sutilezas
Nas palavras, nas coisas, sem temor
De errar a rima, o metro, e sem fragor,
Da mulher desfrutei tantas surpresas.
Poeta fui, do namoro ao casamento,
Desde o primeiro ao último rebento,
Gostei de tudo, até dos cinquenta anos.
Mas duro é ser poeta dos setenta,
Quando osso quebra e vaso se arrebenta,
Sem se queixar das dores, desenganos.
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*Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro, nascido no Piauí, mora em Teresina, a capital mais verde do país. Em poesia, faz tudo. Este um soneto inédito até agora, do livro inédito “Itinerário de passar a tarde”.
2 comentários:
Caro Chico Miguel,
Gostei de seu poema, no qual o poeta canta todas as fases da vida, em todas elas sendo poeta; poeta que continua cantando mesmo depois dos setenta anos.
Desejo ao amigo um bom final de semana.
Um abraço.
Caro Chico Miguel,segue a minha resposta ao seu comentário no meu Blog Veredas, na postagem "O Padre":
"Embora tenha lido "Poeta Fui" há pouco tempo, não memorizei com exatidão o primeiro verso de seu poema; o que posso dizer, como já o fiz antes, é que já tinha gostado como estava escrito; e agora que o li, na sua integralidade, reafirmo tratar-se de um belo poema, Parabéns".
Agora que estou aqui novamente pude ler a modificação que você fez no primeiro verso:
Já tinha gostado do seu poema, amigo Chico Miguel, mas agora o achei melhor ainda.
Um abraço.
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