Francisco Miguel de Moura*
Acordei cedinho. Uma flor descobri,
Flor que me dera seu primeiro beijo.
O sol ia alto. Apressei pra livrar-me
Dos raios, e a flor dos meus dedos caiu.
“Eu sou uma flor, esqueça meu cheiro”.
Mas ao lugar do crime a gente volta.
Na seguinte manhã, havia outra flor!
Pra meu espanto, solitária e triste.
E eu apanhei-a da beira do caminho,
E a beijei, e o fiz, sem reconhecer.
Ah! que maldade a natureza trouxe!
Enquanto os vegetais nos fazem o bem,
Nós animais - “tidos tão perfeitos” –
Tudo esquecemos... Até flor e beijo!
Ela chorou, chorou, lembrei seu cheiro
E me voltei em lágrimas e enleios.
E agora a guardo, para o meu carinho,
Quando voltar às páginas que leio.
Oh! Guardarei o livro para sempre
E o grande amor que a florzinha me deu!
Agora, todo dia, eu abro aquela página
E ela está me olhando. E lá estou eu.
_______________
*Francisco Miguel de Moura, brasileiro nascido no Piauí, poeta e trovador, além de romancista, contista, cronista e crítico de literatura e arte. Membro da UBE-SP, da Academia Piauiense de Letras, Teresina-PI, e da International Writers and Artists Association – IWA, Toledo – Ohio – Estados Unidos.
2 comentários:
Ah Chico, que terno, que meigo, que doce!Um beijo poeta!
Olá Chico! Passando para te cumprimentar e apreciar este teu belo e profundo poema. Lealdade e cumplicidade acima de tudo.
Abraços,
Furtado.
Postar um comentário