Francisco Miguel de Moura*
Da maneira como o Brasil e o mundo estão indo, a melhor forma de ser entendido é falar por crônicas como Jesus falou por parábolas, no seu tempo. Falar, para um obstinado escritor, é escrever. Escrever crônicas, no meu caso, visto que a crônica é uma recriação do cotidiano, seja com humor, lirismo, dramaticidade ou dissertando sobre os acidentes e incidentes do quotidiano. Aproveito a introdução para referir-me a uma viagem que fizemos a Valença do Piauí, eu e mais escritores, convidados pelo Prof. Romero Lima, em cuja ocasião tomei conhecimento da “Gramática sem regras”. Nilson Ferreira, professor e companheiro naquela viagem, carregava consigo um alentado volume, capa preta, gravado com nome e tudo mais, e foi me comunicando e mostrando:
- “Você já conhece a gramática sem regras”?
Tomei o volume nas mãos e abri-o, não encontrando nenhuma frase nem letra sequer.
- “É livro para fazer sucesso no meio da legião de preguiçosos - aqueles que acham que ser “cdf” é um defeito, um estigma” – eu contrapus.
E nós dois rimos gozadamente. “Ridendo castigat mors”, já diziam os romanos.
O fato não me teria cutucado a consciência e feito nascer brotoejas na alma, se não trouxesse à baila certos acontecimentos e polêmicas com relação ao uso da nossa língua (nossa e de Rui Barbosa, por que não?), tais como o da edição do livro de uma professora (não vale a pena citar o nome dos dois, a imprensa noticiou a tempo) - e sua distribuição pelo Ministério da Educação a todas as escolas oficiais (1º e 2º graus). O tal livro tenta impingir, na juventude brasileira, expressões totalmente erradas como “nós vai”, “nós pesca o peixe”, “a gente vamos”, derribando a regra central da gramática: – a concordância do predicado com o sujeito. A regra é esta, imutável, salvo em alguns pouquíssimos casos consagrados pela prática de centenas de anos e baseados em excelentes escritores.
A ética da língua é respeitar a gramática, seu código, sua lei. Se o brasileiro já não é dado a regras e se os responsáveis pela educação – as chamadas autoridades - estimulam a tendência, e não só isto, mas taxam de “fascistas” aqueles que zelam pelas boas regras – meu Deus, estamos perdidos.
Pois é. Metaforicamente os políticos usam “a gramática política”, ou seja, a legislação sem ética. Não são mais do que isto os chamados “mensalões” e agora os “mensalinhos”, quando os parlamentos (senado, câmaras e assembléias) compram e vendem seus votos para a aprovação dos projetos de seu interesse - tal como já fizeram com o eleitor, na eleição para seu cargo. A moda pega, pegou e continua pegando: Ninguém obedece nem a sinal de trânsito. Como, então, iria respeitar a propriedade alheia? A falta de ética é levada da política à administração pública, ao exercício da cidadania, e daí às linguagens: - esfarrapando a gramática, a boa dicção, o decoro na fala e na escrita como já esfarraparam (bateram, brigaram, ficaram feridos, morreram) a linguagem do trânsito, suas leis, sua gramática.
Lembrando aquela viagem, constatamos que o Nilson Ferreira fez humor do que já vinha acontecendo, não somente na escola, mas na sociedade inteira, de tal forma que da ética sem regras chegamos à “sua” gramática sem regras.
Da maneira como o Brasil e o mundo estão indo, a melhor forma de ser entendido é falar por crônicas como Jesus falou por parábolas, no seu tempo. Falar, para um obstinado escritor, é escrever. Escrever crônicas, no meu caso, visto que a crônica é uma recriação do cotidiano, seja com humor, lirismo, dramaticidade ou dissertando sobre os acidentes e incidentes do quotidiano. Aproveito a introdução para referir-me a uma viagem que fizemos a Valença do Piauí, eu e mais escritores, convidados pelo Prof. Romero Lima, em cuja ocasião tomei conhecimento da “Gramática sem regras”. Nilson Ferreira, professor e companheiro naquela viagem, carregava consigo um alentado volume, capa preta, gravado com nome e tudo mais, e foi me comunicando e mostrando:
- “Você já conhece a gramática sem regras”?
Tomei o volume nas mãos e abri-o, não encontrando nenhuma frase nem letra sequer.
- “É livro para fazer sucesso no meio da legião de preguiçosos - aqueles que acham que ser “cdf” é um defeito, um estigma” – eu contrapus.
E nós dois rimos gozadamente. “Ridendo castigat mors”, já diziam os romanos.
O fato não me teria cutucado a consciência e feito nascer brotoejas na alma, se não trouxesse à baila certos acontecimentos e polêmicas com relação ao uso da nossa língua (nossa e de Rui Barbosa, por que não?), tais como o da edição do livro de uma professora (não vale a pena citar o nome dos dois, a imprensa noticiou a tempo) - e sua distribuição pelo Ministério da Educação a todas as escolas oficiais (1º e 2º graus). O tal livro tenta impingir, na juventude brasileira, expressões totalmente erradas como “nós vai”, “nós pesca o peixe”, “a gente vamos”, derribando a regra central da gramática: – a concordância do predicado com o sujeito. A regra é esta, imutável, salvo em alguns pouquíssimos casos consagrados pela prática de centenas de anos e baseados em excelentes escritores.
A ética da língua é respeitar a gramática, seu código, sua lei. Se o brasileiro já não é dado a regras e se os responsáveis pela educação – as chamadas autoridades - estimulam a tendência, e não só isto, mas taxam de “fascistas” aqueles que zelam pelas boas regras – meu Deus, estamos perdidos.
Pois é. Metaforicamente os políticos usam “a gramática política”, ou seja, a legislação sem ética. Não são mais do que isto os chamados “mensalões” e agora os “mensalinhos”, quando os parlamentos (senado, câmaras e assembléias) compram e vendem seus votos para a aprovação dos projetos de seu interesse - tal como já fizeram com o eleitor, na eleição para seu cargo. A moda pega, pegou e continua pegando: Ninguém obedece nem a sinal de trânsito. Como, então, iria respeitar a propriedade alheia? A falta de ética é levada da política à administração pública, ao exercício da cidadania, e daí às linguagens: - esfarrapando a gramática, a boa dicção, o decoro na fala e na escrita como já esfarraparam (bateram, brigaram, ficaram feridos, morreram) a linguagem do trânsito, suas leis, sua gramática.
Lembrando aquela viagem, constatamos que o Nilson Ferreira fez humor do que já vinha acontecendo, não somente na escola, mas na sociedade inteira, de tal forma que da ética sem regras chegamos à “sua” gramática sem regras.
* Francisco Miguel de Moura – Escritor, membro da Academia Piauiense de Letras - APL
E-mail: franciscomigueldemoura@superig.com.br
3 comentários:
"Falar, para um obstinado escritor, é escrever. .." por isso, sigo vindo aqui conVersar e colher sempre tão boas crônicas!!
um abraço amigo, desejo de bom domingo e uma ótima semana.
Carmen.
Pessoas como você, com a sua versatilidade, capacidade argumentativa, arruamção das ideias, raciocínios lógicos, faz uma obra completa, deixando aos leitores apenas a opção de admirá-lo em tudo que escreve.
Eta pena (esferográfica, ou teclado) de fogo. Devo cantar como o Milton: "Como não fui eu que fiz......."
abs do fiel admirador
joão bosco
Complementando o comentário anterior, sugiro postar este belo artigo no blog de F.Santos. Sabemos da pobreza das manifestações dos visitantes. É a questão da parábola di bom pastor; Buscar uma ovelha desgarrada já vale a pena.
jbosco
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