AMADA MINHA - I e II - SONETOS

AMADA MINHA

      Francisco Miguel de Moura*

    
1.De longe, nos amamos loucamente.
Foram meses e anos, muitos dias
E  noites que a paixão, por outras vias,
Correndo desandava, impertinente.

Quis o teu seio túmido, vibrante
Tateado por minhas mãos macias.
Tanto andamos: caminhos tortos, vias,
Até que finalmente...  E foi brilhante,

Numa tarde de sol, lá na pracinha,
Ao temor que, por forte, eu já não tinha,
Beijei teus lábios, coração opresso.

Bebi teus olhos quentes com meus olhos
E afastamos as pedras, os escolhos,
Virando nossas vidas pelo avesso.

2. Fomos poema e música sem preço,
Cheios de lírios, rosas e perfumes,
Num jardim de mil flores, vagalumes...
E eu dizia: “Princesa, eu te mereço!

E me mereces, sim, mas anda logo!”
E então nos abraçamos fortemente.
Senti, na vida, o que jamais se sente”.
E suando frio, eu te pedia o fogo.   

E na cova do peito pus meu rosto,
E o colocando, lentamente, a gosto,
Só não morri de gozo por um tris.

Se  tudo mais me deste, achei tão pouco,
Pois, na vida, perdi-me. E cego e rouco,
Vivo as saudades de quem foi feliz.

http://cirandinhapiaui.blogspot.com
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* Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro, que mora  no Piauí, Brasil, com estes dois sonetos homenageia Guilherme de Almeida.
A imagem que os ilustra foi colada da web: http://www.expressãodalmapoema.arteblog.com.br