O famigerado BBB (Big Brother Brazil) é um programa cultural? Informativo? Show de comunicação desinteressada? Divertimento ou passa tempo? Evidente que não. E por que caiu no gosto de certa parte da população brasileira? José Nêumane, da Rádio Jovem Pã, fez um cálculo de que se 29 milhões de pessoas ligarem a cada paredão, com um custo de ligação de R$0,30 (trinta centavos), a Rede Globo e a Telefônica arrecadam 8 milhões e 700 mil (no último paredão foram 92 milhões de ligações). Eu vou repetir: R$8.700.000,00 reais a cada paredão. Isto mostra qual o interesse da mídia global: Arrecadar milhões e distribuir apenas 1,5 milhões ao “herói”, como chama Pedro Bial. Triste Brasil que precisa de tal espécie de herói!
Não sou um telespectador de “cadeirinha” nem de “cadeirão” (sofá), mas já assisti ao suficiente para ter uma opinião sobre o fenômeno televisivo que envenena adolescentes, jovens, empregadas e empregados domésticos. E começa a arrebanhar para o rol dos “tele-idiotas” algumas senhoras (antes vidradas apenas nas novelas) e cavalheiros (antes preocupados apenas com o futebol). No mais, louvo-me no que escreveram antes de mim. “Acho a televisão muito educativa”, disse Groucho Marx, pois “todas as vezes que alguém liga o aparelho, corro pra outra sala e leio um livro”, completa o genial comediante americano.
Talvez se possa entender que a massa informe de telespectadores, composta principalmente de jovens e adolescentes, sem a formação completa (ou mesmo sem nenhuma), seja pegada por essa arapuca de “emburrecimento”, visto que a instrução/educação nas escolas brasileiras anda mais baixa do que barriga de cobra. Não tem cabimento é que uma autoridade do campo da psicologia venha a declarar que o programa BBB, “ajuda a compreender o comportamento humano”. Isto bem mostra o tipo de profissional que as nossas universidades estão formando.
Disse Luiz Fernando Veríssimo que “o pouco que vi do programa, de passagem, zapeando entre canais, só me deixou perplexo: o que, afinal, atraía tanto as pessoas – além do voyeurismo natural da espécie – numa jaula de gente em exibição?”. Outro jornalista, Paulo Hamilton, diz que “Assistir ao BBB é ajudar a Globo a ganhar rios de dinheiro e destruir o que ainda resta de valores sobre os quais foi edificada nossa sociedade.” Juntam um monte de jovens (não importa se são lésbicas, gays, heteros), numa casa para ficarem à vontade, fazerem o que quiserem, especialmente competiram ferindo a ética, a moral e até os direitos humanos, confinados, todos em busca de um milhão e meio de reais que a promotora do evento oferece a quem romper todas as barreiras. São 4 meses, lá acontecendo as coisas mais absurdas do mundo em termo de comportamento, e o povão por fora vendo e aplaudindo... Isto não edifica quem participa e muito menos quem assiste. Ao contrário, muitas vezes as cenas causam nojo, repulsa em quem ainda pôde conservar da educação doméstica, da escola e da própria natureza que Deus lhe deu, alguma gota de humanidade, decoro e honra, vergonha mesmo de mostrar-se tão nu de alma e de sentimentos. E o jornalista que comanda a operação, Pedro Bial, ainda chama a isto de a “casa dos heróis”. É uma inversão de valores que dói na consciência de quem ainda a tem. Já vi que eu e milhões de brasileiros somos os anti-herois. Chamou “a casa dos heróis” também de “um zoológico humano”.
Mas o zoológico verdadeiro é coisa muito séria, honestamente. Aqui não existe depravação, deturpação do sexo nem exibição, vaidade, traição, ganância por dinheiro e fama... A casa do Big Brother é um bestialógico ilógico. E é feita para as “bestas” de cá, que gastam seu dinheiro, ajudam a Globo a enriquecer-se mais e à nação brasileira a tornar-se cada vez mais corrupta e corruptora.
Aposto que o pessoal que vê o BBB não lê nada, é analfabeta e/ou analfabetizada e brutalizada pela mídia. Onde está a causa de tanta burrice? Enquanto cresce a população de telespectadores dos “heróis” de Pedro Bial, decresce o bom senso, a solidariedade, a inteligência do brasileiro, onde os poucos que primam por uma melhor postura são chamados de inocentes, “abestados”, cafonas. Em suma, sou contra a proibição de qualquer programa, divulgação de notícia, apresentação/representação de obra de arte, etc. Mas penso que é hora de a justiça brasileira agir, dar um basta na falta de distribuição justa nos horários da tevê. Por que não colocar o BBB para dentro da madrugada? Por que deixá-lo exposto e elogiado diante da população jovem, ainda em formação? Que será do futuro desse povo, desta nação? Ninguém merece!!!....
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*Francisco Miguel de Moura, escritor, membro da APL, UBE e IWA (International Writers and Artists Association), respectivamente de Teresina (PI), de São Paulo (SP) e dos Estados Unidos (Toledo, OH).
4 comentários:
É, meu caro Chico Miguel,isso é mesmo o "fim da picada" (somente para ficar no lugar-comum que esse "público lesado" frequenta). "Celebridades" sem "célebros" (porque "cérebro" não é algo que cresce em qualquer lugar!).
Você, Chico, tem razão: estão criando um "modelo social" em cativeiro que poderá ferir de morte os paradigmmas hodiernos. Também, sou contra a censura, mas concordo com o controle do horário. Abraços
NÃO PERCO MEU TEMPO ASSISTINDO A ISSO, MIGUEL.
AINDA BEL QUE AQUI ONDE EU MORO, O ACESSO A GLOGO OU QUALQUER CANAL BRASILEIRA NÃO É TÃO FÁCIL.
Como vc escreve bem. Como é bom te ler.
Beijos
Além de tudo, ainda dizem que trata-se de um jogo.Mas como podemos compreender as regras de um jogo em que o próprio ser humano é apenas uma peça descartável?
E as nossas noções de ética?
abraço
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