Estive refletindo poética e filosoficamente – esta é a minha maneira – em encadear nossos valores numa escala bem lógica. Deve existir uma hierarquia entre eles. Talvez não aquela das dez tábuas de Moisés, que está longe de nós e do cristianismo, por mais que queiram nos impingir as religiões derivadas da Bíblia. Depois da história dos judeus veio Jesus, e este disse que era o filho de Deus e que veio para salvar o mundo. Disse mais a seu respeito: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” e foi ele também quem trouxe o verdadeiro mandamento do amor, o “amai-vos uns aos outros como eu vos amei” e o “não julgueis e não sereis julgados”.
Mas deixemos a Bíblia e as doutrinas religiosas aos que são seus pregadores e partamos para o nosso saber atual, o do senso comum, no estado laico em que vivemos. Neste, a vida é a essência de tudo, esse é o primeiro valor. Todas as coisas do mundo são medidas pelo homem em seu benefício, pelos sentimentos e imagens que lhe despertam o cérebro.
A vida seria tudo, mas, depois da vida, naturalmente vem a saúde. Vida sem saúde é uma vida incompleta. A doença é uma falta ou excesso que alguns homens impõem a si mesmos, quando não é um castigo de Deus ou da natureza.
Em seguida, vem o terceiro valor: a liberdade. Podemos considerar a liberdade como o espírito, não mais o corpo, não mais a soma. É a essência do espírito. Ela completa a saúde e ambas completam a vida. Completariam? É o que vamos ver.
Não, o homem é um animal social por excelência. Na sua convivência com os outros, quer ser reconhecido e amado. Em troca, os demais membros exigem reciprocidade. Isto é o humanismo, o amor, a solidariedade. E não é pelo amor que se transfere a herança genética aos filhos, através dos quais o homem se perpetua como espécie? É, e é também pelo amor que se processa a comunhão dos homens, a sociabilidade, a complementaridade. Porque “nenhum homem é uma ilha” e ninguém, nenhum homem é completo, por mais, belo, inteligente e forte que seja.
Mesmo assim, ainda falta um quinto valor humano. Um valor que tem ânsias de sufocar os demais porque representa o poder de um sobre outro, de uns sobre os outros, principalmente. E, por fim, o poder sobre as coisas. É o dinheiro.
Os menos avisados diriam que nisto se resume a vida do homem. Não sei se seria bom que isto fosse verdade. Mas o homem quer mais. O homem deseja ardentemente ser mais, ter mais, gozar mais, viver mais, e mais gastar. E quando se vê fora dessa ilusão é que procura Deus, pedindo ajuda. É a ligação com o todo. O homem é uma parte desse todo, embora a parte mais nobre, julgamos. Mas, parte é parte, existe separada do todo, mas nunca satisfeita, quer ter conhecimento do todo, porque é limitada. Quer integrar-se, não quer morrer. Daí o apelo para a religião.
Mesmo assim, ainda falta um quinto valor humano. Um valor que tem ânsias de sufocar os demais porque representa o poder de um sobre outro, de uns sobre os outros, principalmente. E, por fim, o poder sobre as coisas. É o dinheiro.
Os menos avisados diriam que nisto se resume a vida do homem. Não sei se seria bom que isto fosse verdade. Mas o homem quer mais. O homem deseja ardentemente ser mais, ter mais, gozar mais, viver mais, e mais gastar. E quando se vê fora dessa ilusão é que procura Deus, pedindo ajuda. É a ligação com o todo. O homem é uma parte desse todo, embora a parte mais nobre, julgamos. Mas, parte é parte, existe separada do todo, mas nunca satisfeita, quer ter conhecimento do todo, porque é limitada. Quer integrar-se, não quer morrer. Daí o apelo para a religião.
Finalizando, não sabemos se há outra vida, se a gente transcende. Não temos certeza sequer se há um Criador de tudo ou tudo sempre existiu e sempre existirá, sem propósito qiue não seja o próprio movimento do existir. O homem sabe que nada sabe, dizia Sócrates. Mas depois dele, veio outro filósofo cujo nome esqueci, e esse acrescentou: “Eu nem sei se não sei de nada.” Complicado, não é? Sim, porque “viver é perigoso”, como disse o poeta Mário Faustino, por estas e outras coisas. Mas, na verdade, não queremos jamais deixar a vida, que nós recebemos de graça, por uma duvidosa outra vida, a eternidade.
É, pois, assim que, humildemente, fechamos o círculo dos valores humanos hierarquizados pela parte nobre da natureza – o homem.
_______________É, pois, assim que, humildemente, fechamos o círculo dos valores humanos hierarquizados pela parte nobre da natureza – o homem.
*Francisco Miguel de Moura, poeta e prosador brasileiro, é membro da APL, da ALERP, da UBE-SP e da IWA-(Associação Internacional de Escritores e Artistas), com sede nos Estados Unidos.
5 comentários:
Tocante.
Como é bom ler seu blog. Não me canso de repetir isso, né?
Bom fim de domingo!
Olá Sr.Chico Miguel
O sr.acha mesmo que o homem é a parte nobre da natureza?Eu tenho as minhas dúvidas.
abraço, tudo de bom!
eu tenho dúvida também, Wanda, sobre essa "verdade" que o mundo inteiro prega. E como não sou ou D.Quixote, no máximo serei um Dom Xicote, então segui nessa corrente.
Mas, bem podemos ver que nem todos os homens valeriam a pena ficar incluídos nessa otimista classificação.
De toda forma, suas sugestões sempre me interessam e fazem a gente repassar o que escreve.
Obrigado, sua inteligêcia é brilhante e tem me ajudado.
Abraços de muito afeto
chico miguel de moura
Muito bom este texto, faz refletir sobre nós e o mundo.Gostei!
Abraço
André Santos
Linkedinrh,
Nome complicado o teu ou de teu blog.Venho agradecer tua passagem por ele também o conceito e elogio.
Com relação aos teus, acredito que não soube acessá-los, por isto deixo aqui a minha inquietação sincera
Atenciosamente
franciscomigueldemoura
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