domingo, 24 de outubro de 2010

FRANCISCO MIGUEL - UM SONHO JÁ VISTO

DEPOIMENTO  POLÍTICO         





"Somente duas coisas são infinitas: o universo
e a estupidez humana. E não estou seguro quanto
à primeira".


                                               Albert Einstein



Francisco Miguel de Moura* 

             Há uma expressão francesa que significa “aquilo que a gente já viu”: é o “déjà vu”, aqui ou alhures. E há um versículo da Bíblia, onde Deus diz ao homem: “Comerás o pão com o suor do teu rosto”. Significa que estamos condenados a trabalhar e produzir para que possamos viver honestamente. Mas o homem sonha não fazer nada. Teoriza e não custa nada teorizar. Custa, sim, é quando os sonhos e teorias são irrealizáveis. Por exemplo, a reeditar o Paraíso Perdido, de que fala o livro sagrado, já mencionado. Os homens não são iguais, os dois primeiros já foram feitos diferentes: homem e mulher.  Aí começam as discussões, os desentendimentos, as guerras. Assim foi feita a Revolução Comunista de 1917, num país, a Rússia, segundo a qual os trabalhadores deveriam mandar. Mandar a quem e em que, se tudo foi desapropriado pelo estado, trabalhadores e bens de produção? Ditadura do Proletariado. E daí, e assim, os soviéticos tentaram exportá-la. Mas não durou um século: caiu de podre e de pobre.

           O sonho dos partidos trabalhistas, dos trabalhadores ou do proletariado, assim o de Lula, é alcançar o poder, transformar todos em funcionários do Estado e o país numa ditadura, sonho já visto do outro lado do mundo e que não deu certo. Não precisa ser comunista ou socialista para saber e trabalhar para que haja justiça social. E não haverá jamais justiça social sem democracia real. Não se trata de igualdade social, porque nem a natureza nem Deus colaboram nesse projeto. A revolução socialista foi sangrenta, mas seus bons efeitos já foram incorporados às democracias modernas. Li toda a doutrina. Muitos brasileiros idealistas ainda sonham com o passado da União Soviética, com a revolução cubana, com outros socialismos. Mas o único país do mundo a adotar o comunismo, hoje, é a Coréia do Norte. E vive isolado por isto e a maioria da população passando fome para que o governo ditatorial faça armas nucleares para enfrentar os Estados Unidos e a outra Coreia, sua irmã, antes um só país. A China já não é um país comunista na prática, somente o é na teoria. O governo é ditatorial, de partido único, comandando a política e não é permitindo a existência de outros. Nem mesmo um cientista e humanista agora agraciado com o Nobel da Paz pode saber sequer da notícia, vive preso, e sua mulher também foi aprisionada para que não passe a ele a notícia. Significa que a China não tem oficialmente oposição nem imprensa livre, nem internet livre. Ou seja, os chineses abandonaram a prática socialista nas relações exteriores, mas ficaram com a teoria e o partido. Economia: livre. Estado: Ditadura.

         No mundo inteiro, o comunismo, o socialismo é um sonho já visto. Mas, na América do Sul, algumas cabeças ainda acham que é possível – o Lula, o Chavez, etc. E não conseguem. E como não conseguem, porque ninguém consegue o impossível – principalmente tratando-se de sociedade, política, economia, direitos humanos – tentam conservar-se no poder tanto quanto tempo for possível, criando as ditaduras populistas, ou melhor, reeditando-as (elas já existiram, e de vez em quando rebentam). Navegando no imponderável (os humoristas dizem “na maionse”), com discursos ilusionistas, foi que o governo de 8 anos de Lula inchou a máquina do Estado com funcionários que não fazem nada ou são de uma lentidão infinita, todos contribuindo para o partido, para perpetuá-lo no poder. Decorrem daí as negociatas, a corrupção de todos os tipos, a fábrica da informação e das estatísticas para o seu interesse, inclusive a desídia em combater o mal da droga e da violência, sob a capa de defender os direitos humanos sem exigir o cumprimento dos deveres humanos por parte daqueles que mais os exigem direitos até juridicamente – criminosos, assassinos, estelionatários, drogueiros e drogados etc.

            Que socialismo é este que tem por base a expansão da bolsa família e outras do tipo, expediente criado como emergência, para não deixar que os miseráveis morram de fome, enquanto buscam um trabalho? Criou-se no Brasil uma população inteira de famílias de desocupados, acrescida dos que deixam seu trabalho, logo que tomam conhecimento do paternalismo estatal. Chamam isto de distribuição de renda. Distribuição de renda com distribuição de esmolas. Que dignidade terão esses pais de famílias e seus filhos? Que cidadania é essa? 

             Não vamos tão bem como apregoa o governo. Se fôssemos teríamos boas escolas públicas (pelo menos o curso fundamental), para todos. Se fôssemos bem, o estado brasileiro não precisava estar criando leis de exceção para que a gente de cor de nossa terra entre na Universidade sem aprovação no vestibular, isto é, sem competência, sem o estudo necessário. A política do PT está implantando um racismo que não existia, com suas medidas de exceção e o fracasso em desenvolver a educação. Sem educação, o Brasil não irá para frente. Portanto, o sonho da candidata do “senhor” Lula é um sonho já visto. O Brasil não vai tornar-se um país mais socialista, nem petista, nem do Lula, nem da Dilma. A democracia deu certo no mundo inteiro e dará aqui também. Sem boa e completa educação, mais hoje, mais amanhã o buraco aparece, cai a máscara. Capitalismos x socialismo é uma questão morta e sepultada.

               Gostamos da liberdade, respeitamos a opinião alheia, a imprensa, a democracia, as legítimas autoridades enquanto mostram dignidade e lisura no comportamento. Quanto a isto, infelizmente, no momento há muito a desejar. Por isto é que acredito seriamente que votar em José Serra, neste segundo turno de 2010, é o rumo correto para o nosso país. O sonho da Dilma é um sonho já visto, que não deu certo. Ao contrário, nós temos uma realidade, o Brasil: um país continental, uma língua, várias tradições, e tudo isto devemos conservar para não perdemos nossa identidade. Isto não é um sonho, é o real, é a realidade que já construímos. Não foi ninguém, fomos nós, a nação brasileira.

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*Escritor brasileiro, publicou cerca de 30 livros de diversos assuntos, ganhou prêmios em vários gêneros, por todo o Brasil, Licenciado em Letras (Língua e Literaturas Brasileira e Portuguesa), mestrado em Crítica de Arte, membro de diversas Academias de Letras do Brasil, da União Brasileira de Escritores e da Associação Internacional de Escritores e Artista - Estados Unidos

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