Francisco Miguel de Moura*
SE A GENTE NÃO SENTISSE...
Se a gente não sentisse o tempo
(os ratos correndo, sentem),
Se a gente não sofresse o tempo
(como a hiena ri sofrendo),
Se a gente não comesse o tempo
(como os vermes do calendário)
de modo mais cruel, em cada níver)...
Nenhuma dúvida nem angústia
faria o peito parir e suar frio,
e os frutos da alegria se abrirem
quando alguém nos abraçasse.
Como inventar palavras e ganchos,
simbolizar a vida e seu futuro,
amar os que nos amam com apuro,
e aturar os males do feitiço?
Como pintar cabelos brancos
e fazer unhas, esses extremismos?
Como ganhar os caminhos que se perderam,
em lembranças e saudades provisórias?
Se a gente não sentisse o tempo,
seriamos pedra ou bicho mais miúdo,
ninguém era ou seria realmente
este nada, esta flor, este enfeite, este estrume.
A MENINA E O MENINO
Talvez a mulher primeira,
Juntos vararam velames
E galhos de umbu de cheiro
E mais espinhos... Vexame!
Seu cheiro forte sentido,
Cheira mais, qual um aceno
Do entre-pernas grelado
Para o céu iluminado,
E o menino tão pequeno!
O coração: buco! buco!
Batiam suas pestanas
Olhando aquele vestido
Cobrindo os seios, mostrando
O fruto, abaixo, estendido.
Naquilo, um olho o cegou,
E em seguida o outro olho,
E já não mais pode olhar.
Como é bom ver essas cousas
Que não se podem gozar!
Talvez por tamanho espanto
As pernas se enregelaram.
Cuidando que alguém chegasse.
Foram-se ambos, na carreira...
Que crime teriam feito?
Artes de menino branco
Com a molequinha treiteira
Mulher que lhe fez sonhar,
E foi, talvez, a primeira.
CANTIGA DE BOI
Cantiga de boi de outrora
Precisa calar.
Meu boi está muito vivo,
Agora e aqui, no Piauí.
As vacas dão leite
Do que vivo
E carne
Do que como.
Exportar-se não se exporta,
Vamos exportar cantiga
Moderninha que nem só.
Ei, meu velho boi, mansão,
Está na hora de dizer
Que você, agora é nosso
Pra cantar e comer.
É preciso cantar outra canção.
CLIMA
ver/de confuso, peço ar
vermelhidão, peço mar
horizonte azul difuso,
nenhuma paixão
nem perto nem longe
céu cinzento de nuvens pretas
cada vez mais perto
e quanto mais lhe estendo a mão
o pulmão não alcança.
ai que vontade de beber água
e um coqueiro sem folha me diz não.
CRIAÇÃO E CRIADOR
Ah, um momento (será?)
de descontentamento! há,
o incompleto:
- do ovo que descasca
- do homem que descarna
- da febre que delira
- do dia que se gasta
e
escorre
in-finito
e eu só existo como avalanche,
apressado por repousos
sem respostas.
há um vulcão que se abre
em flor de cinza e gosma
que escarra
mais vermelho que rosa.
momento mor da criação.
mas sempre depois despontará
o incompleto
triste, crestado
na flor ou na carne.
ESTAÇÕES DO AMOR
Quando roubei a luz dos verdes olhos dela
Numa taça de sol, junho, manhã... Verão
Cheirando a primavera. O frágil coração
Batia a me dizer: – “Sua rosa é aquela!”
Vivendo a vaidade, me fiz desatenção,
Só falando tolices ganhei a prima/vera
Na esperança do amor de verdade (e não era),
Confundi veleidades da humana paixão.
Quantas vezes sua mão apertei com carinho,
Quantas vezes fizemos o mesmo caminho
Beijos trocávamos pra vencer o inverno.
Mas a vida é cruel, cada um toma o rumo
De um destino insabido... E fazendo o resumo,
O outono me chega com as cores do inferno.
MORRER, NÃO PEÇO
Querer morrer, somente os suicidas,
E muitos, em caminho, se arrependem,
De ver que, agora, todos compreendem
O valor e a grandeza de suas vidas.
Mas há gente que arrisca uma pedida:
- Eu queria morrer como quem dorme,
Num sono tão profundo, sono enorme,
Pra não sentir o mal da despedida.
Ao contrário, eu direi: - Sonhar, sentir
Como um poeta, alegremente rir,
Soltar meu canto, mas jamais me apresso.
Morrer sem dor, subir, subir, voar
Sem asas como um anjo inexemplar,
Eu quero a morte assim... Porém não peço.
NATUREZA MORTA
campo de céu azul
sobre verde gramado
flores bancas sem sol
sem prefume, nem sal
e o vento não tem vez.
exalo do que evanesceu
há cem anos.
o arco-íres fugiu
a lua sumiu
deus nenhum apareceu.
a natureza é morta?
ou viva o plástico
uma vida que morre
para mil anos mais?
O SOM E A FÚRIA
o ressequido fole
emurchecido e vibrátil
se sufoca no ar
o chão de mim bastardo
a suportar
o que cai
e o que sobe
e bate sem parar.
é tanto som e tanto tom
que tonto vou
de letra não
de tantantantantã!...
OÁSIS
flores, folhas, galhos cantam,
troncos, sombras de encanto,
água fluindo em cascata.
mas se olho para os lados
o mundo vai se apagado
seria verdade do espírito
seria ilusão, miragem,
o que vi, que não me apaga?
nada assexuado, plantas
pássaros, luzes, prados
bebem gotas de sereno
sensuais, mais sensatas
que as mulheres que amei
e não me amaram.
e delas me enchi:
vilão ignoto, ignaro
bebo tua água arrependido,
oásis!
OH AMOR AGRESTE!
de saia comprida e de calça curta
na vista e no profundo
(silencioso soprar das folhas
que brincam com a brisa
da manhã)
ela passa e ele volta
e re-volta
abre portas devagarinho
com mão sábia
de quem conhece o que é destino,
natureza viva.
que a vida é assim quente
acorda antes do sol nascer
e não dorme ao se por
enquanto vive amada/mente
ONDE ESTAMOS?
O verso em reverso:
Liberdade, vaidade.
A poesia sumiu, iu! iu! iu!
O mundo sumiu e outro apareceu.
Os santos morreram
Os anjos voaram
E os demônios desceram
Pra matar os poetas
A pregar-lhes a mídia
Porque o mundo é banal,
Sexo, alegria, desamor...
Mito e mentira,
Horror!
Poesia? Alguém esqueceu
E o diabo amassou.
PAIXÃO, MERDA!
Perdi todas as minhas paixões...
Elas me deixaram sem memória:
De retrato, voz, canção palpitante.
Só o espelho quebrado de minha cara
Todas as manhãs,
Depois da noite insone,
Da lua nova, da cachaça, da chatice
Da rua.
Para que solidão, minha gente,
Se há oito bilhões
De humanos, com frio e fome,
Em todos os continentes?
Minhas paixões se perdem por aí.
As dores do mundo
Me atormentam.
Minhas paixões se foram à merda...
REVIVER EMOÇÕES
No meio de gente informe
Levantou-se uma voz,
Não me chamando de Xico,
Mas com o olhar quase flama.
Me fita e me reconhece,
Mais se firma e me enternece,
Vem rompendo a multidão.
Quase exclamei: “Sou poeta!”
Apertando nossos corpos,
Num abraço renovado,
Foi como bebesse um sorvo
Da paixão que dominava
De longe, em tempos de outrora.
Então os olhos do povo
De uma vez só se perguntaram:
- “Quem deu o primeiro passo!”
Enquanto eles eram muitos,
Nós, só um, embora dois,
Ali como antes e depois,
No meio da gente informe.
VERBOS
Sou humana bactéria até morrer.
Mas não sei em que estado vou ficar,
Depois da morte. Se a alma vai voar
E se o meu corpo os vermes vão roer.
Se errei na terra foi por creditar
Ao meu cérebro a luz do meu querer
E tudo que pudesse acontecer
Pra conseguir fazer e não mandar.
Sonhei, pensei, com medo de falar,
Todos os belos verbos vinham por
Imaginar, sonhar, sorrir e amar.
Mas, de todos, o triste foi sofrer
Apaixonado pelo único amor
Que me traía, sem sequer querer.
SENSUAL?
o corpo em toda parte,
o nada que é tudo
e parte.
há mais angústia aqui
e sonho que paixão.
há mais amor e lágrima
indizíveis.
e pensamento mais
em névoas cansadas
olhos nublados.
pensar não é viver!
aceso é o amor da carne
enquanto arde.
mas onde o sensual numa só parte?
SÍTIO DE AUSENTES
Em meus poemas moro. E a moradia
Fechada vive e quem passar nem olha:
“Vendo, troco ou alugo! É nova em folha!”
Está na placa (capa), à luz do dia.
Deixei de reformá-la. Com a feição
Natural conformei-me, eu, criador,
Tanto tempo a buscar tudo melhor
Mas tive que guardar minha paixão.
Se vou à rua quem me presta conta
Do que viu, do que ouviu de grande monta,
Sabendo que ela é guarda da poesia?.
Por isto, agora, os pensamentos meus
Se voltam sempre aos santos e ateus,
Mortos sem dor, cansados da harmonia.
AS VOLTAS DO AMOR (1)
passa o amor e volta
na gente, em profundo,
silencioso soprar de brisa
ou como um furacão.
passa em revolta e volta
em meia procura: é dor
na toda virada, em solta.
há circundar na pele,
no peito e bater-de-porta
antes fechado em ódio,
roxo, triste e sem fresta.
cansado de esperança,
o corpo baldio avança
sem perguntas-receio:
brincou de esconde no jardim,
escondeu-se no quarto
onde fez despojos.
amor duplo, amor uno
é o causador de nojos:
a criança da vérpera,
o homem do menino,
a mulher vaidosa
que se entrega a caminho.
SONETO DAS SUTILEZAS
São sutilezas da matéria vida:
Enxergar longe à luz dum olhar triste,
Sentir um coração que se contriste,
Ante um poema que o autor olvida.
São sutilezas da matéria vida:
Os vagidos primeiros da criança,
A beleza e a ternura de uma dança
Que, em gestos sensuais, foge e convida.
São sutilezas da matéria viva:
A mulher que não mostra seu avesso,
A coisa que, por simples, não tem preço...
Os olhares e os gestos com sorriso,
Fazendo deste mundo um paraíso,
São sutilezas da matéria viva.
AS VOLTAS DO AMOR – 2
Um belo amor submisso,
fico a pensar nisso:
No que deixou voar
quando era impreciso,
pois aqui não passa
nada em osso e carne,
que desasne a vista.
Brinca de viver
o amor submisso,
não salta veloz,
e andar é capricho.
E se a prisão da carne
não mais o conforta,
mesmo assim não abre
esta ou aquela porta.
Nem a nada exorta.
Brincar de viver
é o que menos importa.
Esta é a volta do amor
que não vem nem volta.
SONETO DE ARVERS
Félix Arvers*
Poeta francês. Soneto famoso, no original.
Mon âme a son secret, ma vie a son mystère,
Un amour eternel en un moment conçu:
Le mal est sans espoir, aussi j’ai dû le taire
Et celle qui l’a fait n’en a jamais rien su.
Hélas! j’aurai passé près d’elle inaperçu,
Toujours à ses côtés, et pourtant solitaire,
Et j’aurai jusqu’au bout fait mon temps sur la terre,
N’osant rien demander et n’ayant rien reçu.
Pour elle, quoique Dieu l’ait faite douce et tendre,
Elle ira son chemin, distraite et sans entendre
Ce murmure d’amour élevé sur ses pas;
À l’autère devoir, pieusement fidèle,
Elle dirá, lisant ces vers tout remplis d’elle:
“quelle est donc femme?” et ne comprendra pas.
____________
*Felix Arvers, poeta francês, famoso na época romântica,
Seu único livro de poemas só foi publicado depois da morte.
SONETO DE ARVERS
Tradução:
Francisco Miguel de Moura
Minha vida é mistério e na alma há um segredo
De amor eterno, num instante percebido,
Mal sem cura, do qual por meu medo duvido,
E ela, a causadora, nada sabe do enredo.
Ai! Eu passo por ela tão despercebido,
Sempre fico a seu lado e sempre solitário,
E farei até o fim, a morte em meu calvário,
Sem ousar pedir nada e nada hei recebido.
E a ela, que Deus fez distante, doce e pura,
Os sussurros de amor sobem até a altura
Dos passos no caminho e aonde quer que vá.
No austero mister, fiel e piamente bela,
Dirá lendo os meus versos, todos cheios dela,
“mas quem é essa moça?” E não compreenderá.
TESTEMUNHO DEUS
de deus sou testemunho
à moda da casa.
todo homem é natura
e todo se segura
no sol
na lua,
na terra e no ar,
no mar e na gruta
onde mora,
no que devora e no que oferece.
ser testemunho de deus
é uma guerra
como a dos palestinos e judeus:
- todos têm razão e todos são réus.
TO MY MOTHER
Edgar Allan Poe*
Because I feel that, in the heavens above,
The angels, whispering to one another,
Can find, among their burning terms of love,
None so devotional as that of 'mother' —
Therefore by that sweet name I long have called you —
You, who are more than mother unto me,
And fill my heart of hearts, where Death installed you,
In setting my Virginia's spirit free.
My mother — my own mother — who died early —
Was but the mother of myself; but you
Are mother to the one I loved so dearly,
And thus are dearer than the mother I knew;
By that infinity with which my wife
Was dearer to my soul than its soul-life.
_______________
*Edgar Allan Poe, poeta norte-americano, autor do célebre poema
“O Corvo” e de contos fantásticos, em cujo gênero se tornou conhecido.
PARA MINHA MÃE
Tradução:
Francisco Miguel de Moura*
Porque sinto que, nos céus acima, os anjos
Sussurram entre si não poder encontrar,
Entre tantas palavras ardentes de amor,
Nenhuma mais sagrada que o nome de mãe –
Por isto, com esse nome chamo sempre você,
E você, que é muito mais que mãe para mim,
Enche-me o ser de vida onde a Morte instalou-se,
E ajusta-me ao espírito livre de Virgínia.
Mãe, minha própria mãe, é a que morreu tão cedo
E a que foi quase minha mãe; porém, você
Que é mãe de alguém e amou tão santa e docemente,
É tão cara pra mim quanto a que conheci;
E pela grandeza com que foi minha esposa
Você me é tão cara quanto a alma dela, em vida.
DE FORA PARA DENTRO
Espanto nas águas:
A liberdade é um todo
Ou conseqüência.
A vida nasce e come
E vive e cresce e chora
E seca e some
E devora...
Ou é devorada!
Nem sólida nem fluida:
- Volúvel, anárquica.
No fundo e na flor,
A fome escondida.
E o sujo e o limpo,
No entra-e-sai. Escorre/dor!
Ou, adeus, vida!
Deus está nas águas.
_____________________
BIOGRAFIA;
*FRANCISCO MIGUEL DE MOURA (Chico Miguel)
Nasceu em Francisco Santos-PI (outrora “Jenipapeiro”, município de Picos, sertão do Piauí), aos 16 de junho de 1933. Estudos primários com seu pai; ginasial e contabilidade, em Picos, onde casou e fixou residência por alguns anos. Formado em Letras pela Universidade Federal do Piauí. Funcionário aposentado do Banco do Brasil. Mestre-escola como seu pai, funcionário público municipal (escrivão de Polícia), radialista, professor de língua e literatura, cujas atividades não mais exerce.
Já aposentado, dedica-se, hoje, exclusivamente a ler, escrever, fazer palestras e brincar com os netos. Colabora nos diversos jornais de seu Estado, entre os quais “O Dia”, “Diário do Povo” e “Meio Norte”; nas revistas “Literatura”, de Brasília (hoje editada em Fortaleza), “Poesia para todos”, do Rio; “LB - Revista da Literatura Brasileira”, São Paulo; “Almanaque da Parnaíba”, “De Repente”, “Revista da Academia Piauiense de Letras”, Cadernos de Teresina” e “Presença”, de Teresina. É também colaborador permanente dos jornais “Correio do Sul”, Varginha, MG; “Diário dos Açores”, das Ilhas dos Açores e “O Primeiro de Janeiro” (Suplemento Cultural “das Artes das Letras”), de Porto, Portugal. Ultimamente, vem sendo editado pelas revistas “Lea” e “Clarín”, de Espanha; “Pomezia-Notizie” na Itália; “Jalons”, em França e “The Moon Light, da Corea”, na Coreia do Sul.
É sócio efetivo da União Brasileira dos Escritores, da Academia de Letras da Região de Picos e da Academia Piauiense de Letras, e membro-correspondente da Academia Mineira de Letras e da Academia Catarinense de Letras. Por força de sua atividade como funcionário do Banco do Brasil, morou na Bahia e no Rio, e por último em Teresina, onde concebeu e publicou a maioria de suas obras. Residiu também em Salvador, Bahia, onde fez seu curso de pós-graduação (Crítica de Arte), na UFBA.
Estréia em poesia, em 1966, com o livro “Areias”, depois publica mais 13 outras obras no mesmo gênero, uma antologia de sonetos, denominada “Sonetos Escolhidos”, 2003, e outra de sua poesia até completar 30 anos, denominada “Poesia in Completa”,1997. O mais recente livro de poesias publicado foi “Tempo contra Tempo”, 2007 (parceria com o poeta Hardi Filho), e a mais importante, pela atenção que despertou no grande poeta Carlos Drummond de Andrade, foi “Universo das Águas”,1979, quando o poeta se encontra e se liberta de muitas influências, inclusive do próprio Drummond. Mas, neste sentido, também foi importante o segundo livro de poemas, denominado “Pedra em Sobressalto”, Edições Pongetti, Rio, 1974 – bastante elogiado pela nova geração de poetas e críticos piauienses.
Poeta sempre, mas foi como crítico, com o livro “Linguagem e Comunicação em O.G. Rego de Carvalho”, publicado pela Editora Artenova, Rio, 1972, e com o ensaio “A Poesia Social de Castro Alves” , premiado pelo Centro Acadêmico “D. Avelar Brandão Vilela”, da Faculdade Católica de Filosofia do Piauí e publicado pela Editora do Escritor Ltda., São Paulo (SP), em 1979, que o autor ganhou nome nacional.
Participou da antologia “A Poesia Piauiense do Século XX”, organizada por Assis Brasil, e de outras antologias poéticas editadas do Nordeste, Sul e Centro-Oeste do Brasil, assim como de outras do exterior (Estados Unidos, França, Cuba ). Em prosa é autor de “Os Estigmas” (1984, reeditado em 2004), “Laços de Poder” (1991), “Ternura” (1993) e “D. Xicote” (2005), com o qual ganhou o prêmio Fontes Ibiapina em 2003, prêmio que, aliás, já lhe tinha sido conferido pela Fundação Cultural do Piauí ao romance “Laços de Poder”, nos idos de 1980. Praticou também o conto inovador em “Eu e meu Amigo Charles Brown” (1986), “Por que Petrônio não Ganhou o Céu” (1999) e “Rebelião das Almas”, 2001. É cronista (E a Vida se Fez Crônica, 1996) e crítico literário de renome (Linguagem e Comunicação em O. G. Rego de Carvalho”, 1972/1997, 1ª e 2ª edição, respectivamente; A Poesia Social de Castro Alves, 1979, e Moura Lima: Do Romance ao Conto, 2002), tendo recebido prêmios em todos os gêneros literários que vem produzindo. Além desses, devem ser considerados na mesma área “Piauí: Terra, História e Literatura” (1980), “Literatura do Piauí” (2001) e uma biografia de seu pai, “Miguel Guarani, Mestre e Violeiro”, (2005). São-lhe inéditos, esperando publicação, cinco livros de poemas: “Itinerário de Passar a Tarde”, “O Coração do Instante”, “A Casa do Poeta”, “A Cor, as Cores”, “Lindes do Caminho”, “Testemunho” (reunião de traduções e versões), “A Sombra do Silêncio”, “A®fogo – Romance da Revolução”, já no prelo, e, em prosa, “O Menino quase Perdido” e “A Graça de Cada Dia”, além do romance “O Crime Perfeito” e a coletânea de contos “Histórias Lobisômicas”.
A obra de Francisco Miguel de Moura recebeu enorme manifestação da crítica, vinda de escritores de todo o país, inclusive críticos literários como João Felício dos Santos, Fábio Lucas, Nelly Novaes Coelho, Rejane Machado, cujo material foi reunido em dois volumes já publicados: “Um Canto de Amor à Terra e ao Homem” (Editora da Universidade Federal do Piauí - UFPI, Teresina, 2007) e “Fortuna Crítica de Francisco Miguel de Moura” (Edições Cirandinha, Teresina-Piauí, 2008).
Chico Miguel ama as artes, a poesia (literatura) especialmente – pelo trabalho que realiza com a palavra; ama o ser humano (o “eu” e o “outro”) e a natureza, quase como se fosse uma religião sem dogmas. Enquanto as religiões e a ciência são, de certa forma, indiscutíveis, incontestáveis, despóticas, portanto, a arte é humilde e trabalha em favor da humanização do homem, que ainda está bem longe. Talvez estas sejam as razões do seu agnosticismo
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Um comentário:
O poema, Chico Miguel, fez-me um regresso na memória: lembrei-me de pequenos pecados capitais. Feliz pretérito.
Abraços
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