Francisco Miguel de Moura*
Você é daqueles que ainda acredita em Papai Noel?
Por ocasião da festa natalina é que se fala em Papai Noel. Mas o que é isto, para nós? Natal, nós sabemos, é data do nascimento de Jesus, em Belém da Judéia, segundo está na Bíblia. E todos sabem quem foi Jesus, um santo profeta, que anunciou o reino do amor. Um santo filósofo, por sua sabedoria. Nunca disse que era Deus, e sim que era seu filho e nosso irmão. Mas não estamos aqui para destrinchar o Novo Testamento nem a religião católica.
O Natal dos povos latinos se origina no nascimento de Jesus, o filho de Maria e do carpinteiro José, de Belém, quando o menino recebeu presentes dos chamados Reis Magos, vindos do oriente, guiados por uma estrela, segundo a lenda.
Esta é uma boa oportunidade para lembrar os costumes brasileiros de outrora até o século passado. As crianças recebiam presentes de seus padrinhos. Para isto, iam tomar-lhes a bênção, mesmo que morassem distante. Daí a moda de dar presente generalizou-se e estendeu-se aos grandes, como gentileza, como amizade. Natal – festa de confraternização! A marca de tempos mais recuados era o presépio (ou lapinha) montado no adro principal da igreja, diante do qual as pastorinhas (mocinhas da sociedade local) cantavam cantigas próprias para o festejo. Quem ainda sabe alguma coisa desses costumes? Quem lembra dessas cantigas?
Sendo a festa da família, que explicação daríamos ao costume de festejar o Natal fora de casa, com jantares homéricos, tocados a muita bebida e outros vícios? E à volúpia das compras de tudo quanto é bugiganga nos shoppings e supermercados? Não seria tempo de voltar-se à meditação em casa, na igreja e mirar-se no exemplo dos filósofos e santos? Um bom filme, no recesso do lar, sobre temas do amor e da sabedoria; boas leituras e até mesmo um livro de auto-ajuda calhariam bem, nestes tempos de tanta multiplicidade, e por isto de tanto individualismo estéril, muitas vezes estúpido, quando o homem perdeu o eixo de si mesmo porque vive em busca de todas as referências, o que significa não encontrar nenhuma.
Papai Noel, o que é isto? Uma lenda. Pode ter-se baseado em conto hagiográfico sobre a figura histórica de São Nicolau, santo do séc. III, da religião ortodoxa, adotado especialmente pelos russos. Daí a neve, a rena, o trenó. Não consta que houvesse nada disto, em Israel, no tempo em que Jesus nasceu. Por essa lenda, Papai Noel mora no extremo norte. Os Estados Unidos dizem que a morada dele é mesmo no Polo Norte. Há muitas versões, de acordo com cada país e seus costumes. Mas esse São Nicolau veio muito depois de Jesus. Lenda por lenda, fiquemos com a nossa. A história do Natal não muda. É a mesma há mais de 2.000 anos.
Onde está a tradição? – pergunta-se.
Para que os valores não se percam, devemos respeitá-los e amá-los. A ignorância nunca foi uma boa companheira. Papai Noel é hoje o símbolo da comercialização da festa do Natal, especialmente depois da globalização do capital e dos bancos, do crédito a torto e a direito, enfim do capitalismo em seus moldes neocapitalistas. Papai Noel e Natal nada têm a ver, um é a deturpação do outro.
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*Francisco Miguel de Moura, escritor brasileiro, membro da Academia Piauiense de Letras - APL, Teresina, PI, Brasil, e da International Writers and Artists Association - IWA, Toledo, OH, Estados Unidos
Por ocasião da festa natalina é que se fala em Papai Noel. Mas o que é isto, para nós? Natal, nós sabemos, é data do nascimento de Jesus, em Belém da Judéia, segundo está na Bíblia. E todos sabem quem foi Jesus, um santo profeta, que anunciou o reino do amor. Um santo filósofo, por sua sabedoria. Nunca disse que era Deus, e sim que era seu filho e nosso irmão. Mas não estamos aqui para destrinchar o Novo Testamento nem a religião católica.
O Natal dos povos latinos se origina no nascimento de Jesus, o filho de Maria e do carpinteiro José, de Belém, quando o menino recebeu presentes dos chamados Reis Magos, vindos do oriente, guiados por uma estrela, segundo a lenda.
Esta é uma boa oportunidade para lembrar os costumes brasileiros de outrora até o século passado. As crianças recebiam presentes de seus padrinhos. Para isto, iam tomar-lhes a bênção, mesmo que morassem distante. Daí a moda de dar presente generalizou-se e estendeu-se aos grandes, como gentileza, como amizade. Natal – festa de confraternização! A marca de tempos mais recuados era o presépio (ou lapinha) montado no adro principal da igreja, diante do qual as pastorinhas (mocinhas da sociedade local) cantavam cantigas próprias para o festejo. Quem ainda sabe alguma coisa desses costumes? Quem lembra dessas cantigas?
Sendo a festa da família, que explicação daríamos ao costume de festejar o Natal fora de casa, com jantares homéricos, tocados a muita bebida e outros vícios? E à volúpia das compras de tudo quanto é bugiganga nos shoppings e supermercados? Não seria tempo de voltar-se à meditação em casa, na igreja e mirar-se no exemplo dos filósofos e santos? Um bom filme, no recesso do lar, sobre temas do amor e da sabedoria; boas leituras e até mesmo um livro de auto-ajuda calhariam bem, nestes tempos de tanta multiplicidade, e por isto de tanto individualismo estéril, muitas vezes estúpido, quando o homem perdeu o eixo de si mesmo porque vive em busca de todas as referências, o que significa não encontrar nenhuma.
Papai Noel, o que é isto? Uma lenda. Pode ter-se baseado em conto hagiográfico sobre a figura histórica de São Nicolau, santo do séc. III, da religião ortodoxa, adotado especialmente pelos russos. Daí a neve, a rena, o trenó. Não consta que houvesse nada disto, em Israel, no tempo em que Jesus nasceu. Por essa lenda, Papai Noel mora no extremo norte. Os Estados Unidos dizem que a morada dele é mesmo no Polo Norte. Há muitas versões, de acordo com cada país e seus costumes. Mas esse São Nicolau veio muito depois de Jesus. Lenda por lenda, fiquemos com a nossa. A história do Natal não muda. É a mesma há mais de 2.000 anos.
Onde está a tradição? – pergunta-se.
Para que os valores não se percam, devemos respeitá-los e amá-los. A ignorância nunca foi uma boa companheira. Papai Noel é hoje o símbolo da comercialização da festa do Natal, especialmente depois da globalização do capital e dos bancos, do crédito a torto e a direito, enfim do capitalismo em seus moldes neocapitalistas. Papai Noel e Natal nada têm a ver, um é a deturpação do outro.
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*Francisco Miguel de Moura, escritor brasileiro, membro da Academia Piauiense de Letras - APL, Teresina, PI, Brasil, e da International Writers and Artists Association - IWA, Toledo, OH, Estados Unidos
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