quinta-feira, 7 de maio de 2009
POEMAS DE PASCHOAL MOTA*
Poemas extraídos de
Ver de boi
belo horizonte: imprensa oficial, 1974.
aboio viii: o boicoice de ver de em fome
ver de boi ah oh
a carlos antoninho duarte
o boi da minha solidão
o boi da minha tristeza
o boi do meu cansaço
o boi da minha humilhação.
(dante milano)
eu vi na cara tão trite
do boi cortado no açougue
tinha a expressão do que fica
em dor de fina agonia.
ai cra cortada ai gume
ai sangue ali esquecido
as matas que nos cortaram
te deram sol e amplidão
a foice te acusa o medo
de golpe mais derradeiro
ai vida paz de mentira
ai medo da escuridão
vamos meu boi tão sozinho
olhar de frente este azul
de céu que é nosso comum
até não chegar meu dia
ai faca sempre afiada
na fome das multidões
meu boi de verdes paragens
meu sem nome e disfarce
irmão de mesmo destino
de outra decapitação
ai boi sangrando amargura
ai ruminada beleza
meu bloi de patas tão frágeis
meu boi perdido no tempo
memória pastando no escampo
inconfundível na infância
ai prados ai rios de sol
ai tempo de néscia espera
tanto verde esperdiçado
na paciência do boi
tanta frieza nos olhos
cortados a toda luz
ai corpo sem nome e marca
em podre composição
eu vi teus olhos caidos
sem refletir qualquer paz
já tinham do lento verde
vaga tristeza do só
ai mares de grama densa
ai passageira invernada
salve choro coagulado
em tua mudez ó meu boi
a vida tem seus princípios
inexplicáveis de ser
ai vida paz de mentira
ai medo da escuridão
ave morta
as virações aziagas
pairam
nas minudezas do vôo
e escapam curtas tristezas
de ser só em tanto campo
cortado o salto rasante
e os resgatges do giro
estua em ramo empalhado
ferida a seiva no cio
/ há olhos para a seara
há trinos para rondar trigo
há bico para quebrar grão
há muchas pétalas penas /
as vibrac,ões apressadas
nas asas de foi o ser
espargem gritos e orvalho
no véu de longa saudade
/ há vôos para o azul
há nuvens para plainar
há ledas quedas dos galhos
há ave flechada de vento /
a morte vigia e vasculha
as incufrsões de outra seiva
seara já curte no verde
a ave morta em sazão
/ há espantalho que espanta
as roças tidas de heranc,a
há vivo que planta a morte
de aves livres de canto /
a terra entulha na messe
os braços guardam colheita
a ave morta na palha
oculta a cor e a plumagem
/ há colheita para a fome
há rémiges quietadas /
elegia iii
hoje caminhas com as nuvens
que já emudeceram as vozes nas ravinas
e a paz bucólica cedeu lugar
a choro lamento e lágrima
por que não branquejar os lírios como outrora
ou transmudar o sangue em pranto e piedade
ontem vagavas com os homens
e eu temia teu destino
elegia vii
aves de arribação entoarão um cântico novo
modulado em voz de vento e solto no espaço
largo espaço
grande tempo
e as vozes de outrora
e a lágrima presente
e o manto de ternura
e os escondidos segredos
e viver na tua luz
______________
*Paschoal Motta, nasc. em São Pedro dos Ferros - MG, em 4.5.1936. Poeta, crítico, cronista, professor universitário, dipl. em Letras (1967), prêmio Alphonsus de Guimaraens (1971). Bibliografia: "Ver de boi", 1974 (poesia); "Antologia Poética 2(poesia c/Antônio Barreto, Geraldo Reis, Márcio Almeida e Ronald Claver; colaboração em periódicos.
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2 comentários:
Poesia da Doação.
Gostei da poesia, mais o que me desanimou foi algumas frases sem sentido. Se essas frases tivessem sentido poderia mudar os pensamentos das pessoas, para favor da doação.
Comentario de: Grupo 9ºC do emmanuel.
Poesia de Estudo.
Gostei pois insentiva as pessoas a estudar. Mas acho que deveria ser um pouco mais expressivo.
comentario de: ?
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