EU
Não me perguntem “quem sou?”
Fui – não vou descer.
Nem voltarei
a um mundo que rui
por trás de algumas fábulas,
rainhas, princesas, santos reis
e paredes.
Acreditar me dói,
tudo está para os outros,
sim, os que viveram
as mesmas ficções mortais,
as mesmas ilusões fatais.
Me vejo no alheio espelho,
como se a contra-face:
- O rótulo que calçam,
a etiqueta que vestem,
o vinho que entornam,
a cerveja que arrotam,
o mercado, a propaganda,
a arte não-barroca, oca,
os gritos da tevê
onde ninguém me vê.
Não! Nada sou para
sepulcros negros.
Só comigo estou,
só comigo sou
luzeiro na noite:
- Ninguém vê.
___________________
*Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro.E-mail: franciscomigueldemoura@superig.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário