sexta-feira, 20 de maio de 2022


 

  CELSO BARROS COELHO – “POLÍTICA, TEMPO E MEMÓRIA”

 

                                                                                     Francisco Miguel de Moura*

 

 

Nós, que compomos a “Casa de Lucídio Freitas” saudamos o “centenariante” DR. CELSO BARROS COELHO. “CEM VEZES PARABÉNS, DR. CELSO!  Consideramos, neste momento, a singularidade de a Academia Piauiense de Letras (APL) ter a alegria de festejar o CENTENÁRIO de um dos seus mais brilhantes membros e, não só isto, de uma das mais brilhantes figuras do Piauí, tendo-o vivo, presente e saudável: DR. CELSO BARROS COELHO.  Por isto, achei, por bem reativar um artigo publicado na época do lançamento de uma das mais importantes obras de Celso Barros, ou seja “POLÍTICA, TEMPO E MEMÓRIA”

Celso Barros, o autor de “Política, tempo e memória”, tem a estatura de um sábio do nosso tempo, na vida, na filosofia, na política, na oratória, na escrita e na arte de ensinar, sem usar de ostentação. Cultura lhe sobra, memória também, e vontade de servir com desprendimento.  Quantos já não escreveram e vão escrever sobre Celso Barros? Positivamente, é que nunca será demais proclamar os feitos dos bons, dos que só contribuem para a satisfação do próximo e do distante, dentro dos limites da lei, da justiça e dos bons costumes.

Eu mesmo, já em várias ocasiões, tive oportunidade de escrever sobre Celso Barros, quer como político, orador, professor, escritor, cronista e, principalmente, como uma das pessoas mais inteligentes e cultas que conheço e com quem tive a honra de conviver desde quando assumi a minha cadeira na Academia Piauiense de Letras. Recordo que ele, Celso Barros Coelho, juntamente com Dr. Clidenor de Freitas Santos e William Palha Dias foram as pessoas que mais me incentivaram a fazer parte da “Casa de Lucídio Freitas”, sem esquecer a simpática figura do mestre A. Tito Filho, condutor exemplar da nossa Academia de Letras.

Noutra ocasião, quando tive a oportunidade escrever a biografia do eminente jurista nacional, Coelho Rodrigues, para o livro “Minha História de Picos”, palmilhando, assim, os valores da família “Coelho”, tive o prazer de encontrar Celso Barros Coelho como um dos seus mais ilustres descendentes e me louvei em profundo artigo do acadêmico Dr. Celso Barros Coelho para ultimar meu trabalho referido acima. 

Mas não vamos repetir o que dissemos do Prof. Celso Barros noutras ocasiões. Faço apenas um simples chamado à leitura do livro “Celso Barros Coelho – Política, Tempo e Memória”, obra que, sob vários pontos de vista, diríamos perfeita, como biografia. Ele nos mostra o tempo da “Ditadura do Militares” de 1964, onde toma a política como referência evidente. E não só isto: também como sua origem de menino interiorano, do vizinho Estado do Maranhão, e como se tornou piauiense por ter quase toda sua vida de estudo e trabalho aqui, emprestando a sua grande capacidade de ação. Celso Barros, neste ponto, é uma glória para o Piauí. Mas não somente para o nosso Piauí – para o Brasil também – desde que é um dos juristas mais competentes do nosso país. Foi eleito Deputado Federal por duas vezes, só não tendo sido um dos constituintes de 1988, pelos azares que a política prega aos que a ela se entregam de boa fé. Antes, fora Deputado Estadual, cassado pela Assembleia Legislativa do Piauí da época, conivente com a “Revolução dos Militares”.

Poderia ter sido de outra forma? Os historiadores se fazem perguntas. Mas o seu dever é historiar o passado, documentalmente, em todas as suas linhas, como fez Celso Barros, neste livro sob comento, naturalmente obedecendo a sua ótica, que é, sem dúvida, de um homem honesto, coerente, competente, sem deixar de ser generoso tanto em família quanto na sociedade. Como fundador do PDC no Piauí, junto com outros companheiros, entre os quais Francisco Ribeiro Magalhães, Raimundo da Costa Ribeiro e Almir Reis, nas eleições de 1962, foi candidato a Deputado Estadual, sendo o único eleito pelo partido. Celso diz, no livro, que as ideias que então defendia, ardorosamente, são expostas no discurso de posse, proferido na Assembleia. (pg. 60/73), transcrito na obra em comento.  Claro que não posso transcrevê-lo, nem adianta tirar pequena(s) fatias(s), sob pena de não me fazer entendido. Aconselho o leitor a lê-lo integralmente, para ter, em primeira mão, os ideais políticos de Celso Barros. Se não comprou o livro, compre-o, se não há mais para vender – tome-o emprestado a um amigo ou consulte nas bibliotecas – a da APL é a   indicada.

Homem coerente e firme como Celso Barros, suas ideias políticas iniciais, é claro, permanecerão a vida inteira. Esse discurso é um dos documentos mais importantes que alicerçam a obra em apreço: O discurso foi o pronunciado na primeira sessão ordinária da Assembleia Legislativa do Piauí, do dia 01/02/1963. Outro que também deve ser lido e relido, no livro ou em outra parte, é o que pronunciou em 08/05/1964, conforme está na ATA DA 3ª SESSÃO EXTRAORDINÁRIA DA 2ª CONVOCAÇÃO EXTRAORDINÁRIA DA 5ª LEGISLATURA DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO PIAUÍ. É necessário que se leia toda a ata para compreender o que aconteceu naquele dia, o dia da cassação de seu mandato. Permito-me agora - porque só isto me é possível - transcrever um pequeno trecho do que disse Celso Barros, finalizando o seu discurso:

“A cassação do meu mandato não me causa apreensões nem me causa dissabores. Recebo-a não como um ato de justiça, mas como uma punição de quem acha que este lugar não é para mim. O erro foi do povo que me elegeu. Na defesa do meu mandato me limitarei a estas considerações, pois entendo que o mal não é perdê-lo, mas conspurcá-lo”.  (...) Agradeço com o mais íntimo de minha alma aos meus companheiros que se colocarem corajosamente ao meu lado, sem violentar sua consciência. E me despeço de todos com a profissão de Fé do Apóstolo das Gentes: COMBATI O BOM COMBATE, TERMINEI A MINHA CARREIRA, CONSERVEI-ME FIEL AOS IDEAIS DA LIBERDADE E DE JUSTIÇA. SÓ ME RESTA AGUARDAR A JUSTIÇA DOS HOMENS DE BEM”. (pg.96/97).

Acrescentamos, ainda, que Celso Barros, como grande latinista que é, pronunciou as palavras do apostolo Paulo, em latim.

 

                        _______________

*Francisco Miguel de Moura, poeta e prosador, membro da APL

2 comentários:

Anônimo disse...

Reconhecer o merito alheio nos enobrece.

CHIICO MIGUEL disse...

MERITO de Celso Barros reconhecido por muitos, obrigado

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