Francisco Miguel de Moura*.
Quem de si se
liberta será alguém
Que invoca a Deus e
denega a razão?
Não se faz arte
ingênua ante a matéria.
O artista ama as
substituições do ferro
Pelo barro, pelo
berro, pelos gritos.
Como os santos
fizeram, há que chorar
Pelas dores que os outros
vão vestir.
Há de descer aos
limites sem limite,
Há que sorrir pelo
que está de fora.
Sentidos, sons,
cheiros, e cores, lavras
Menos que a cor,
melhor a diferença;
Se mais som, menos
música, surdo ser;
Se mais forma é viver
o mais disforme.
Não se iludir que o
mal não é tão mau;
Nem que eterno é o
belo ou o parecer;
Mostrar mais
diferenças do que o feio
Que pode ser mais
belo o que o espelha
Se for visto por
lentes limpas, leves.
Se arte é ajuda e o
viver transforma,
Vencer é não gritar
“vim, vi, venci”:
Em cada rota há uma
parede envolta.
Libertar é vencer
milhões de monstros.
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*Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro.
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