À LUZ DE
UMA ILUSÃO
Na cata de
piolho, o caminho
que vai entre
o catado e catador,
dos dedos
ao cérebro, é modelo
e luz, quase,
talvez, amor.
Catar é dedilhar
os sentimentos
e paz, e
paz até o sonha azul...
Catar feijão,
meu caro João Cabral
é menos nobre,
apenas duas mãos
sobre caroços,
sem leveza... Não!
Catar
palavras, ai! Doçura, não,
quando o
dicionário as desconhece
e a mão do
catador vai de per si
e se torna
produto, muito ingrato
por alçar dor
contra o momento... Não!
De todas as
catas, prefiro a da infância,
quando o cabelo
do catado suavemente,
sente as mãos
da moçoila tão macias
planando a
luz de uma ilusão fugaz
que não passa
nem passará jamais.
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*Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro.
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