segunda-feira, 22 de novembro de 2021

 


A LUZ DE UMA ILUSÃO

        Francisco Miguel de Moura*

 

Na cata de piolho, o caminho

que vai entre o catado e catador,

dos dedos ao cérebro, é modelo

e luz, quase, talvez, amor.

Catar é dedilhar os sentimentos

e paz, e paz até o sonha azul...

Catar feijão, meu caro Cabral

é menos nobre, apenas duas mãos

sobre caroços, sem leveza... Não!

Catar palavras, ai! Doçura, não,

quando o dicionário as desconhece

e a mão do catador vai de per si

e se torna só produto, muito ingrato     

por alçar dor contra o momento... Não!

De todas as catas, prefiro a da infância,

quando o cabelo do catado suavemente,

sente as mãos da moçoila tão macias

planando a luz de uma ilusão fugaz

                    que não passa

                   nem passará jamais.

                                                  Teresina, 22/11/2021

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*Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro, sim senhor.

 

 

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