A LUZ DE UMA ILUSÃO
Francisco
Miguel de Moura*
Na cata de piolho, o caminho
que vai entre o catado e catador,
dos dedos ao cérebro, é modelo
e luz, quase, talvez, amor.
Catar é dedilhar os sentimentos
e paz, e paz até o sonha azul...
Catar feijão, meu caro Cabral
é menos nobre, apenas duas mãos
sobre caroços, sem leveza... Não!
Catar palavras, ai! Doçura, não,
quando o dicionário as desconhece
e a mão do catador vai de per si
e se torna só produto, muito ingrato
por alçar dor contra o momento... Não!
De todas as catas, prefiro a da infância,
quando o cabelo do catado suavemente,
sente as mãos da moçoila tão macias
planando a luz de uma ilusão fugaz
que
não passa
nem passará jamais.
Teresina, 22/11/2021
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*Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro,
sim senhor.
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