sexta-feira, 30 de julho de 2021

 

PEQUENA HISTÓRIA DE UM GRANDE CONSELHO - II PARTE

                   

Francisco Miguel de Moura*

                               


                 

          Conquanto pareça contradição escrever-se uma história da atualidade, em se tratando do Conselho Estadual de Cultura fá-la-emos como uma exceção, tendo em vista que as políticas públicas para a Cultura mudaram muito rapidamente nos últimos tempos e, assim, é de suma urgência registrar os fatos, episódios e personagens enquanto acontecem, muitas vezes ocasionados pela vontade de mudar, daí o apelo na formulação de leis e ordenações por parte do Governo Federal e seus órgãos, assim como das autoridades locais. Mas que seja ao menos um depoimento, ou vários, acrescidos de relatórios de atividades,  anotações e fatos que, encerrados em nossa correspondência e nas atas das reuniões, passaram despercebidos pela imprensa.

           O Conselho Estadual de Cultura, conquanto não seja executor de políticas cultuais, tem mostrado uma vitalidade incomum dentre os órgãos públicos, nos últimos tempos, especialmente no atual mandato. Enumerem-se de início algumas das atividades em que o Conselho Estadual de Cultura esteve presente, apontando e mostrado os melhores rumos, que acabaram por ser tomados pelos órgãos executivos, tais como a Fundação Cultural do Estado (FUNDAC), IPHAN, as Secretaria de Educação e Cultura e de Turismo, a Universidades etc.

          Primeiro, registre-se a formação do Conselho atual – seu último mandato a encerrar-se em junho deste ano – porque daí se podem aquilatar as áreas culturais mais lembradas e discutidas, visto que cada Conselheiro é normalmente um produtor cultural em sua área e quando não o é, tem o vezo de propagar suas atividades sempre que se lhe apresentem oportunidades, sem prejuízo das demais que formam o complexo da Cultura do Piauí:

– Manoel Paulo Nunes – Presidente, professor de literatura e crítico literário, várias vezes Presidente do Conselho, ex-Secretário de Cultura e ex-presidente da Academia Piauiense de Letras; Arimatan de Sousa Martins – Conselheiro, teatrólogo, ator e diretor; Elizabeth Medeiros – Conselheira, artista plástica e professora; Maria Dora de Oliveira Medeiros Lima – Conselheira, historiadora, funcionária pública, diretora do Museu do Piauí; Francisco Miguel de Moura – Conselheiro, poeta, crítico literário e de artes, membro da Academia Piauiense de Letras, ex-presidente da UBE-PI, editor; Pedro Ferrer Mendes de Freitas – Conselheiro, advogado, funcionário público, cronista, editor da “Revista do Instituto Histórico de Oeiras”, de cuja instituição foi Presidente; Maria Conceição Soares Meneses Lage – Conselheira, professora da Universidade Federal do Piauí, com doutorado, arqueóloga; Manoel da Cruz do Nascimento – Conselheiro, ator, teatrólogo e diretor; Raimundo N. M. de Santana – Vice. Presidente, professor, escritor, historiador, editor, filósofo da ciência e da cultura, ex-presidente da Academia Piauiense de Letras. 

          Observe-se que não foram preenchidas as três vagas de Suplente de Conselheiro, bem com a de Conselheiro-titular deixada por Elizabeth Medeiros, falecida no dia 03/06/2003.  Mesmo assim, graças à pontualidade dos demais, o Conselho tem-se reunido normalmente, desenvolvendo o seu trabalho ininterruptamente. É necessário frisar que faltou divulgação da atuação do Conselho, daí algumas críticas por parte de pessoas sem conhecimento do que se produz em matéria de planejamento, orientação, discussões objetivas e produtivas para os que delas tomaram parte, não obstante não serem devidamente divulgadas pela imprensa, talvez por falta do acompanhamento de um profissional do setor junto a nossas reuniões, cuja falta foi constantemente apontada e cobrada pelos Conselheiros, mas a solução sempre adiada pelos órgãos executores. 

          Outros Conselheiros, do período anterior, devem ser nominados aqui, pois muito contribuíram nas suas áreas de competência. Reportamo-nos a Carmen Lúcia Alves Carvalho, atriz e professora; Diva Maria Freire Figueiredo, arquiteta, Superintendente da 19ª Regional do IPHAN, no Piauí, que esteve sempre presente às discussões e problemas associados ao patrimônio público, durante os seus mandatos de Conselheira, ou mesmo depois se solicitada sua presença, sua experiência, sua vontade de servir à causa pública; Francisca Maria Soares Mendes, à época diretora do Museu do Piauí; Melquisedeque de Castro Viana, professor, poeta e historiador; e José Elias Martins de Arêa Leão, ex-presidente da Fundação Cultural, outro operoso Conselheiro que tem ajudado na resolução de vários problemas, quer apresentando projetos e possíveis alternativas em torno dos assuntos mais prementes da cultura piauiense.    

          Antes de adentrar-se propriamente nos problemas culturais recentes, especialmente do último período, registre-se que a Profª. Maria Gomes Figueiredo dos Reis, quando fez parte deste Conselho, substituiu o Prof. Paulo Nunes na Presidência, em vista de ser a Vice, no período de 7/4/1994 a 15/12/1994, e por isto faz parte, com justiça, da galeria dos Presidentes do CEC.

Passemos agora um breve relatório do que aconteceu de mais importante neste Conselho, nas áreas de sua preferência, por lei ou por eleição, quando muitas vezes extrapola da sua posição de consultor para a prática, no sentido de complementar as atividades que dizem respeito à preservação e elevação da cultura e das artes dos piauienses:

 

1. REVISTA  PRESENÇA

 

Merece um pequeno histórico da sua trajetória desde o número 1, em maio de 1974, onde Francisco Miguel de Moura, por convite, assina o primeiro artigo, depois das apresentações do Governador do Estado e do Secretario de Cultura, Prof. Wilson Brandão.

O mais antigo do Brasil, até mesmo que o Conselho Nacional de Cultura (fundado em 1966, segundo declaração do Prof. Paulo Nunes, jornal Meio Norte, de 29/3/2005), o Conselho Estadual de Cultura já existia de direito desde 12 de outubro de 1965.  É de ver-se que a partir do número 2, de Presença, de novembro de 1974, direção do Prof. Arimathéa Tito Filho, vemos matérias assinadas pelos Conselheiros tais como a da Conselheira, Profª Maria Amélia Azevedo Ribeiro, titulada de “Rui Barbosa e a Arte”.

O órgão ainda não era de responsabilidade do Conselho, mas editada pela Secretaria de Cultura e/ou Fundação Cultural. A participação maior de articulistas provinha da Universidade e de professores a ela ligados, ou da APL, e relatava as atividades desses órgãos (Secretaria e Fundação), além de divulgar e transcrever documentos históricos. No período da última gestão do Prof. Benjamin do Rego Monteiro Neto, ela, a revista, passou a ser organizada e editada pelo Conselho Estadual de Cultura, não mais pela Secretaria de Cultura.

Antes, a partir do número 5, que circulou em setembro de 1982, com Manoel Paulo Nunes como Secretário de Cultura, a Presença passa a ter nova roupagem, mais moderna e mais bem cuidada editorialmente, o que prossegue por algumas edições. No correr do tempo, acabada a gestão de Secretário do Prof. Paulo Nunes, vai voltando àquela feição anterior, mas circulando quase normalmente.

Com poucas exceções, é mais ou menos bem apresentável e rica em matéria, fotos e ilustrações, tendo novamente um salto qualitativo a partir do número 20, já no Governo de Freitas Neto. Ressalte-se que o Conselho Estadual de Cultura passara a ser dirigido pelo Prof. Manoel Paulo Nunes, depois de um longo período, os vários mandatos do Prof.Benjamin do Rego Monteiro Neto. 

Assim, a trajetória da revista Presença, arquivo vivo da cultura piauiense (e brasileira) nas últimas décadas, chega ao seu ápice e destaco os cinco últimos números, e entre eles o 32, do segundo semestre de 2004, que é quase perfeito em matéria de publicação da espécie, comparável ao melhor que se fez e se faz no Brasil, quiçá no mundo, o que se pode aquilatar pelas cartas e documentos chegados ao Conselho Estadual de Cultura, vindos do Brasil inteiro e do exterior. No jornal Diário do Povo, de 15/1/2004, o Prof. Paulo Nunes, principal mentor da revista, em artigo denominado Presença 30, declara: “Ao ocupar a Presidência do Conselho de Cultura, em 1992, assumiu esse órgão o encargo de dar continuidade àquela importante publicação, de forma regular, até chegarmos já agora ao nº 30, o que representa uma vitória da presidência, num meio tão adverso às atividades de natureza cultural. Conforme promessa do atual Secretário”– ele se refere ao atual Secretário de Educação e Cultura, Prof. Antônio José Medeiros – “iremos agora editá-la semestralmente, segundo o projeto original do Conselho que, por falta de recursos, não pode cumpri-lo integralmente. Já é um alívio e um alento muito grande para os que se empenham na divulgação da cultura piauiense.” Adiante cita matérias do nº 30: as homenagens a Martins Napoleão e Graciliano Ramos, a do Prof. Fonseca Neto sobre a artista plástica Liz Medeiros, a do romancista e cronista Afonso Ligório sobre Teresina, e finalmente se  refere à publicação do “Diagnóstico realizado pelo Conselho Estadual de Cultura sobre a Cultura Piauiense”, contendo o prognóstico e as metas oferecidas à consideração do novo governo.

Nada melhor, pois, que mostrá-la, numa exposição (a revista Presença), entre outras coisas que possam enfeitar a festa de celebração dos 40 anos de criação deste Conselho, no dia 12 de outubro deste 2005. 

 

2. PATRIMÔNIO - TOMBAMENTOS

 

Durante esses quarenta anos foram muitos os tombamentos de prédios e sítios, propostos pelos órgãos governamentais. Todos foram aprovados mas nem sempre concretizados, por várias causas, especialmente quando o prédio pertencia à iniciativa privada.

Os mais importantes e mais comentados desses tombamentos foram:

Na Capital:  20 bens do patrimônio material, desde 30 de novembro de 1981 (Escola Normal Antonino Freire) até  julho de 2002 (Igreja de Nossa Senhora do Amparo  e do Sítio Histórico da Praça Mal. Deodoro).

No Interior: 23 bens do patrimônio material, distribuídos entre Aroases, Amarante, Campinas do Piauí, Capitão de Campos, Esperantina, Floriano, Jaicós,  José de Freitas,  Jerumenha,  Padre Marcos, Pedro II, Piracuruca, Piripiri, Parnaíba e Oeiras, ao todo 15 municípios, destacando-se Oeiras com 5 tombamentos (Sobrado Major Selemérico, Igreja de N. S. do Rosário, Casa do Visconde da Parnaíba,  Casa do Cônego e Sobrado dos Ferraz), aprovados entre 1980 e 1986.

Com relação ao patrimônio imaterial, embora ainda não conste nenhum bem tombado da espécie, no Piauí, já existem pessoas e entidades se movimentando no sentido de promover alguma idéia, personalidade ou fato por demais importante  para que a comunidade possa guardá-los e reverenciá-los. Desse modo dão notícia trechos do artigo que transcrevemos a seguir, do Conselheiro-Vice Presidente, R. N. Monteiro de Santana:

“No processo de globalização ora vigente, as empresas multinacionais não se limitam, em sua penetração, a buscar somente o mercado integrado pela elite e já cativo. Buscam o novo e crescente mercado interno, integrado pelos trabalhadores, pelos mestiços herdeiros dos negros, dos índios, dos portugueses, dos italianos  etc. Este é o ponto.E  ponto crucial: a globalização quer incluir os excluídos dos padrões formulados em seus países-sede. Se conseguirem transformar a comunidade em consumidores locais, fragilizar-se-á, a identidade cultural brasileira (e piauiense).”

Joaquim Falcão, um estudioso do assunto,  afirma:

É na conquista do mercado interno, integrado pela classe média e popular, que se vai jogar uma boa parte do futuro do sistema de proteção de patrimônio intangível, de modo a se criarem condições para que as culturas locais (no caso, a brasileira,e por via de seqüela, a piauiense) possam se inserir autonomamente na globalização, e aproveitar, elas mesmas, suas possibilidades de aumentarem sua influência no mercado interno e até mesmo no internacional. Para tanto, se faz necessário exigir a implementação de um sistema internacional de proteção pela UNESCO, bem como a criação de sistemas nacionais de proteção ao patrimônio intangível, inclusive em nível regional e municipal.

No Brasil, já dispomos de um sistema de proteção de patrimônio cultural ou intangível, do qual trataremos oportunamente,  recordando, de início, todo o esforço realizado por destacados brasileiros (Mário de Andrade e Aloísio Magalhães), institucionalizado a 4 de agosto de 2000, através do decreto nº 3.551, oportunidade em que também se criou o Programa  Nacional do Patrimônio Imaterial.

Cabe ao governo do Piauí tomar idêntica medida,  tarefa que confiaria, no meu entender, ao Conselho Estadual de Cultura. É importante que isto ocorra, ouvido o Secretário de Educação e Cultura e a comunidade, destacadamente seus artistas e intelectuais, em reuniões sucessivas, com participação de toda a imprensa e da FUNDAC. O processo deverá ser amplo, sem exclusão de grupos, prática habitual e ainda vigente. A Secretaria do CEC já dispõe de avultado material, adquirido junto às entidades do Estado que já partiram na frente. Pessoalmente, tenho, através deste jornal, divulgado algumas idéias interessantes sobre o assunto.”(“O Dia”, 5.1.2004).

 

 3. BIBLIOTECA 

 

O Conselho Estadual de Cultura organizou também sua Biblioteca cujo acervo conta com 2.193 títulos, cujos consulentes são os próprios Conselheiros,  professores, intelectuais  e estudantes.  O material mais pesquisado é a revista Presença.  Registrem-se, aqui, os maiores doadores: TELEPISA, Academia Brasileira de Letras, as dos Estados, os Conselhos de Culturas e as Universidades. Esse serviço contou com a cooperação dos 4 funcionários que servem o CEC (Iolete Benvindo da Rocha, Jonas Pereira da Silva, Raimunda Maria dos Anjos e Francisco Pereira Campos)  e a secretária, Ana Maria dos Santos, dedicada, gentil e operosa,  que serve há já vários anos à instituição. Graças a eles foi possível compor esta segunda parte dessa história, quer fornecendo datas, relações, documentos, etc. quanto lembrando pequenas coisas que estavam  no esquecimento do historiador.

Mas isto seria muito pouco para um setor tão importante. O CEC tem-se batido fortemente pela atualização das bibliotecas públicas do Estado, das escolas e pela criação de outras, além de demonstrar a precariedade das existentes. Em vista dessa preocupação e motivado por críticas de um usuário, o Conselho deslocou-se para a sede da Biblioteca Estadual “Cromwell de Carvalho”, fazendo ali duas reuniões seguidas (13 e 20 de maio de 2004). O ator Dimas Leandro Batista, representando um grupo de estudantes e artistas do seu bairro, considerava, entre outras coisas, a recente destruição e o desaparecimento de livros e jornais, bem como o estado de conservação do prédio, condições inaceitáveis para casa tão importante, e que se via impossibilitada de bem servir a sua clientela formada, em grande parte, por estudantes pobres. Assim, entregou um relatório de suas críticas ao CEC, com sugestões sobre as providência que deveriam ser tomadas urgentemente pelas autoridades. Em ofício de 7.5.2004,  a Presidente da Fundação Cultural foi convidada por este Conselho a comparecer às nossas reuniões para tratar do assunto, tanto no Conselho quanto na Biblioteca.

Aqui vão alguns trechos de artigos inéditos do Conselheiro Francisco Miguel de Moura dobre o fato:

“Por motivo de saúde,  ausente o Prof. Paulo Nunes, quem mais neste Piauí tem defendido o problema biblioteca pública bem como qualquer problema referente à educação o Prof. Santana presidiu  o Conselho Estadual de Cultura em reunião das mais movimentadas e proveitosas  realizada  no dia 13/5/2004.  Presentes os representantes da FUNDAC e a Coordenadora da Biblioteca Pública, D. Salânia  Maria Barbosa Melo, esta expôs a situação da Casa com dados estarrecedores de como a deixara a administração anterior, em resposta às críticas feitas pelo ator Dimas Leandro Batista em seu relatório. Ela trouxe as seguintes informações:  não sabe o que é dotação orçamentária, vindo a confirmar a já sabida pobreza de recursos do Estado;  já está organizando, e breve começa a funcionar a Associação dos Amigos da Biblioteca;  o Piauí conta com mais de 150 municípios sem bibliotecas públicas; por fim, que a nossa Biblioteca Pública faz parte do Sistema Nacional de Bibliotecas, que abrange todas as bibliotecas do Estado. Através desse sistema, está trabalhando para instalar mais 7 outras em cidades que ainda não possuem o serviço. Tendo em vista que a biblioteca pública como serviço é uma tradição milenar, o Prof. Santana fez uma pequena introdução sobre a tradição cultural, colocando-a como uma força viva – ‘aquilo que os antigos fariam se vivessem hoje’ – e pediu não somente críticas mas soluções. ‘O Estado jamais oferecerá solução para o problema, que é a democratização do saber e da cultura através do livro, da imprensa e dos meios de comunicação; é preciso que a comunidade tome para si a defesa e a sustentação das bibliotecas públicas.’ Mas, enquanto a sociedade não muda sensivelmente neste sentido, é dever solicitar ao Governo urgentíssima prioridade ao fomento da cultura, ao problema da biblioteca pública. Não há nada mais prioritário, nem mesmo os concursos literários, as publicações oficiais. Não sendo um órgão executivo, dentro de suas atribuições o Conselho de Cultura está presente e oferece seu empenho, e disposto a discutir as soluções para a grave crise por que passa a cultura, especialmente a Biblioteca Pública Des. Cromwell de Carvalho.”

          Na sessão do dia 20 de maio do mesmo ano, também realizada na própria Biblioteca, foi a vez de sua Coordenadora apresentar as providências já tomadas e outras em perspectivas. Ao nosso Conselho de Cultura, levou relatório completo da situação anterior e da atual da Biblioteca “Cromwell de Carvalho”, na reunião seguinte. 

 

4. PUBLICAÇÕES (LIVROS E ARTIGOS)

 

Fato mais importante: Em 26.1.2004, o Conselho Estadual de Cultura enviou lista de 8 obras fundamentais do Piauí (Geografia, História e Cultura) à Secretaria de Educação e Cultura para que, em parceria com o Banco do Nordeste do Brasil, possa dar início ao Projeto Editorial do Governo. Posteriormente, àquelas obras foi acrescentada mais uma: “A Guerra de Fidié”, de autoria de Abdias Neves.  A Comissão que escolheu aquelas obras foi composta por Manoel Paulo Nunes, Raimundo Nonato Monteiro de Santana, Paulo Machado e João Kennedy.  Além disto, nas reuniões do CEC, o Conselheiro Francisco Miguel de Moura tem oferecido notícias de outros projetos editoriais, inclusive o de concursos de obras literárias e sua publicação, cobrando sempre pelo atraso destas. Enfim, os mais ligados à imprensa, nossos Conselheiros Paulo Nunes, R. N. Monteiro de Santana, Francisco Miguel de Moura e Pedro Ferrer, de vez em quando publicam nos jornais artigos do interesse do Conselho, focalizando problemas e propondo soluções no setor especialmente de cultura, letras e patrimônio.

Comemorando o “Dia da Cultura” (5 de novembro), o CEC registra o lançamento de  Sonetos Escolhidos, de Francisco Miguel de Moura, em sessão especial no Museu do Piauí,  em 6.11.2003,  apresentado pelo poeta Hardi Filho, além de uma exposição de poemas do autor e de artigos de crítica sobre suas obras.      

5. PALESTRAS E CONFERÊNCIAS 

 

Entre as conferências e palestras que foram realizadas no Conselho, por pessoas representativas do saber e da cultura, apresentadas por entidades, ou especialmente convidadas, citemos as seguintes: Alberto da Costa e Silva, membro da Academia Brasileira de Letras, sobre tombamento e conservação do patrimônio histórico no mundo, seus benefícios, complicações e repercussão na cultura dos povos; Prof. Acácio Salvador Veras e Silva, Presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí, sobre pesquisa científica e problemas da referida associação;  Professores Dr. Hélder Nunes da Cunha e Valdira de Caldas Brito Vieira, esta, Pró-Reitora de Pesquisa e Pós-Graduação da UESPI, sobre  tradição, ciência e tecnologia;  Prof. Valdionor de Albuquerque Barros, Diretor-Presidente da FAPEPI, e Profª. Maria de Fátima Aquino, ambos a respeito de ações em torno do estudo da ciência e tecnologia, na FAPEPI;  Prof ª. Maria Cecília da Costa Araújo Mendes, sobre a literatura piauiense e suas manifestações populares; Prof. Pedro Mendes Ribeiro, sobre literatura de cordel;  Profª Maria Cecília Silva de Almeida Nunes, sobre lendas piauienses: uma viagem pelo imaginário popular; Prof. Raimundo Nonato Monteiro de Santana, também sobre cultura popular;  Francisco Miguel de Moura, sobre Carlos Drummond de Andrade (esta realizada no auditório do Museu do Piauí). Registre-se também, em tempo, a participação do Conselho no 3º Fórum Nacional dos Conselhos Estaduais de Cultura, realizado em Niterói (RJ), nos dias 9, 10 e 11 de maio de 2000, através do Presidente, Prof. Manuel Paulo Nunes.

      

 6. MUDANÇAS NA SUA CONSTITUIÇÃO LEGAL

          Em 2003, a organização político-administrativa do Estado tratou de fazer uma grande reformulação nos seus quadros, desde as Secretarias aos órgãos públicos vinculados,  pois a nova composição político-partidária decorrente das eleições assim o requeria, para  possibilitar implantação de novo Programa do Governo. A proposta de mudança da lei, no que se referia à cultura, desfigurava no cerne o Conselho Estadual de Cultura, deixando-o subordinado à Fundação Cultura do Piauí (FUNDAC), dessa forma misturando órgão executivo com órgão consultivo. Em tempo, a Academia Piauiense de Letras reagiu com o manifesto Em Defesa da Cultura, assinado pelos acadêmicos Celso Barros Coelho, Francisco Miguel de Moura e Zózimo Tavares, tendo como relator M. Paulo Nunes e aprovado pelo Presidente da APL, Des. Paulo Freitas. O Deputado Olavo Rebelo, que o recebeu, enviou tempestivamente à Comissão Técnica da Assembléia Legislativa, comunicando depois a providência à APL.  

A reparação do erro contou também com a diligência, na hora exata, do Conselheiro Pedro Ferrer Mendes de Freitas, assessor parlamentar de outro deputado. Ficou estabelecido, então, conforme Lei Complementar nº 042, de 02 de agosto de 2004,  conforme  está no Art.6:  “Passa a integrar a estrutura básica da Secretaria de Educação e Cultura o Conselho Estadual de Cultura, como colegiado consultivo e normativo de caráter permanente.” (Diário Oficial nº 144, de 02.08.04).

 

CONCLUSÃO

 

Como vimos, o Conselho Estadual de Cultura marcou presença  nos mais importantes acontecimentos culturais dos últimos tempos, principalmente se da iniciativa do Governo do Estado,  na Capital e em outras  cidades e localidades onde foi requerida sua palavra, opinião ou ação em torno de assuntos da área da Cultura, participando aos órgãos executivos os fatos mais graves, as ações  mais  sensatas ou  corretas  e  urgentes a serem tomadas.  Representado pelo seu Presidente ou por Conselheiro ou Conselheiros designados, toma parte em reuniões, concursos, assembléias, simpósios e congressos, como, por exemplo, no Fórum Independente de Políticas Culturais, realizado nesta Capital, em 23/4/2004, onde atuaram os Conselheiros Arimatan de Sousa Martins e Manoel da Cruz Nascimento. Urgentemente reuniu-se para estudar e dar parecer quando da modificação da Lei 4.997, de 30 de dezembro de 1997, sobre o Sistema de Incentivo Estadual à Cultura – SIEC, onde vem participando de suas discussões (o membro indicado foi o Conselheiro Raimundo Nonato Monteiro de Santana), embora não sendo a primeira voz na direção, pois esta coube  à Fundação Cultural do Piauí. Também em acontecimentos como os 1º e 2º Interartes (Festival Internacional Serra da Capivara), de responsabilidade direta da Fundação Museu do Homem Americano, segundo a Conselheira Conceição Lages, “o CEC teve importante participação, quando cobrou dos órgãos financiadores (especialmente o Governo) e acompanhou a reformulação da lei estadual de incentivo à cultura”. Referida Conselheira acresce que “a presença do Conselho é constante nos debates sobre a conservação do patrimônio cultural arqueológico, inclusive com participação fundamental na criação da Superintendência do IPHAN no Piauí, antes apenas uma sub-regional do Ceará”.

          Finalmente, o Secretário de Educação e Cultura, Antônio José Medeiros Castelo Branco, é uma referência obrigatória, menos por ser do “staff” do Governo do Estado, mais por sua deferência toda especial à revista Presença e, por via de conseqüência, ao Conselho Estadual de Cultura e aos seus Conselheiros.        

 

 

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*Francisco Miguel de Moura é poeta, contista, romancista e cronista, funcionário do Banco do Brasil, aposentado, membro do Conselho Estadual de Cultura e da Academia Piauiense de Letras. Formado em Letras pela UFPI, não leciona.

 

 

 

 

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