Francisco Miguel de Moura*
Augusto
Comte (n. em Montpellier, 19-I-1798, f. em Paris, 5-IX-1857). Pai do Positivismo,
pensou em botar ordem no mundo. Sua doutrina começa com a revolta
antimetafísica, tenta criar uma sociedade baseada no amor-ordem-progresso,
arquiteta a religião da humanidade na qual os deuses eram substituídos pela
sociedade (esta baseada nos núcleos da família e da propriedade). Eram os princípios. Aos 17 anos matricula-se
na Escola Politécnica, aos 19 é expulso por liderar movimento de protesto;
depois estuda medicina, mas volta a Paris, onde vive de dar aulas e publicar
nos jornais. Foi secretário de Saint-Simon, que o encaminhou para o estudo da
sociologia. Publicou muitas obras, mas sobressaem “Cours de Philosophie Positive” (1830-1842) e “Catéchisme Positivista” (1852).
Para Comte, segundo as
enciclopédias e tratados de filosofia, “a análise científica aplicada à
sociedade é o cerne da sociologia, cujo objetivo seria o planejamento da
organização social e política”, planejamento que traria o bem-estar do homem. A
ideia era de que tudo o que se refere ao saber humano pode ser sistematizado
segundo os princípios e critérios de verdade das ciências físicas e biológicas,
e aplicar-se-ia perfeitamente aos fenômenos sociais. Ciência, religião, filosofia e saberes, tudo
o positivismo abarcou. Por isto é uma teoria absolutista, onde a liberdade de
criar e inventar, de mudar e de encontrar estaria condenada. Sendo assim,
influiria em tudo: na religião, na educação, na política. Nossa escola, se bem
estudada, guarda resquícios dessa doutrina. Por exemplo, a máxima “magister
dixit” – a verdade sem contestação – observada fielmente desde a prática do
ensino engessado ao livro escolar, da formação do mestre-escola ao método de
avaliação, sem possibilidades de mudança e com o castigo da reprovação.
Mas a doutrina positivista é
realmente positiva quando coloca como responsabilidade dos educadores
infundirem nos educandos o altruísmo, em detrimento do egoísmo. Entretanto
vemos que a ingrata sociedade abandonou esta parte e ficou com a pior: a
doutrina do Grande Ser, como era conhecido e amado o chefe Augusto Comte.
Creio
que o fato de, por lei, colocar-se uma data na bandeira do Piauí
(principalmente porque nós temos outras datas históricas para a independência
do Estado), é resquício desse positivismo. Se a moda pega, daqui a pouco, cada
Estado também colocará dizeres, datas ou recados em seu pavilhão.
____________________________
*Francisco Miguel de Moura, poeta, ficcionista, crítico literário, mora em Teresina, capital do Estado do Piaui, o mais pobre da República Federativa do Brasil m- Email: franciscomigueldemoura@gmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário