Francisco Miguel de Moura*
Foi na queda da minha meninice,
desaguando na minha juventude,
que me veio à cabeça esta virtude
de te gravar no coração, Alice.
Tu brincavas na praia, ondas salgadas
vinham quebrar-se nos teus pés, sem
pejo.
Aproveitar meu prematuro ensejo
seria um céu. Perdi nossas pegadas.
Sonho as curvas da praia, as curvas
tuas,
De tanta coisa, desejei só duas.
Na noite, as mãos levíssimas de sondas...
E entre séria e risonha te afastavas,
levada docemente pelas ondas.
The /Dez. 1966
2.
Francisco Miguel de
Moura*
Altas ondas do mar... Tu me encantaste
Mirando o verde-azul dos sonhos teus.
E eu que pensei ser ordem de meu Deus,
Me deixei ser a flor presa a tua haste.
Mas foi triste a ilusão! Eu, noutro
plano,
Jamais despertaria os sonhos teus.
Se nos amamos tanto em tal engano,
Continuaste, enfim, sem meu adeus.
E assim, no longe e perto, e separados,
Não sou flor, nem o fruto que sonhamos:
Sou a linda sereia destas águas.
Nossos rastos são rastos apagados
Pelo tempo e a forma do que amamos:
Nossas saudades não se tornem mágoas.
The/Jun./2018
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*Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro, mora em Teresina< PI,
publicou em 1966, o soneto inicial, sua estreia com o livro "Areias" e recentemente resolver fazer a "Resposta de Alice", para completar o quadro poético. Se gostarem, por favor, escrevam para o meu e-mail:
franciscomigueldemoura@gmail.com
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