Francisco
Miguel de Moura*
Para entrevista na TV Clube – Teresina-PI
Comecei minha vida literária
praticamente escrevendo um poema em papel embrulho, na loja de tecidos onde eu
trabalhava, lá pelo começo dos anos 50, do século XX. Eu vivia e trabalhava no
povoado Jenipapeiro, hoje Francisco Santos – PI, na loja de Areolino Joaquim da
Silva. Este poema caiu na mão de meu amigo Sebastião Nobre Guimarães. Ao ler o
poema, imediatamente me disse: Chico Miguel, eu vou levar este poema para Picos
e publicá-lo no jornal “Flâmula”, dos estudantes do Ginásio que havia sido
criado recentemente. O poema de nome “Teu Valor” foi publicado no jornal,
e daí foi um passo para que eu deixasse Jenipapeiro (meus pais e irmãs), indo
morar em Picos e fazer o Curso Ginasial que tanto eu queria.
No Ginásio, me tornei o primeiro aluno da turma e por isto
não pagava a mensalidade. O “Ginásio Marcos Parente”, apesar de público, não
era de graça, os alunos teriam que entrar sua contrapartida para poder sustenta-lo.
Assim, com Ginásio de graças, com
roupas e livros emprestados por meu parente e amigo Milton Portela Costa (que
já ia para o segundo ano do curso), tive tempo para estudar e ler bastante, os
poetas Manoel Bandeira, Drummond e tantos outros da modernidade, porque os
antigos eu já havia lido na escola de meu pai (onde fiz o primário) e na casa
de meu avô, que tinha os principais românticos: Castro Alves, Gonçalves Dias,
Casimiro de Abreu e outros.
Mas também lia muita prosa de ficção: Humberto de Campos,
Machado de Assis, José de Alencar, Visconde de Taunay (“Inocência”, livro que
inicialmente me inspirou a escrever romances). Minhas leituras atravessavam o
Atlântico: Eça de Queirós, em Portugal, e os romancistas franceses que foram
tantos.
Poesia, continuava fazendo, muitas foram para o cesto,
algumas escaparam até publicar o primeiro livro “Areias”, em 1966, já
morando e trabalhando em Teresina, vindo do interior da Bahia, cidade de
Itambé, onde fora exercer o cargo de Chefe da Carteira Agrícola e Industrial do
Banco do Brasil. Lá também li muito. Minha biblioteca era grande, sobretudo de
poesia e de história, do Brasil à Geral.
Esqueci de dizer: No terceiro ano do Ginásio em Picos, em
já havia entrado para o Banco do Brasil, no cargo de Auxiliar de Escriturário.
Aí, então, não precisava ficar na casa do meu parente, Abraão Corado, pai do
Milton: Fui para um hotel até casar-me com minha atual esposa, Dª. Maria Mécia
Morais Moura, com quem tive 5 filhos: 2 em Picos, 2 na Bahia e 1 em Teresina.
Trabalhando no Banco do Brasil, fiz a Faculdade de
Filosofia e Letras à noite, ao mesmo tempo escrevendo poemas, publicando nos
jornais, e criando minha maior obra de crítica literária; “Linguagem e Comunicação em O.
G. Rego de Carvalho”, editada no Rio (RJ), distribuída e criticada e
elogiada em todo o Brasil, inclusive tendo sido matéria a figurar no livro “História
da Crítica no Brasil” do Prof. Wilson Martins – o maior crítico
literário brasileiro.
De pois de “Areias”, minha estreia em 1966, com prefácio belíssimo de
Fontes Ibiapina, fui publicando obras que, ao todo, são mais de 40
livros, se contarmos com as segundas edições de “Literatura do Piauí” e
“Poesia (In)Completa”, respectivamente pela Universidade Federal e pela
Academia Piauiense de Letras e mais ainda a recente “Minha História de Picos”, também
edição da Universidade Federal do Piauí, que será lançado esta tarde, no
SALIPI, na própria Universidade.
“Pedra
em Sobressalto”, altamente elogiando pela escritora
carioca Rejane Machado, entre outros críticos de igual valor; “Universo
das Águas”, elogiado pelo grande poeta Carlos Drummond de Andrade.
Resumo de minha biografia
literária constante:
Francisco Miguel de Moura – Poeta, cronista, contista,
memorialista, romancista, historiador e crítico literário, nasceu em
16-06-1933, no povoado Jenipapeiro (hoje Francisco Santos-PI), na região de Picos-PI,
filho do mestre-escola Miguel Borges de Moura (Guarani) e Josefa Maria de
Sousa. Casou-se com Maria Mécia Morais Araújo. Fez o primário com seu pai e o
secundário completo, em Picos-PI. Em Teresina, fez a Licenciatura em Letras, na
Universidade Federal do Piauí, sendo pós-graduado em Crítica de Arte, pela
Universidade Federal da Bahia. Funcionário do Banco do Brasil, hoje aposentado.
Participou do CLIP – Círculo Literário Piauiense, junto com Herculano Morais e
Hardi Filho. Membro da Academia Piauiense de Letras e da Academia de Letras da
Região de Picos. Obras: “Areias”
(1966), “Pedra em Sobressalto” (1974.
“Universo das Águas” (1979); Bar Carnaúba (1983); “Quinteto em Mi(m)” (1986); “Sonetos da Paixão” (1988), “Poemas Ou/tonais” (1991); “Sonetos Escolhidos” (2003); “Antologia (2006); “Viragens” (2001); “Poesia in
Completa” (1997). Em 2017, veio a
seleção de todos os seus poemas em “Poesia (in Completa”), 2ª ed. Como crítico,
teve o seu nome circulando no Brasil e no exterior, com “Linguagem e Comunicação em O. G. Rego de Carvalho” (1972/1977); “Poesia Social de Castro Alves” (1979).
Em prosa de ficção, publicou (romances): “Os
Estigmas” (1984), “Laços de Poder”
(1991) “Ternura” (1993) e “Dom Xicote” (2005). De contos: “Eu e meu Amigo Charles Brown” (1986), “Por que Petrônio não Ganhou o Céu” (1999) e “Rebelião das Almas
(2001); e de crônicas: “E a Vida se Fez
Crônica” (1986) e “A Graça de Cada
Dia” (2009). Além desses, ainda publicou o memorial “O Menino Quase Perdido”,
também em 2009, que foi um grande sucesso de crítica e de mercado.
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Teresina (PI), 8 de
junho de 2018
*Francisco Miguel de Moura.
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