Francisco
Miguel de Moura*
As
diferenças na vida social, em qualquer país ou região, são
grandes. Isso, falando-se a respeito da condição econômica e de
projeção na sociedade. Não vamos dissecar sobre elas, nem
condições temos, numa artigo como este, entre a bondade e a
maldade.
A
bondade dos bons, como eu dissera certa vez, não teria limites. É
necessário uma explicação, visto que a situação era outra. Não
sei se consigo fazê-la. Por isto recorro ao hoje Papa Francisco
(Jorge Bergoglio) justamente quando explanou sobre o
céu e a terra,
juntamente com o Rabino Abraham Skorka, numa espécie de entrevista
ou conversa a dois, em livro que o editor deu o nome de “Sobre
o céu e a terra”,
publicado em espanhol e depois traduzido para a língua portuguesa
por Sandra Martha Dolisnsky, para a Editora Schwarck, 20117 – São
Paulo.
A
primeira autoridade religiosa acima mencionada diz:
-
“O desprestígio
do trabalho político precisa ser revertido, porque a política é a
forma mais elevada de caridade social. O amor social se expressa no
trabalho político para o bem comum”, frases
que estão contidas num longo artigo do livro.
Parecem
ter sido dito no Brasil dos dias de hoje(vide Lula e Dilma, Michel
Temer nem tanto). Mas vêm de um tempo parecido. Tempo de Perón,
quando o atual Papa já era grande – ele nasceu na época Perón,
na Argentina, e a família de Bergoglio era muito radical, sofria, é
claro, naquela imensa ditadura, cujas mazelas não adianta repetir
nem um pouco em palavras.
Mas
vamos adiante. A segunda autoridade religiosa citada, o Rabino
Skorka, acrescentou sobre o assunto:
-
“Há um jogo
duplo entre os políticos, que, por um lado pedem que a religião não
dê opinião, mas na campanha querem a bênção dos ministros
religiosos”.
Mas,
ser
bom não é apoiar ou desapoiar políticas e políticos, isto tanto
nas religiões quanto na vida civil. Ser bom é fazer o bem, sempre e
em qualquer lugar. Ser bom é ter caráter. E caráter não se pode
dar, vender, oferecer, nem há escolas do mundo que ensinem a pessoa
a ter caráter: ela já nasce com tendência e essa tendência será
acentuada através várias circunstâncias. Quem é bom faz sempre o
bem, não é preciso ser um santo – Deus é misericordioso e perdoa
os pecados que não foram praticados, como mamãe dizia, “de
caso pensado”,
propositalmente.
Os
maus têm mau caráter. Não adianta fazer uma coisa boa para
“aparecer”, por vaidade, como alguns políticos (ou vários) e
continuar seguindo afogado na corrupção. Corrupção é um dos
pecados maiores que existem na vida pública. O corrupto concorre
para a pobreza, sujeição e humilhação dos pobres, embora pareça
que está fazendo o bem. A corrupção pode acabar com um país, uma
nação. Corrupção é tão pecado como os que matam na guerra, na
guerrilha, no terrorismo.
Agora
tenho que recorrer ao escritor e filósofo Olavo de Carvalho, que não
suportando mais a sujeira das pessoas e instituições do seu país,
nosso Brasil, e quase sem condição de aqui trabalhar, foi embora
para os Estados Unidos da América. Tenho que recorrer a ele, com
suas próprias palavras escritas no livro mais importante editado no
Brasil, no gênero de divulgação da filosofia social de hoje,
baseado em grandes leituras e estudos. Ou, para não cansar,
interpretando as sua lições do livro “O
mínimo que você precisa saber para não ser um idiota”, Editora
Record, Rio/São Paulo, 2016 (refiro-me à 20a.
Edição). “
E o pecado (…) , em todos os casos possíveis e imagináveis, só
pode ser reprimido, punido ou combatido na pessoa do pecador, não em
si mesmo, abstratamente. Discursar genericamente contra o pecado, sem
nada fazer com o agente que o pratica, é transformar a moral numa
questão de mera teoria, sem alcance prático”.
Olavo
de Carvalho critica com base em dados científicos os que o
criticam por combater os gayzistas,
abortistas
e feministas
e outras deturpações sociais que se tornam cada vez mais em
políticas ou rebanhos e pretendem transformar o homem naquilo que
eles próprios dizem e proclamam que são. O escritor declara a falta
de caráter deles e dos religiosos de diversos credos que os apoiam,
qualificando-os de maus leitores da Bíblia. “É
possível reprimir o pecado sem magoar o pecador”?
Deus é misericordioso, diz o Papa Francisco, mas também é
justo: quem faz paga. Por outro lado, finalmente, o escritor Olavo
de Carvalho explica: “Homossexualismo
é uma coisa, movimento gay é outra. O primeiro é um pecado da
carne, o segundo é o acinte organizado, politicamente armado, feroz
e sistemático, à dignidade da Igreja e do próprio Deus”.
Sim,
ia esquecendo: -
Foi
o próprio Papa Francisco, perguntado se condenava “os
gays” e
ele respondeu que não era Deus, não foi ele quem os fez assim. Nem
os outros pecados: adultério, mentiras, roubos, assassinatos etc.
Sim, condena o próprio pecado, mas não o pecador. Todos os pecados
para a Igreja são perdoáveis, desde que o pecador reconheça e
confesse à sua própria consciência e, moto
contínuo,
a Deus.
Logo,
nem a bondade dos bons é infinita, nem a maldade dos maus também o
é. Os maus podem arrepender-se, reeducar-se. Pena de morte, Deus nos
livre. O que importa é o caráter, a consciência e o encontro com o
infinito, que é Deus. O resto é balela.
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Francisco Miguel de Moura, escritor brasileiro, membro da Academia Piauiense de Letras -APL
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