Escritor
Seria um bom título popular para uma crônica, se não fosse uma
mentira, se avaliado cientificamente. Não confiemos muito nos ditos
populares, eles precisam de interpretação e, às vezes, têm vários
sentidos.
Um dia, faz algum tempo,
conversando com meu amigo Deusdeth Nunes (Garrincha), quando falei
que “todos são iguais perante a lei”, segundo nossa Constituição
vigente, ele logo replicou, contrapondo:
- Aí é onde começa a
desigualdade.
Os humoristas tiram lições
da coisas verdadeiras, para fazer gracinha e trocadilhos, mas eles
têm uma sabedoria filosófica que nem imaginamos.
Acontece o seguinte, não há
nenhuma pessoa humana igual. Assim Deus nos criou, assim são as
coisas que fazemos. Peço para prestarmos bem atenção ao modo como
uma pessoa em casa arruma as coisas e vem outra da mesma família e
muda, pode ser um filha ou marido. A empregada quando arruma tudo do
mesmo jeito que a patroa manda, é por falta de liberdade, mesmo
assim de vez em quando falha.
Dessas pequenas coisas nascem
as grandes.
Mas mudando um pouco ou mesmo
sem mudar, nunca deixo de exemplificar os regimes sociais de governo
e produção: comunismo, capitalismo, socialismo. Há outros? Há as
nações governadas pelas infames formas de opressão: as ditaduras.
Diga-se
de passagem que o comunismo aboliu todos os partidos e criou o
Partido Comunista, que manda no governo e no povo, na produção e
falta de produção. No regime comunista todos são funcionários do
mesmo patrão, o governo, que representa o Partido. E ai! de quem
desobedece o Partido e as ordens dos maiorais do Partido. Isto é
DITADURA ou não é? Vai terminar nos calabouços, escondidos, onde
os jornalista e a imprensa de modo geral não tem permissão para
entrar. Mas dizem e contradizem: É uma UMA DITADURA DO POVO. Que
povo?
E voltamos à questão
inicial: nos regimes comunistas todos são iguais perante a Ditadura.
E cada um com sua liberdade de viver, criar, trabalha ou simplesmente
ser malandro, onde fica? O povo traduz-se, em qualquer parte do
mundo, pelo diversificação das pessoas, nunca pelo seu simples
ajuntamento.
Diz
sabiamente o filósofo Olavo de Carvalho que “o
comunismo é apenas uma construção hipotética destituída de
materialidade, um nome sem coisa nenhuma dentro, um formalismo
universal abstrato que não escapa ileso à navalha
de Ockham,
frade cientista inglês William Ockham (1288-1347). Não existiu nem
existirá jamais uma economia comunista, é apenas uma economia
capitalista camuflada ou pervertida, boa somente para sustentar uma
gangue de sanguessugas politicamente lindinhos”.
Se pensarmos nos regimes da
China e da Rússia, o que são: simplesmente tem governos de Partido
único, mas com a economia é capitalista. No frigir do ovos são
ditaduras. Deixemos os nanicos Cuba e Coreia do Norte, porque, além
de não possuírem a densidade de grandes economias, estão patinando
na mentira dos que criam a doutrina materialmente falsa, embora que
idealmente (se pudesse existir). Seria como se transportassem o céu
para a terra.
Quanto
ao socialismo é o mesmo, o filósofo Osvaldo de Carvalho disse que
é um nome falso do comunismo para encobrir ditaduras nos países
pobres e enganar o povo.
O
único regime político que existe, e é “do
povo, pelo povo e para o povo”,
chama-se democracia. Ela resiste desde os gregos e, em alguns países,
tem se aperfeiçoado, criando a fórmula parlamentarista. Neste
particular, cite-se a Inglaterra, a França e a Alemanha como os
primeiros e mais aperfeiçoados. Nesses países há liberdades
especificadas em leis, assim como a fiscalização do cumprimento de
tais leis. E essas leis são feitas para o povo, em sua liberdade de
ir e vir, falar e calar, onde a defesa da vida e da economia são
tratadas com cuidado e ciência. Nesses países há povo, aqui
(Brasil) somos um arremedo disto. Errou D. Pedro II, quando disse:
“Grande
povo, grande povo!”
Voltando
ao social não político, é costume dizer-se hoje que os namorados,
os casais que mais se parecem física e psicologicamente se dão bem
no casamento. Não há nenhuma estatística nem comprovação disto.
Da mesmo forma eu poderia dizer que os que menos são iguais têm
maior possibilidade de um casamento duradouro. Mas nada disto está
provado. Provado está que não ninguém é igual, justamente por
isto é que somos chamados de indivíduos e depois de educados,
pessoas. As pessoas aprendem a conviver em sociedade, os indivíduos
são sempre desajustados e se dão ao crime e a outras coisas não
aceitas pela maioria.
“Cada
qual com seu igual”
é coisa para as espécies. A espécie homem com a espécie homem; a
espécie lobo com a espécie lobo. E mesmo assim conta-se como
verdade a história das crianças criadas por lobas e, assim,
andavam de quatro e não sabiam falar.
Cada qual com seu igual é
uma das frases que não levarão a erros, quando tomadas como verdade
absoluta.
E por falar em “absoluta”:
Será que existem verdades absolutas?
Para
o poeta Manuel Bandeira, que escreveu:
“A vida é um milagre / Bendita a morte, que é o fim de todos os
milagres”,
então seria a morte a verdade absoluta. Bem, os poetas dizem coisas
que até Deus duvida. Mas eu, que também sou poeta, e hoje não
estou poetando, acredito que Deus é o absoluto. Porém, querido
leitor, esta seria matéria para outro e outros artigos, que não sei
se vou ter condições de desenvolver. Mas o assunto e o problema
estão postos para a capacidade dos filósofos. Aguardemos. Talvez o
Papa Francisco já tenha versado sobre isto, que infelizmente não
ouvi nem li. Li muitas outras coisas importantíssimas de suas
pregações. Minha dica é que nele vamos encontrar a solução do
assunto proposto, pois melhor sábio não há na terra, nos dias de
hoje.
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Francisco Miguel de Moura, escritor brasileiro, membro da Academia Piauiense de Letras, mora em Teresina - PI ( "A Cidade Verde" - apelidada pelo escritor Coelho Neto, quando nos visitou.
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