Sim,
certamente, o amor é doce no princípio. Mas depois de algum tempo
pode ficar azedo e até amargo como qualquer prato. E amor, no
sentido em que nossa sociedade toma hoje é uma comida, uma saída,
um jantar e talvez até um motel. É triste para quem vem como eu de
um tempo em que o namoro era tão diferente que até pegar na mão do
outro não era fácil, era como um compromisso. Abraçar, beijar, não
se pensasse nisto. A vitória era quando o rapaz recebia a resposta
da moça de que aceitava namorar com ele.
Naquela
forma o amor era mais bem conservado, ao invés de comida era uma
joia de alto valor, ouro de lei, não mareava. Salvo em casos muito
especiais. A santa lei de Deus era cumprida rigorosamente. Se algum
dos dois desconfiasse disto, começavam os ciúmes, os
arrependimentos, a novas juras, e tudo continuava como antes. Filhos
nascendo, filhos crescendo,filhos sendo educados.
Mas
para que falar assim na semana dos namorados – o dia é o 12 de
junho. O dia, a noite, tudo. Porque logo que amanhece já estamos em
13 de junho, dia de Santo Antônio, o santo casamenteiro.
Julgo
que neste momento de tanta aflição no mundo,quando os pais não dão
bolas para os filhos, deixando-os à mercê de empregadas ou
parentes, que não têm condição de mandá-los às escolas, de
ajudar a fazer as lições de casa, de ensinar aquelas primeira
maneiras que só se aprendem quando se é muito jovem, criança,
digamos. Sem esticar muito o que já sabemos, isto é o casal normal.
E quanto de ruim não pode acontecer com os filhos dos casais
separados, por isto ou por aquilo, e os filhos ficam esbandalhados
pelas casas de um, de outro, que por sua vez já têm outro par… E
por aí.
Falar
sobre uma pessoa ou mesmo algumas, dentro do seu “habitat”,
que é o que o fazem os romancistas, por mais difícil que seja,
jamais se pode comparar isto, se queremos observar o amor dentro da
sociedade civilizada, muito especialmente a de hoje. Mais à frente
vamos tentar mostrar, com o auxílio de quem já estudou e estuda
isto e dizer algumas coisas que possam servir de baliza.
A
sociedade moderna desviou-se para caminhos nunca trilhados e a
anarquia está pronta. Não só pelos pais desnaturados, pelos filhos
normais, adotados, readotados e pelos educados por empregadas, ou não
educados por ninguém, por isto buscam as ruas e os companheiros,
sempre os piores, porque seguir o mal é o caminho mais fácil: as
drogas, o maior exemplo, e daí sabe Deus onde vão parar ou como vão
deixar a sociedade.
Depois
vêm as leis e as escolas governamentais querendo ou tentando
remendar o passado sem sequer conhecê-lo em ciência ou tradição.
Vejamos algumas estúpidas regras da sociedade revolucionária que
vivemos:
a)
Menor não pode trabalhar.
b)
Menor pode matar, estuprar, roubar, fazer bandalheiras como tocar
fogo em lugares públicos, ônibus, pessoas inocentes, etc.
c)
Menor tem vontade própria, pode denunciar o pai ou a mãe e
mandá-los para a cadeia, ou pior, matá-los, roubá-los e ficarem
soltos ou em casas de recuperação.
d)
As pessoas têm o direito de levar o que encontram, para si, mesmo
sabendo que aquele objeto – inclusive dinheiro – não lhe
pertence. Aqui pergunta-se: onde nasce a corrupção? Entre os
políticos, entre eles, ou ser brasileiro é ser corrupto?
e)
As pessoas (especialmente os pobres, pretos, mulatos e assemelhados
podem a passar à frente dos que têm melhor nota na escola, entrarem
para a universidade pública, etc.), como se as demais tivessem culpa
da pele que têm ou da renda que não conseguiram seus pais por causa
do desemprego. Isto não dá cidadania a ninguém, isto é dar
esmolas, o que, se não é pecado, é deprimente para quem recebe.
Concordo que os doentes, deficientes de qualquer natureza tenham todo
o direito de gratuidade em tudo. Mas não posso concordar que não se
possa chamar de “garoto” ou “moreno”, a um vadio que vem nos
assaltar. E nestes casos, nós, os cidadãos, trabalhadores sofridos,
que pagam impostos e tudo mais, podem ir para a cadeia pelo simples
fato de ter “preconceito” e atingir alguém assim.
Falamos
de amor no início da crônica e a ele voltaremos. Antes, porém,
preciso dizer que a respeito de “preconceito da cor negra”, há,
desde muito tempo, um patrulhamento terrível, dirigindo-se aos que
escrevem: - Um amigo me pediu que substituísse a palavra “negra”,
por outra. Justo porque tenho um soneto sobre a morte, está no meu
primeiro livro, “Areias” (1966), cuja primeira
estrofe é esta:
“Eis a negra batendo à minha porta.. .
Saí pensando que o Correio fosse.
- Passa-me, por favor, teu
passaporte,
Vamos partir… Já chega de matéria”.
Ridículo
(achei). Também quando um professor, falando do palco de uma
Academia, pronunciou algumas vezes a palavra “esclarecer”
e se deu conta de que era uma palavra que tinha um sentido
“preconceituoso”, contra a negritude e recomendou que fosse
evitada. Continuando sua palestra, isto já lá para o fim, quis
recordar alguma coisa e disse assim: “Ih! Agora
me deu um branco!”. Isto
também não seria um preconceito contra aqueles que não são da sua
raça? Pensei em argumentar, mas como ele era muito teimoso,
professor e convidado, preferi calar-me. Não agora. Não vou nomear
qual Academia, qual professor, nem a cidade onde estávamos. Por
obrigação, explico: Estávamos num Congresso Literário, com a
assistência de uma grande plateia.
Sim,
repito: - O amor é doce do princípio ao fim, desde que as pessoas
envolvidas, sejam casais consensuais. Também nós, convívio
social, tenhamos caráter, observemos os costumes (principalmente os
do passado), observemos também a ética e as leis, mas protestemos
contra estas, se são imorais, capciosas, feitas por legislador
incompetente e sem caráter. Por que lei é para o povo, para a
sociedade. Não há lei individual. Acredito também no amor à
pátria, a terra onde nascemos e vivemos, acredito na humanidade
enquanto humanidade, aquela criada por Deus, para uma vida como
irmãos, num jardim chamado Éden, que não é nada mais do que nosso
planeta Terra tão maltratada.
Do
dito, fica claro que a FAMÍLIA sempre foi e é a base da sociedade.
E a base está rachada. A nova civilização está num dos seus
piores estágios. O Éden que Deus preparou para o homem, depois da
torre de Babel, está sendo totalmente destruído.
(Este artigo-crônica foi publicado no jornal "O Dia", de Teresina, PI, em 24 e 25 de junho de 2017)
(Este artigo-crônica foi publicado no jornal "O Dia", de Teresina, PI, em 24 e 25 de junho de 2017)
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Francisco Miguel de Moura, escritor brasileiro, membro da Academia de Letras do Piauí,Teresina-PI;
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