Entramos no ano 2017, da era
Cristã. Ano Novo? Ou ilusão?
Do
tempo julgamos saber muito, pelo menos do tempo em que vivemos entre
o nascimento e a morte. E o antes? E o depois? Do passado, somente
através da história. E do futuro pelas premonições, profecias,
etc. Aliás tem um ditado que proclama que “o
futuro a Deus pertence”. Eu
digo, sem nenhuma intenção de fazer trocadilho:
“Se
soubéssemos do nosso futuro, então o futuro não teria futuro
nenhum”.
Do tempo em que vivemos é
que deveríamos saber mais. Mas como, se a maioria da população,
do mundo não sabe nada, ou quase nada? Quando você nasceu? Meus
pais me disseram e me registraram como sendo em tal data, mês e ano.
E eis que chega alguém e pergunta, de chofre, a você: quantos são
hoje, qual o mês, qual o ano? Normalmente olha-se no calendário,
para ter certeza. E quem fez o relógio? E o calendário? Por que foi
feito? Para que o homem não se perdesse no tempo, que para a vida de
cada um é limitado, e assim pudesse realizar alguma coisa.
Observando o sol, a lua, as estrelas, daí nasceram todas as
marcações do tempo que julgamos conhecer, pois há o tempo
psicológico, o tempo interno da alma humano, do ego – este muito
mais difícil de medir (impossível até), de perceber, de dominar.
Na minha filosofia de poeta,
o homem (e a mulher também, é claro) é aquilo que faz. Se nada faz
não é nada, se não faz nada não tem nada, não tem história pra
contar, perde-se no tempo. É isto ou estou falando besteira?
Neste caso, os maiores
homens seriam os poetas porque “poesia”, na sua origem grega,
significa fazimento, ação criação. Ou seja, o homem primeiro fez
sua casa, sua poesia, seja a caverna de ontem, seja o palácio de
hoje. Nós humanos fizemos, no tempo, a língua, as línguas. O poeta
usa a língua para fazer poesia. Os homens, em geral, usam a língua
para se comunicarem e, assim, vencer a solidão e agarrar o seu
tempo, entretendo-se, trabalhando ou pensando. O pensamento sem a
palavra física (ouvida, falada, escrita) certamente fica limitado,
por mais que os outros órgãos do sentido ajudem.
Entretanto, o homem ganhou
consciência do tempo, após o fim do crescimento do cérebro e,
através da linguagem e vivência, aprendeu que seu tempo é
limitado. Vem a morte, é preciso fazer alguma coisa e deixar aos
outros sua memória. Toda a civilização cresceu assim, fez-se dessa
forma, em atos comezinhos para nós, hoje.
A marcação do que foi feito
sobre o movimento dos astros é prática necessária. Resta saber do
tempo da terra, dos planetas, do universo. Lá pelos confins o tempo
se acaba, os planetas morrem e começa a eternidade. Como, sem o
tempo?
A eternidade é o tempo sem
fim. Será mais do que isto?
Aí vem
as religiões. E proclamam que há eternidade, quando o homem falece.
Mas, se os planetas, as estrelas, o universo se consomem e quando se
consomem, para onde vamos nós? Ou a lei de Lavoisier está correta:
“Na
natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. O
universo é só natureza ou é mais do que isto?
Se tudo se transforma, então
o tempo se transforma, porque ele nada mais é do que a relação
entre a matéria e o movimento. Então, a realidade existente se
encerra em duas coisas: matéria e movimento. O tempo comum é ficção
do cérebro humano, os cientistas sabem disto. Aliás, numa frase
irônica, o sábio Albert Einstein, cientista que descobriu a lei da
relatividade, encarregou-se de matar a eternidade. A frase é a
seguinte:
“Somente duas coisas são
infinitas: o universo e a estupidez humana. E não estou seguro
quanto à primeira”.
Bem, creio nem devíamos mais
seguir buscando o que é a eternidade, de Einstein. Mas, como sou
estúpido, penso que a eternidade se resumo no tempo que gastamos,
que também é velocidade, também é nossa relação com nosso corpo
e todo o universo, que por sua vez não é eterno. Socialmente, o
tempo são as nossas relações com os outros, todos diferentes de
nós. Fazemos rotação em torno deles, mas não os invadimos –
e quando invadimos é pecado, é crime.
Agora, meu leitor me acorda e
cita Dostoiévski: “Deus
existe, porque, se ele não existisse tudo seria permitido”.
A
eternidade está em Deus, aquele Deus que não conhecemos porque
“somos uma parte infinitamente pequena dele, e a parte jamais
conhecerá o todo”.
Aqui tento concordar com outro filósofo: Spinoza, - se não me
engano, pelo pensamento central de sua obra filosófica.
De forma que o saber vem a
ser a acumulação dos conhecimentos da história, do passado no
presente, e a eternidade – se é que ela existe mesmo – está
onde não estamos e nem sabemos onde ela fica. Se é noutro universo,
precisamos descobrir. A ciência não cessa de procurar, mas essa
descoberta não vai ser para a gente saber tão cedo, nesta vida.
E há outras vidas? Ou apenas
esta? Se somos carne (matéria) e (espírito), para onde vai este
último, depois da morte que, como acreditamos, é a separação dos
dois?
Não acredito que meus
leitores tenham ficado satisfeitos com minha peroração filosófica.
Mas, afinal, foi o que pude trazer. Espero continuar estudando o
assunto, conhecendo mais, acreditando um pouco e duvidando outro
tanto. Também receber as sugestões.
Será
que os termos de que tratamos aqui são todos ficção e somente a
vida é o que existe? A vida animal? A vida vegetal? E a vida
mineral?
E a
vida espiritual?
______________
* Escritor, membro da Academia Piauiense de Letras
______________
* Escritor, membro da Academia Piauiense de Letras
Nenhum comentário:
Postar um comentário