sábado, 10 de dezembro de 2016

REVOLUCIONÁRIO OU CONSERVADOR?

Francisco Miguel de Moura, 
escritor 
e membro da Academia Piauiense de Letras


Politicamente incorretos sãos os termos que inscrevo neste arquivo, ditos por pessoas que estão acostumadas a pensar apenas dialeticamente. Seria melhor que o fizessem pela dialógica. Não pelo lugar comum. Segundo Leibniz, “é grande sinal de mediocridade elogiar sempre moderadamente”.
Eu dissera em certo lugar que sou um conservador, querendo, em desabafo, que um site de minha responsabilidade na internet permanecesse sempre daquele jeito, pedindo que não propusessem outro, nem mudassem qualquer palavra do cadastro que eu havia feito. Muito bem. Eu disse ser um conservador.
Mas o que é mesmo ser conservador?
Qual é o contrário de conservador? Liberal ou revolucionário?
Ser conservador, para mim, é conservar-me íntegro, inteiro, não me deixar levar pela propagando da mídia ou outras. Sou conservador na vida, tenho 83 anos e quero ter a vida que me for permitida por Deus, o nosso Criador. Peço a ele que me deixe morrer escrevendo e lendo, além de fazendo minhas caminhadas diárias, para alegrar meu coração. Logo, preciso de minhas pernas, meus olhos, meus pés, e sobretudo de minha consciência e memória para continuar assim. Sou conservador, sim, se isto é ser conservador. Se saber aproveitar meu tempo que dizer isto.
Mas, na arte – todos sabem que sou poeta e também prosador – na arte sou revolucionário desde o meu primeiro livro, “Areias”, que neste ano de 2016 completa 50 anos de existência. Posso ser e ter sido um revolucionário na escrita e na poesia, embora escreva também sonetos. O sonete é uma forma tradicional. Isto é ser conservador? Desde Camões a Fernando Pessoa e Drummond, por exemplos, todos escreveram belíssimos sonetos revolucionários. Eu também sigo a trilha que eles abriram, para o bem dos leitores novos e velhos na idade. Poeta que nunca produziu um soneto ainda não se matriculou na arte da poesia perfeitamente. Soneto é uma arte difícil. Os novos, alguns, não conseguem. Depois ficam falando que é velharia. Perguntem aos grandes poetas e eles dirão: Você já escreveu um soneto? Não? Então volte, vá aprender a ser moderno, revolucionário e ao mesmo tempo conservador.
Na arte é assim.
Na vida não muda muito. Conservador é quem vive sempre do lado do governo? Ou aquele que vota com consciência e sabedoria, mantém-se sempre vigilante contra os males do mundo, males que são chamados propriamente de falta de moral, ética e consciência do bem e do mal. Revolucionário é quem vive fazendo baderna, não respeita o próximo, não estuda, faz trapaça, rouba, mata, mente e escapa da cadeia?
Mas é bom não generalizar. Esse é o mal. O bom poeta não é apenas porque diz que é conservador do que é melhor, embora faça poemas curtos, longos, livres, etc. Sobre temas os mais variados, alcançando a alma dos leitores e críticos.
Não é um sindicato ou uma revolução que faz um poeta revolucionário. O poeta nasce, o poeta revolucionário ou conservador nasce e ambos coexistem. A crítica e a história são quem os levará para a glória da vã eternidade terrena. Prêmio Nobel ou não, os bons são bons, os ruins serão sempre ruins.
Esclarecendo mais um pouco sobre o tema revolucionário X conservador, direi que os moços, poetas ou não, sempre são românticos – não em essência, mas pela idade. Os velhos, como eu, são conservadores, não em essência, mas pela idade. A arte é outra coisa: trabalho e persistência, mesmo sabendo que não vão ganhar nada. Trabalham para reformar-se e reformar o mundo à sua compreensão.
Enfim, é grande tolice xingar fulano de conservador e elogiar beltrano de revolucionário, termos tão imbecis que são usados na política. E a política, nós sabemos, como é volúvel! E em muitos países, inclusive no nosso Brasil.
Houve tempos em que ser comunista era bonito, era o máximo. Os jovens brasileiros que foram comunistas hoje se dizem socialistas, revolucionários. Há quanto tempo o comunismo acabou porque não deu certo? Há tempo existe o socialismo em diversos países, cada um a sua maneira, dando certo em apenas aqueles que usam as nomas e princípios democráticos.
Quem pensa não se serve da idiotice das palavras tão comuns e tão mal ditas e mal interpretadas se contrapostas, como CONSERVADOR x REVOLUCIONÁRIO, entre tantas outras politicamente incorretas e conscientemente ilógicas ou mesmo balofas tipo “isopor”. Completamente foras de lugar.
É UM GRANDE SINAL DE MEDIOCRIDADE CONDENAR ALGUÉM QUE TANTO FEZ DE HUMANO E CONSCIENTE, COM APENAS UMA PALAVRA ISOLADA. Eis o meu pensamento, por outras palavras endossando o do filósofo Leibniz, ao nosso mundo de hoje, benditamente tão plural.








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