e membro da Academia Piauiense
de Letras
Politicamente
incorretos sãos os termos que inscrevo neste arquivo, ditos por
pessoas que estão acostumadas a pensar apenas dialeticamente. Seria
melhor que o fizessem pela dialógica. Não pelo lugar comum. Segundo
Leibniz, “é
grande sinal de mediocridade elogiar sempre moderadamente”.
Eu dissera em certo lugar que sou um conservador, querendo, em
desabafo, que um site de minha responsabilidade na internet
permanecesse sempre daquele jeito, pedindo que não propusessem
outro, nem mudassem qualquer palavra do cadastro que eu havia feito.
Muito bem. Eu disse ser um conservador.
Mas o que é mesmo ser conservador?
Qual é o contrário de conservador? Liberal ou revolucionário?
Ser
conservador, para mim, é conservar-me íntegro, inteiro, não me
deixar levar pela propagando da mídia ou outras. Sou conservador na
vida, tenho 83 anos e quero ter a vida que me for permitida por Deus,
o nosso Criador. Peço a ele que me deixe morrer escrevendo e lendo,
além de fazendo minhas caminhadas diárias, para alegrar meu
coração. Logo, preciso de minhas pernas, meus olhos, meus pés, e
sobretudo de minha consciência e memória para continuar assim. Sou
conservador, sim, se isto é ser conservador. Se saber aproveitar meu
tempo que dizer isto.
Mas,
na arte – todos sabem que sou poeta e também prosador – na arte
sou revolucionário desde o meu primeiro livro, “Areias”, que
neste ano de 2016 completa 50 anos de existência. Posso ser e ter
sido um revolucionário na escrita e na poesia, embora escreva também
sonetos. O sonete é uma forma tradicional. Isto é ser conservador?
Desde Camões a Fernando Pessoa e Drummond, por exemplos, todos
escreveram belíssimos sonetos revolucionários. Eu também sigo a
trilha que eles abriram, para o bem dos leitores novos e velhos na
idade. Poeta que nunca produziu um soneto ainda não se matriculou na
arte da poesia perfeitamente. Soneto é uma arte difícil. Os novos,
alguns, não conseguem. Depois ficam falando que é velharia.
Perguntem aos grandes poetas e eles dirão: Você já escreveu um
soneto? Não? Então volte, vá aprender a ser moderno,
revolucionário e ao mesmo tempo conservador.
Na arte é assim.
Na
vida não muda muito. Conservador é quem vive sempre do lado do
governo? Ou aquele que vota com consciência e sabedoria, mantém-se
sempre vigilante contra os males do mundo, males que são chamados
propriamente de falta de moral, ética e consciência do bem e do
mal. Revolucionário é quem vive fazendo baderna, não respeita o
próximo, não estuda, faz trapaça, rouba, mata, mente e escapa da
cadeia?
Mas é bom não generalizar. Esse é o mal. O bom poeta não é
apenas porque diz que é conservador do que é melhor, embora faça
poemas curtos, longos, livres, etc. Sobre temas os mais variados,
alcançando a alma dos leitores e críticos.
Não
é um sindicato ou uma revolução que faz um poeta revolucionário.
O poeta nasce, o poeta revolucionário ou conservador nasce e ambos
coexistem. A crítica e a história são quem os levará para a
glória da vã eternidade terrena. Prêmio Nobel ou não, os bons são
bons, os ruins serão sempre ruins.
Esclarecendo
mais um pouco sobre o tema revolucionário X conservador, direi que
os moços, poetas ou não, sempre são românticos – não em
essência, mas pela idade. Os velhos, como eu, são conservadores,
não em essência, mas pela idade. A arte é outra coisa: trabalho e
persistência, mesmo sabendo que não vão ganhar nada. Trabalham
para reformar-se e reformar o mundo à sua compreensão.
Enfim,
é grande tolice xingar fulano de conservador e elogiar beltrano de
revolucionário, termos tão imbecis que são usados na política. E
a política, nós sabemos, como é volúvel! E em muitos países,
inclusive no nosso Brasil.
Houve
tempos em que ser comunista era bonito, era o máximo. Os jovens
brasileiros que foram comunistas hoje se dizem socialistas,
revolucionários. Há quanto tempo o comunismo acabou porque não deu
certo? Há tempo existe o socialismo em diversos países, cada um a
sua maneira, dando certo em apenas aqueles que usam as nomas e
princípios democráticos.
Quem
pensa não se serve da idiotice das palavras tão comuns e tão mal
ditas e mal interpretadas se contrapostas, como CONSERVADOR x
REVOLUCIONÁRIO, entre tantas outras politicamente incorretas e
conscientemente ilógicas ou mesmo balofas tipo “isopor”.
Completamente foras de lugar.
É
UM GRANDE SINAL DE MEDIOCRIDADE CONDENAR ALGUÉM QUE TANTO FEZ DE
HUMANO E CONSCIENTE, COM APENAS UMA PALAVRA ISOLADA. Eis o meu
pensamento, por outras palavras endossando o do filósofo Leibniz, ao
nosso mundo de hoje, benditamente tão plural.
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