segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

ABANDONADO

Francisco Miguel de Moura - poeta
franciscomigueldemoura.blogspot.com


Pela rua dos viralatas,
o tempo não te ganha,
ó menino sem camisa
e só um trapo que engana.

Quem és tu? Quem és?
Ou, por que não és tu?
Pé no chão, corpo sujo,
olhos fundos sem lágrima...

Seco, coração seco,
mais seco ainda o bucho,
mais seca a cor da pele
ao sol, ao frio, à chuva?

A rua onde não te perdes
foi quem te perdeu.
Nela és tu tudo. E eu?
Droga! O mundo fendeu-se.

Nós outros não te achamos
Mesmo irmãos, criaturas,
entre um pedaço de pão
seco e uma palavra dura.


2 comentários:

Arte & Emoções disse...

Olá Miguel! Passando para te cumprimentar e apreciar este teu belo e profundo poema. Tenho muita FÉ de que chegará o dia em que o homem se conscientizará de que somos todos irmãos, e priorizará o amor, a compreensão e a solidariedade para com o seu semelhante, e assim possamos ter um mundo bem melhor e mais humano.

Abraços, um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo para ti e para os teus.

Furtado.

CHIICO MIGUEL disse...

Obrigado,Furtado
Chico Miguel

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