sábado, 1 de fevereiro de 2014

Educação & Arte (Brasil x Mundo)

Francisco Miguel de Moura*

Primeiramente quero dar meus parabéns ao Piauí (e por conta, ao Brasil) pelo sucesso da revista “EDUCAÇÃO & ARTE”. Ter uma publicação tão necessária e tão valiosa, abrangendo problemas que nos afligem, não é fácil. Problemas que atingem toda a sociedade brasileira enormemente e que se tornariam bem menores com a ajuda desinteressada de cada um e a participação séria, honesta e desabusada dos governos das três esferas, temos certeza. Sei que é muito fácil a gente ficar daqui dizendo “Façam isto, façam aquilo”, como se fôssemos realmente os mandões de tudo, o dono, o proprietário, o deus de todo o Brasil. Fácil é somente para os que não querem ouvir nem ler críticas, e ainda podem ameaçar-nos com processos judiciais e outras penas que não são ditas, somente murmuradas no íntimo de cada mandante afetado: “De agora em diante você não é nosso amigo, não há outro caminho: É nosso inimigo”. Acontece que eu sou brasileiro, filho de uma nação tradicionalmente democrática, embora não tenhamos chegado ao que queremos, como almas nobres, alevantadas para o lado do bem. E tenho comigo a liberdade de pensamento e palavra. Não sou jornalista, mas apenas dou minha opinião como qualquer brasileiro, com a diferença de que eu escrevo e assino embaixo: sou opinionista. Não sou conselheiro. Muitas vezes tenho acertado, noutras nem tanto, como é comum a qualquer mortal. Mas hoje quero fazer um pequeno paralelo entre o que eu disse e assinei como opinionista e o que foi publicado como notícia jornalística, na revista “Educação e Arte”, n° 5, editada em 2013, por uma seleção de gente competente como Nelson Nery Costa e Kleber Mourão, entre outros (aos quais peço desculpa por não poder citá-los por falta de espaço).

Neste segundo passo, quero fazer uma comparação entre duas matérias da revista em foco: a primeira, meu artigo “A educação é o maior bem de um país” (pg.5 e ss.) e a segunda, o informe jornalístico “Educação da Finlândia...”, cuja fonte é a própria Embaixada da Finlândia, como está dito ao final, pág. 23. Penso que os interessados em Educação e Cultura leram as duas matérias. Assim, não terei que me copiar nada para fazer o paralelo com o ensino e a educação no país nórdico. Então vamos por partes: Nos “rankings” da Educação, segundo dados da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a matéria esclarece que nas últimas 4 avaliações a Finlândia ficou entre os primeiros lugares.  E o Brasil? Nós obtivemos a 53ª posição entre os 65 países que participaram da “enquete” avaliativa.  O mesmo informe diz que o Brasil tem voltado os olhos para lá, em busca de “desvendar o segredo”, se é que existe segredo, no sucesso da educação finlandesa. Mas parece que os profissionais brasileiros que foram lá observar não entenderam nada. Ou o(s) governo(s) daqui não entenderam aqueles profissionais? A última hipótese é a correta e denota a cegueira e a surdez do nosso poder público.

Meu artigo é de crítica porque, pelo que escrevi, sabe-se que não alcançamos a universalidade do ensino desejada, especialmente no que se refere ao grau de humanidades como eram chamados outrora os primeiro e segundo graus do currículo educacional. E não alcançamos no 3º grau também (universitário), não obstante a edição de leis e mais leis, algumas de exceção, outras de claro preconceito. A Finlândia já alcançou, pelo menos nos dois primeiros graus. Digo assim porque na Finlândia não dão mais destaque à tecnologia do que ao investimento humano. É nessa direção que a educação vai: igualitária e totalmente gratuita, colocando enfoque no professor (naturalmente bem formado e bem pago), colocando-o como definidor de metas e de formas de ensino. Outro ponto é a liberdade que as escolas têm de criar seus próprios métodos, de acordo com as necessidades locais. Que contraste com a nossa, totalitariamente dirigida por Brasília e direcionada a São Paulo/Rio como únicos produtores/consumidores de obras de literatura, ciências, arte e educação!

Lá, no modelo, o país nórdico, não há investimentos sem critério e controle, especialmente para a educação e a cultura. Jamais pensam em investir valores que não cheguem nem à escola e muito menos ao professor e ao aluno. Coisas simples e formais que aqui são valorizadas absurdamente, como a quantidade de horas necessárias (?), lá o que pesa é a qualidade do aproveitamento na própria sala de aula, sem necessidade, é claro, de deixar tarefas para casa. O respeito e o carinho com os alunos que têm dificuldades especiais também são levados a sério, tal como as aptidões de cada aluno, gerando um clima realmente educativo, cultural e artístico no sistema.

No final do meu artigo mencionado na revista “Educação & Arte”, eu prometi apresentar posteriormente um programa que realmente leve o Brasil a sair deste fosso em que as nossas crianças e jovens foram jogados e para onde os dirigentes do país pensam levar os que ainda não estão lá, como forma de fazer política pela quantidade. Meu programa realmente bate com esse da Finlândia, daí porque, com este artigo, me sinto desobrigado dele. Não obstante as visitas e estudos de autoridades e técnicos à Finlândia, sinceramente creio que os nossos governantes estão mais de olho nos sistemas educacionais de Cuba e Venezuela do que nos da Europa.

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*Francisco Miguel de Moura - Escritor, membro da Academia Piauiense de Letras e da IWA (International Writers and Artists International), Toledo, Ohio, Estados Unidos.

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