domingo, 16 de junho de 2013

NEM MORAL, NEM IMORAL: REALISTA

Francisco Miguel de Moura*

             Não sou nem moralista nem imoralista, “eu sou normal”, como diria um dos personagens da “Escolinha do Professor Raimundo” (Chico Anísio).  Mas lendo a revista “O DIREITO HOJE”, nº IX, deste ano, que considero uma das melhores do nosso estado, em termo de cultura e arte, topo com o artigo “FAMÍLIAS PARALELAS: O POLIAMORISMO”, da Dra. Iabela Paranaguá, que mexeu com a minha curiosidade pelo absurdo da ideia. Depois de referir ao casamento estável entre homem e mulher e à união entre homossexuais, valendo para os dois o dever de fidelidade, refere-se a “um novo padrão familiar que tem provocado questionamentos não só entre os cidadãos brasileiros comuns, mas, sobretudo entre os profissionais da área do Direito de Família”. Referimo-nos às contradições do seu artigo. Logo abaixo afirma: “Para a maioria da população esse ‘novo’ modelo é contrário às normas sociais, legais e morais aceitáveis”. Não contente, acrescenta: “Apesar de minha opinião pessoal ir de encontro com(?) o princípio jurídico da monogamia e o dever de fidelidade, respeito a individualidade dos relacionamentos e autonomia de suas escolhas”.

       Contradição por cima de contradição. É como se tivesse medo de defender o que chama de ‘poliamorismo’, valorizando os princípios eudemônicos, baseados na chamada geração fast food, que gerou a do fast love, nos setores contaminados pelo consumismo de massa da nossa época e valorizador apenas da quantidade em detrimento da qualidade. Será que essas uniões múltiplas (vários homens convivendo sexualmente com várias mulheres ou vice-versa) constituir-se-ão mesmo por amor, afeto, ou apenas satisfazem os princípios da eudemonia?

         A todos os seus argumentos, contraponho o passado do homem, a história. Através de regras baseadas na vivência dos povos, nas regras advindas também das religiões e nos mandatos do estado embrionário - antes de chegarmos à democracia que os gregos criaram – nossa civilização lutou (são mais de dez mil anos}, para que se firmasse uma família humana composta por homem e mulher, acabando com a desordem inicial, da poliandria, da poligamia, do homossexualismo e do incesto, entre outras degenerescências sexuais (ou “os retrocessos sociais” como classificou o Cardeal Bergoglio, hoje o Papa Francisco). Segundo entrevista (Veja, 29-5-2013) do rabino Abraham Skorka, resumindo colóquios que manteve com o atual Papa Francisco, que serviriam de base ao livro “Sobre o Céu e a Terra” (ambos citam Freud e Levi-Strauss), o sexo deve ser submetido a regras, e assim tem sido: “Aprende-se que por meio das barreiras que freiam nossos impulsos é que o homem pôde formar uma cultura humanizada. No momento em que alguém mexe na essência dessas regras, passa-se a corroer as bases, as proibições e as barreiras graças às quais foi possível formar o que conhecemos como cultura humana”.
           Daí, vêm os liberalistas dizer-me o que há de mais sabido: que a palavra e o sexo, tal como outros atos do homem devem ser livres como nascemos e morremos (ou deveríamos morrer). Podemos ser iguais em sociedade, mas individualmente somos todos desiguais. Liberdade e direitos humanos são palavras muito amplas, se não considerar-se que a liberdade vem socialmente acompanhada de responsabilidades para consigo e com os outros. Há que considerar também que direitos humanos só existem realmente se houver deveres humanos.
       Assim, nem precisamos ser “moralistas” nem “imoralistas”. Precisamos ter responsabilidade e respeito para com os que hoje  formam a sociedade e a cultura humana, com a mesma responsabilidade e respeito que devem ser tratados o passado e o futuro antropológico civilizatório. Reconhecer, por exemplo, que todos têm o direito de escolher o modo de vida com relação ao sexo, é bom e democrático; mas não é necessário, urgente nem grandioso legalizar as formas estranhas ainda não entranhadas na consciência moral e ética do povo. Deus disse, através de Moisés: “Não desejeis a mulher do próximo.” Também, não é nada bom confundir minorias com maiorias e vice-versa. A sociedade é um tecido que poucos compreendem, embora nela se formem. Sem desdouro nenhum, maiorias e minorias têm os mesmos direitos e deveres perante a lei, a nossa Constituição. Agora, quem legaliza o erro, aquilo que repugna a maioria da sociedade, quer “botar o caro na frente dos bois”, como os nossos dirigentes tentaram fazer com a nossa LÍNGUA, “que é a nossa pátria” , no dizer sábio do poeta, apenas porque os suburbanos e os que moram no interior, longe das cidades e povoados, falam o seu falar matuto. Esses “educadores” cometem uma idiotice intelectual. Sabem o que eles “os intelectuais” do Governo deviam fazer?
          a) Fornecer educação integral para todos, em escolas públicas de qualidade, do campo e das cidades, com professores competentes.
             b) Cuidar da saúde para todos, hospitais conveniados ou não, sem distinção entre uns e outros, entre pobres e ricos ou abastados. Apenas legalizando o aborto, a eutanásia, as psicopatias graves, etc. só porque dão voto, não se chega à vida saudável que o homem merece.
        c) Importante ainda é a segurança para as famílias, os trabalhadores, os jovens que estão freqüentando escolas, enfim para toda a comunidade. Não é legalizando drogas que se chega à paz desejável.

             A vida de um não-drogado vale da mesma forma que vale a do que é viciado ou combate o vício: - O imperioso valor da vida. Liberdade não é libertinagem. “Cada um comerá com o suor do seu rosto” e “cada homem tem direito à sua roça, à sua casa”, como tem direito a sua mulher. Está na Bíblia, um dos livros mais antigos da nossa civilização.
                         
                                       Publicado no Jornal “O DIA”, de 15/6/2013
________________________
Francisco Miguel de Moura é escritor, membro da Academia Piauiense de Letras e da IWA - Intenational Writers and Artists Association, Estados Unidos.

                                        

2 comentários:

Nádia Santos disse...

Crônica maravilhosa, concordo plenamente com suas colocações. O que vemos agora é a distorção dos valores morais e éticos, sinceramente não sei onde tudo isso vais parar... é rezar para que o povo mais consciente acorde os alienados. Um grande abraço poeta, prazer em ler-te.

=> Gritos da alma
=> Meus contos
=> Só quadras

CHIICO MIGUEL disse...

Meu querido poeta Chico Miguel:
O sol hoje brilhou mais intenso, os pássaros cantaram mais alegres porque 16 de junho é uma data muito especial. Hoje nasceu um grande poeta, um homem sensível que emociona a sociedade do seu tempo e deixará para a humanidade futura um grande legado, uma lição de vida.
Feliz aniversário, parabéns hoje e sempre e que esta data seja comemorada com alegria por muitos e muitos anos. Que Deus lhe proteja e que Nossa Senhora da Conceição lhe cubra com seu manto de glória.
Muita paz, saúde e felicidades sempre.
Muitos beijos e abraços de sua amiga, admiradora e fã nº 1:

Deolinda Marques
Professora, escritora, amiga.
Comentário feito por e-mail, copiado aqui. F.M. M.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...