sábado, 8 de setembro de 2012

MINAS - MAR - AMAR

*Francisco Miguel de Moura
        
 MINAS - MAR - AMAR
«escrito nas ondas
        a palavra encanto»
                         cda



1.
minas desdobrou-se
no minério serronte(traduzir: serra/
monte) e nas matas de el-rei.
drummond carlos de andrade todo ferro
de itabira (por uma rua que dá no
mundo).
morros saem cantando torto - catando
             mineiro pau
             maneiro pau
mineiro cobre/descobre mistérios
da língua e da vida
íntima das almas e corpos presentes
              um por um.
as intenções secretas/concretas
não são acontecimentos, nem surpresas:
- são pedras.
e no meio do mar-oceano
mistérios navegam (mais que minas)
outras pedras tropeços caminhos.
e a saudade que tem todo mineiro
descoberto.


2.
saudade daquele mar, nada.
como? o outro não sai andando.
se não ter é não contar
o gozo do inexistente é ir contando.
meus versos são pelo amigo durão
drummond de andrade
cantor primeiro do seu mar de ferro
itabirano interior
mar
e de tudo mais que flui
        imponderável.
de minas-brasil
saudade é uma coisa que não passa
        cansa
e toma a forma de uma concha
como a água.


e a saudade cda não anda de trem
que não vem.
ironia viva
não história nem memória
anjo-flor-do-céu, cai-balão
na dor danada de multidão sem hora
- espera
de pensamento sem relógio
ou grito gauche fora.


3.
poeta: minas formosa, montanhas
    que me trouxeste?
montanhas:
    remando remando lavramos
    levamos
    alphonsus guimaraes a
            guarapari
    emílio moura a perguntar
    guimarães rosa ao ser/tão/mar.
    todos os campos, não.
    remando com bons olhos,  alto
                   pensar

poeta:  remando remando
    neste mar de serras
    neste mar de astúcias
    neste mar de música
    neste mar de chamas
    vamos chegar vamos chegar

montanhas:
    não esqueceremos o queijo-minas
    cheiro de minas.
    para  cda o mar carioca
    mais o bonde mais a esperança
    (com o sentimento do mundo
    em duas mãos maduras).
    bem no fundo do fundo
    mar, amar
    ipanemando
    brasileirando, carlos

    minas, eis teu mar.
***************************
*Fancisco Miguel de Moura, poeta brasileiro, fez esse poema e publicou na revista "Cirandinha"8, no ano de 1982.

2 comentários:

regina ragazzi disse...

Minas Gerais, quem te conhece não esquece jamais... Lindo poema, maravilhosa homenagem à Minas e a esse nosso grande poeta Carlos Drummond de Andrade.Adorei Chico. Grata sempre pela visita poeta. Abraços

verinha disse...

Boa tarde,poeta!

Estou muito feliz em conhecer teu trabalho.

É uma honra para mim te ler.
Abrço fraterno
vera portella

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